MARCELO UM ESTABILIZADOR
QUE SERVE PARA DESESTABILIZAR!
Começar já a criticar o Presidente da Republica que ainda
não aqueceu o lugar, pode parecer prematuro, até porque este é de facto um
presidente diferente. Digo diferente, reduzindo a amplitude da comparação, ao calino que o antecedeu.
Podia até, como se diz em linguagem futebolística, ser mais acutilante, mas o espécimen comparado, de tão “péssimo”, seria -1 ou 15 na escala ácido-base, consoante o lado pelo qual se quisesse analisar.
A sua apetência para transformar a política numa espécie de jogo de xadrez e a sua reconhecida verborreia como comentador televisivo, que pelos vistos, faz tenção de manter nas suas novas atribuições, vai certamente encurtar o estado de graça que bafeja todos os políticos em início de funções.
Inteligente como é, planeou fazer do afecto a palavra de ordem, como efeito catalisador de popularidade, absolutamente necessária para esgrimir a sua política pessoal, com a adesão incondicional do próximo e do remoto aos seus objectivos pessoais.
Na área política” onde o substrato de apoio é mais específico, adoptou a consigna “estabilidade”, porque é a que melhor soa aos ouvidos da maioria que apoia o governo.
Tenhamos em consideração, que “geringonça” saiu melhor que a encomenda e nada faz prever que não continue assim.
Rapidamente demonstrou, quer nos afectos, quer em relação à estabilidade, que ambas têm um amplo campo de manobra, que varia consoante o seu próprio entendimento, dentro da filosofia de “dar uma no cravo e outra na ferradura”, que constitui a marca de água, da sua personalidade.
No primeiro caso temos a mais que improvável recepção de uma comissão que luta contra o governo, o “Movimento Defesa da Escola Ponto”, com o falacioso argumento de que gosta de estar informado, onde o “cravo” permitiu iludir um apoio objectivo aos interesses dos dirigentes do movimento e a “ferradura”, o necessário e diplomático desmentido, inserido no comunicado da presidência da Republica, a sacudir as responsabilidades do aproveitamento feito, quando estamos seguros de que não foi tão tendencioso e longe da verdade, como o comunicado pretende fazer crer.
No segundo caso, no que se refere à estabilidade, penso ser no mínimo paradoxal debitar estabilidade política em permanência e de repente sem que nada o fizesse prever, limitar o prazo para essa estabilidade afirmando: "Desiludam-se aqueles que pensam que o Presidente da República vai dar um passo sequer para provocar instabilidade neste ciclo que vai até às autárquicas, depois logo se verá".
Como se vê, um autêntico ferrador no exercício das suas funções, sabendo que a muar está presa (por enquanto!) e livre de apanhar um coice.
Pacheco Pereira vê nesta afirmação (Quadratura do circulo) mais do que chantagear o governo, uma forma de atingir Passos Coelho, caso o resultado das autárquicas não lhe seja favorável.
Nós pensamos que é bem visto, tendo em conta o cadastro de Marcelo.
É de facto uma forma tremendamente enviesada de ajustar contas com o homem que o considerou um “catavento”, sem que seja possível acusá-lo seja do que for, muito menos de vingança, porque essa quer servi-la fria e só estará concluída quando vir Passos Coelho ser corrido da liderança do Partido e quiçá da vida política.
Mas a instabilidade que aquela inoportuna afirmação criou….é uma “ferradura” para elefante.
Como comentador encartado, opinava torrencialmente sobre tudo e sobre nada, como “mais alto magistrado da nação”, às ortigas a dignidade da função e valha o gozo de ter uma plateia de boca aberta, estupefacta, perante um exercício dinâmico multifacetado, de um exímio demagogo.
Até o professor e ensaísta Eduardo Lourenço, considera que Portugal está numa espécie de festa, desde a posse do Presidente da República.
E para não iludir as espectativas vá de “estabilizar” a situação, considerando “devastador” o efeito da decisão do governo no sentido de devolver aos trabalhadores da função pública, o direito às 35 horas de trabalho por semana.
Resta-nos esperar, para ver o que o futuro nos reserva, mas pela amostra, temos de consultar o Tarot , ou as entranhas dos frangos sagrados dos âugures, para adivinhar o tempo que aí vem!
Para não restarem dúvidas, ouvi da sua boca afirmar que é um homem de direita, La palisse não diria melhor.
Para ser mais simpático, lá foi especificando que é do centro direita. Uma forma hibrida de dizer que não é fascista.
Tomámos a devida nota mas praticamente desde o 25 de Novembro de 1975 que temos a experiência dos direitistas envergonhados, considerarem-se do centro esquerda, o que para nós quer dizer que estes ilustres cidadãos tão depressa podem aplaudir medidas a favor dos trabalhadores, como a favor dos que os exploram.
Para nós, quando se enche a boca com a esquerda e a direita, não é para marcar o ritmo de uma marcha militar.
É para definir o campo do trabalho e do capital!!!
Esquerda, é o campo dos interesses dos trabalhadores.
Direita, é o espaço do capital, da especulação ou mais generosamente, dos donos do “pilim”, que entre outras coisas paga o trabalho de quem o pratica.
Se considerarmos as formas hibridas que as relações capital/trabalho permitem, verificarão que nos extremos lá estão a “Esquerda” e a “Direita”.
Felizmente existe o Partido Comunista Português, para não deixar dúvidas sobre estas referências.
E não nos venham dizer que estamos a ser sectários!!!
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