A infâmia inenarrável
que constitui a intervenção dos norte-americanos no norte de África e Médio
Oriente, nomeadamente na Síria, ficará assinalada na história como
um dos períodos mais
negros da humanidade.
Ao acabar de ouvir
a notícia de que os norte-americanos enviaram para a Síria, 50 soldados das suas
forças especiais, a fim de apoiarem e treinarem os grupos que lutam contra o
governo de Bashar al Assad, disfarçando com o artificio da luta contra o Estado
Islâmico, não posso deixar de dar a conhecer dois textos sobre a Síria que clarificam
a essência da obscena intervenção americana.
O primeiro, com o
título “A guerra contra a Síria é por causa de Assad?”, fala de como era a
sociedade Siria, da sua superioridade organizativa e funcional sobre a maioria dos
países árabes irmãos.
O segundo, “Despovoamento
estratégico”, é um esclarecedor texto publicado no Diário.Info, sobre
informações denunciadas pelo Wikileaks de Julian Assange e que se
relacionam com as catastróficas vagas de refugiados que tentam chegar à Europa
e cuja percentagem de mortos é um verdadeiro problema de consciência para qualquer
cidadão, por mais empedernida que seja a sua mentalidade.
Como é possível a
impunidade com que os norte-americanos sacrificam milhões e milhões de seres
humanos aos seus interesses geo-estratégicos e financeiros e a Europa, que se
considera berço da civilização, estende-lhe a passadeira para petiscar nos
restos desse sórdido repasto, é uma pergunta que permanentemente me assalta ao
espirito.
A guerra contra a Síria é por causa de Assad?
Assad e a sua
família pertence ao Islão tolerante da orientação Alawid.
As mulheres sírias
têm os mesmos direitos que os homens ao estudo, à saúde e à educação.
Na Síria as
mulheres não são obrigadas a usar burca. A Chária (lei Islâmica) é
inconstitucional.
A Síria é o único
país árabe com uma constituição laica e não tolera os movimentos extremistas
islâmicos.
Cerca de 10% da
população síria pertence a alguma das muitas confissões cristãs presentes desde
sempre na vida política e social.
Noutros países
árabes a população cristã não chega a 1% devido à hostilidade sofrida.
A Síria é o único
país do Mediterrâneo que continua proprietário da sua empresa petrolífera, que
não quis privatizar.
A Síria tem uma
abertura à sociedade e cultura ocidentais como nenhum outro país árabe.
Ao longo da
história houve cinco Papas de origem síria. A tolerância religiosa é única na
zona.
Antes da guerra
civil era o único país pacífico da zona, sem guerras nem conflitos internos.
A Síria é o único
país árabe sem dívidas ao Fundo Monetário Internacional.
A Síria foi o único
país do mundo que admitiu refugiados iraquianos sem nenhuma discriminação
social, política ou religiosa.
Bashar Al Assad tem
um suporte popular extremamente elevado.
Sabia que a Síria
possui uma reserva de petróleo de 2500 milhões de barris, cuja exploração está
reservada a empresas estatais?
A informação não é
nova nem é surpreendente. Mas é útil juntá-la ao infindável rol dos crimes do
imperialismo, para cujas ambições nenhuma tragédia humanitária é
suficientemente grande.
A inundação da
Europa por incontáveis vagas de refugiados pode ser o resultado do
“despovoamento estratégico” da Síria levado a cabo pelos opositores ao governo
do país, sugeriu o fundador de WikiLeaks.
A organização
WikiLeaks, que se empenha na transparência, descortinou analisando mensagens
diplomáticas «uma especulação interessante acerca do movimento de refugiados»,
disse Assange em entrevista a um sítio web de notícias grego, ThePressProject.
«Assim, a
especulação era esta: opositores de um país empenhar-se-iam em certos momentos
no despovoamento estratégico, com vista a reduzir a capacidade de combate de um
governo», explicou.
O homem que tem
estado associado a tantas revelações sublinhou que «quem está a fugir da Síria
é predominantemente a classe média» tendo em conta que possuem «habilitações
linguísticas, dinheiro, alguns relacionamentos». Engenheiros, gestores e
funcionários públicos são «precisamente as classes que são necessárias para
manter o governo em funcionamento», disse.
A gente síria é
encorajada a fugir do seu país «pela Alemanha, dizendo que aceitará muitos,
muitos refugiados, e pela Turquia, acolhendo perto de três milhões de
refugiados, e dessa forma enfraquecendo de forma significativa o governo
sírio», sublinhou Assange.
A Síria não é caso
único na história recente na utilização da migração como arma; no decurso da
guerra do Iraque a Suécia, segundo mensagens reveladas, informou os EUA de que
«a aceitação de refugiados iraquianos fazia parte do seu contributo.»
O fundador de
WikiLeaks disse que é uma «desgraça» que os EUA recusem acolher refugiados
sírios, porque é Washington quem deveria ser responsabilizado pelas centenas de
milhares de pessoas que chegam à Europa e que estão a fazer com que estados
europeus fechem fronteiras entre si.
«A situação surge em resultado das políticas dos EUA, Grã-Bretanha e França no Médio Oriente, juntamente com o comportamento dos seus aliados regionais no Médio Oriente – Qatar, Turquia, Jordânia e Israel … e Arábia Saudita», disse.
«A situação surge em resultado das políticas dos EUA, Grã-Bretanha e França no Médio Oriente, juntamente com o comportamento dos seus aliados regionais no Médio Oriente – Qatar, Turquia, Jordânia e Israel … e Arábia Saudita», disse.
Os documentos
interceptados, já publicados por WikiLeaks, revelaram que os EUA vêm
conspirando para derrubar o governo sírio desde 2006, assinalou Assange.
«Tentaram tornar ‘paranóico’ o governo sírio, procurando que reagisse de forma desproporcionada ao clima criado de medo e paranóia; procurando que estivesse sempre temendo golpes; procurando agudizar tensões sectárias entre sunitas e shiitas…procurando deter o investimento estrangeiro na Síria e financiando secretamente também uma diversidade de ONG’s instaladas na Síria para provocar confusão, utilizando os sauditas e o Egipto para ajudar em tudo isto,» disse.
«Tentaram tornar ‘paranóico’ o governo sírio, procurando que reagisse de forma desproporcionada ao clima criado de medo e paranóia; procurando que estivesse sempre temendo golpes; procurando agudizar tensões sectárias entre sunitas e shiitas…procurando deter o investimento estrangeiro na Síria e financiando secretamente também uma diversidade de ONG’s instaladas na Síria para provocar confusão, utilizando os sauditas e o Egipto para ajudar em tudo isto,» disse.
Entretanto,
quaisquer tentativas de Assad de combater o terrorismo e a expansão do Estado
Islâmico era apresentadas como sinais de fraqueza e «exemplos de como o governo
sírio não dispunha de efectivo controlo sobre o seu território, a fim de
encorajar o derrube do governo», acrescentou.
Assange sublinhou que o povo americano nada tem a ganhar com o conflito sírio, e que apenas «as facções privadas que o impulsionaram» pode acreditar que iram ter algum benefício final.
Assange sublinhou que o povo americano nada tem a ganhar com o conflito sírio, e que apenas «as facções privadas que o impulsionaram» pode acreditar que iram ter algum benefício final.
«A CIA,
evidentemente, sabe que beneficia dele. Criam um problema e depois recebem um
orçamento acrescido para resolver o problema. E acontece da mesma forma com os
que recebem contratos, os negociantes de armamento e os fabricantes de armas.
Se não existe problema os seus orçamentos reduzem-se. Portanto, criam
problemas,» explicou Assange.
Com a ingerência na
Síria, Washington visou também «uma estratégia de largo alcance para
enfraquecer o Hezbollah, para permitir a Israel um ainda maior controlo dos
Montes Golan, e talvez também uma zona tampão; para derrubar a Síria, aliado
regional do Irão; para eliminar a última base russa que resta fora da antiga
União Soviética, em Tartus; para criar um percurso para um gasoduto cujo
trajecto proposto vem do Qatar para a Arábia Saudita e daí através da Síria em
direcção à Europa, e que irá competir com o gás russo», acrescentou Assange.
A interferência dos
EUA na Síria provocou que esta se afundasse desde 2011 num conflito sangrento.
Mais de 220 000 pessoas foram mortas, segundo estimativas da ONU. As forças
governamentais têm combatido no decurso do conflito diversos grupos armados,
incluindo a chamada “oposição moderada” apoiada pelo ocidente, e os grupos
terroristas Jabhat al-Nusra e o jihadista ISIL.
Em finais de
Setembro a Rússia iniciou, a pedido do Presidente Bashar Assad, ações de
bombardeamento aéreo contra os terroristas na Síria, permitindo às forças
governamentais desencadear uma ofensiva de larga escala, e indiciando um ponto
de viragem no conflito.
ODiario.info
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