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sábado, 27 de fevereiro de 2016

OS MALEFÍCIOS
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
Tinha posto o meu computador a arranjar quando o Avante desta semana chegou.
Ao ler o artigo de Vasco Cardoso arrependi-me de o ter feito, porque teria de esperar dias para poder publicar o texto que se segue e dá-lo a conhecer às pessoas que por qualquer razão não têm acesso jornal Avante.
É um texto digno de profunda reflexão.
Nele são descritas magistralmente, as tremendas dificuldades com que os comunistas se debatem em permanência, dada a natureza de classe da generalidade da Comunicação


DIZEM QUE A MENSAGEM NÃO PASSA


Por Vasco Cardoso

Dizem que o discurso está ultrapassado, que não tem novidade e mesmo quando é dito por alguém mais jovem, está contaminado por velhas ideias. Dizem que o mundo mudou e que só os comunistas é que ainda não perceberam o quanto mudou. Dizem que o PCP é sempre do contra, que só sabe dizer mal e que nada de construtivo tem para propor ao País. Dizem que quanto mais miséria e exploração melhor, pois é da miséria que vive o Partido. Dizem que dizemos sempre a mesma coisa, que é cassete! E dizem-no dez, cem, mil vezes. Nos jornais que lhes dão espaço, nas rádios que lhes amplificam os comentários, nas televisões onde se sentam todos os dias e onde debitam as suas sentenças, incluindo a de dizer que a mensagem do PCP... não passa!
A mensagem de Portas e de Passos passa. A mensagem de Marcelo e de Marques Mendes passa. A mensagem do PS e do BE passa. Só a mensagem do PCP é que não passa. Que azar! Melhor dito, que incompetência!!! Nós que andamos nisto há quase 95 anos, nós que nos fartamos de ter opinião sobre quase tudo, nós que temos análises, propostas, projecto, já devíamos ter aprendido alguma coisa com a vida. Falta-nos o jeito, a técnica, o sentido de oportunidade, a agilidade, a inteligência, a dicção, a presença, a telegenia que sobra seguramente em todos os outros. Mas não ensinam isso no Partido?? Perguntam alguns. E muitos acreditam que assim é. Falta-nos também essa independência, esse livre espírito de pensamento que abunda noutras paragens e que por aqui escasseia e que só se adquire, dizem, quando se deixa de ser comunista...
Entre a discriminação do Partido e a promoção de outros, passando pelo sistemático preconceito que invade e condiciona muitas das redacções, até às ordens directas dos centros de decisão em operações dirigidas contra o PCP e das quais temos exemplos bem recentes como foram as eleições para a Presidência da República, a voz do Partido, a mensagem do Partido, é absolutamente intolerável para os senhores do dinheiro. Impossibilitados de ir onde a PIDE e a censura chegaram, utilizam a propriedade dos órgãos de informação como se de um exército se tratasse. Porque temem o mensageiro? Também. Mas temem sobretudo a mensagem, sobretudo se for entendida e transformada em acção transformadora por quem a sente e ouve.


 

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016



Á LAIA DE PROFECIA

Já em tempos tinha dito a seu respeito “Parece que é bruxo”.
Neste caso seria um falso bruxo, porque sabe tudo sobre a vida do consulente.
A sua falsa competência esotérica, assenta no conhecimento prévio que tem de todos os mexericos que influenciam a vida do cliente.
Tem como habilitação natural um sentido fraterno, matemático e rigorosamente justo e despojado da vida.
Analisa os problemas com equações padrão, que mais não são que reflexo do profundo conhecimento das matérias.
As cartas que utiliza para resolver os problemas, têm a perenidade da sua simbologia, porque 2 e 2 nunca deixarão de ser 4, por mais teses que se inventem para modernizar os resultados.
O que debita aos clientes assenta essencialmente na sabedoria que os velhos mestres lhe conferiram, limitando-se a interpretá-los, estudá-los e traduzi-los na solução prática dos problemas da vida.
Fá-lo com a isenção, integridade e inteligência que são característica dos sobre dotados.
Desse-lhe Portugal o crédito que merece, tivessem os portugueses a noção exacta da dimensão desta perola, que estranhamente nasceu de uma ostra portuguesa e absorveu tudo o que de bom lhe deu o mar da solidariedade, fá-lo-iam sua referência permanente e não só uma orientação segura e qualificada, para aqueles que lutam por um mundo melhor.
Para além de todas as dúvidas que o governo dos homens nos traz, sempre foi esmiuçando as pequenas certezas com que se confronta, erguendo um edifício de sabedoria, que por mais tremores ou convulsões que sofra, vai serenamente permitindo a alguns eleitos que a ele recorram, melhorar a sua estrutura e sobretudo ficar imunes a superstições, teses e tendências malignas ou conceitos tortuosos.
A vida que em nós descobre, assenta em bases sólidas e permite olhar o mundo com o horizonte do futuro.
São bem-aventurados os que têm o privilégio de ouvir ou ler, porque de cada vez, aumentam a sua própria riqueza.
O meu bruxo é Carlos Carvalhas e o que se segue é a sua última adivinhação à lais de profecia.


O ESPECTRO DO APROFUNDAMENTO DA CRISE

Por: Carlos Carvalhas
 As deflagrações bolsistas que se verificaram desde o início deste ano vieram mostrar que a recuperação da crise dita de 2007/2008 tinha pés de barro, e que as políticas utilizadas parar a ultrapassar criaram novos factores explosivos, podendo tornar uma nova «crise» muito mais violenta e de controlo muito mais difícil.
Razão parece ter o Royal Bank of Scotland quando, em 15 de Janeiro deste ano, anunciou que 2016 será «um ano de cataclismo».
A inquietação e as dúvidas estão instaladas, e agora, como alguns preveem, só basta aparecerem os famosos «cisnes pretos» – acontecimentos imprevisíveis que desencadeiam movimentos de pânico de grande envergadura para se verificarem afundamentos globais com repetição certa e de difícil controlo.
As dúvidas e inquietações repousam sobre a evolução e os efeitos da continuação dos baixos preços do petróleo, da real situação de muitos bancos, alguns considerados «sistémicos», como o Deutsch Bank, e da «shadow bank», banca paralela; do crescimento mundial, da saúde das economias americana, chinesa, japonesa, da União Europeia, e das repercussões da situação dos países ditos emergentes.
Alguns vão mesmo ao ponto de apontarem similitudes com o que se verificou em 2007, com a falência de dois fundos especulativos e do banco americano, Bear Stearns, e o pânico que levou numerosos detentores de títulos a procurarem, ao mesmo tempo, desfazerem-se deles, designadamente dos assentes em hipotecas imobiliárias, desencadeando um forte movimento de desconfiança, atingindo as bolsas mundiais, o rastilho da grande crise.
Do outro lado do Atlântico, em Dezembro de 2015, os fundos especulativos, como o New York Third Avenue, ou ainda o Stone Lion, faliram, incapazes de fazer face à retirada massiva de fundos, o que, conjuntamente com as já verificadas fortes tensões nas bolsas, designadamente na China, criaram de novo o receio geral, tanto mais que os acontecimentos de 2007/2008 estão ainda bem presentes.
Outros chamam a atenção para o paralelo entre 2001/2006 com o que se verificou entre 2012/2015 – explosão da valorização de certas empresas start ups, novas «bolhas», e o acentuado crescimento de «derivados de base duvidosa» e, designadamente, a estagnação dos salários, e mesmo a sua diminuição em termos reais verificada em vários países durante estes últimos anos.
Citamos estas referências ao paralelismo só para chamar a atenção para o clima de receio e de intranquilidade que está instalado nos investidores/especuladores.
Por que é que esta crise poderá ser mais violenta que a de 2007/2008, e com características e acontecimentos diferentes?
Porque, para acudir ao sistema financeiro, todos os bancos centrais, sendo o BCE o último, lançaram-se, na política designada de «quantitativ easing» (QE), injecções de liquidez, com o objectivo de, através da política monetária, isto é, da abundância de dinheiro e barato, impulsionarem a actividade económica e a capitalização e desendividamento da banca.
Se, no quadro do sistema e em termos de classe (valorização do património), estas políticas têm racionalidade, o seu prolongamento cria e criou novas contradições.
Como não houve um QE – quantitativ easing para os povos – «helicopter money» para os trabalhadores, a estagnação salarial e o baixo investimento público por parte dos Estados a braços com elevadas dívidas públicas, não houve impulso significativo da procura.
Perante a abundância de liquidez a banca não a canalizou para a chamada economia real por não encontrar aí rentabilidade mas, sobretudo, para a especulação, com novos títulos, criando «novo lixo tóxico» especulativo, capital fictício e, portanto, novas «bolhas». Teoricamente o excesso de moeda deveria aumentar a inflação. Tal não se verifica porque ela não chega às massas.
A liquidez dada pelos Bancos Centrais constitui hoje o material explosivo pronto a deflagrar, e o fazer cessar ou reverter as injecções de liquidez é muito difícil pois todo o sistema está ligado à máquina do quantitativ easing, como a economia americana o está a demonstrar.
Na Zona Euro, o BCE, ao contrário dos outros Bancos Centrais, não concedeu nem concede empréstimos directamente aos Estados, alimentando, assim, mais que os outros, as «bolhas especulativas» fabricadas pela banca.
Mesmo a fraca retoma da Zona Euro está ameaçada e a operação «Bail in» engendrada para tentar calar a opinião pública indignada com os auxílios à banca recairem sobre os contribuintes, tem alimentado ainda mais a desconfiança.
Com a «resolução» «Bail in» em caso de falência de um banco, os accionistas serão chamados a pagar o resgate (em parte), bem como os detentores de certas obrigações (cocos) e os grandes depositantes.
Mas, neste quadro de inquietação  e pânico, o que aconteceu, por exemplo, aos quatro bancos italianos que faliram e em que numerosos pequenos accionistas tudo perderam, criou ainda mais receios na a opinião pública . Em caso de falência de um banco, não há certeza nenhuma do que acontecerá às  poupanças de numerosos depositantes! 
Não estamos como em 2000 (bolha das novas tecnologias), nem como em 2007 (imobiliário), com um único material explosivo, mas no conjunto o cocktail está formado; derivados, crédito mal parado, dívida privada (famílias, empresas) elevadíssima, pressão deflacionária e, na Zona Euro, a crise dos refugiados, a possibilidade de um «Brexit», a incerteza política em Espanha, o agravamento da situação na Grécia e a difícil situação de vários bancos.
 Os grandes bancos ditos sistémicos estão hoje mais vigiados, embora tenham contornado ou evitado grande parte da regulamentação,  mas o que é certo é que a banca sombra ainda está menos vigiada e regulamentada do que estava o sistema financeiro em 2007.
Segundo o Finantial Stability Board a «shadow bank» detinha, no fim deste ano, mais de 50% dos activos financeiros, cerca de 120% do PIB mundial (201.580.000 milhares de milhão de dólares, contra 50.000 milhares de milhão em 2007).
Como se vê, material explosivo não falta.
Três anos após a falência da Lehman Brothers e da difusão da teoria do «too big to fail», o G20 reconheceu a existência de 28 bancos ditos sistémicos. Estes 28 bancos, como afirma o economista francês François Morin, constituem um oligopólio «que é tudo salvo o interesse público». A sua posição dominante confere-lhe poderes análogos às grandes instituições públicas, designadamente a capacidade de fixar o preço do dinheiro, e têm um poder que domina o poder político.
Segundo Morin, a «bolha» actual das dívidas públicas foi alimentada directamente pelos efeitos da crise financeira.
A capitalização e o desendividamento da banca foram feitos, no essencial, à custa das dívidas públicas, que cresceram exponencialmente. Como já alguém disse: ou a questão da dívida pública se resolve a frio ou ela rebentará a quente» pela falência de um Estado ou de um banco do «oligopólio».
A globalização dos mercados financeiros, permitida pela grande conquista do capitalque foi a livre circulação de capitais verificou-se sobretudo a meio dos anos 90 e, com ela , acentuou-se a financeirização da economia e a repetição, com prazos relativamente curtos, das chamadas crises sistémicas financeiras. Cada uma das crises teve a respectiva montanha de «produtos financeiros derivados» que são, no essencial, apostas. Estes produtos praticamente não existiam antes de 1970. Desenvolveram-se sobretudo nos anos 90, atingindo hoje um valor (real) várias vezes superior ao Produto mundial. A montanha do capital fictício é gigantesca. Está constituída uma autêntica pirâmide D. Branca, ou de Ponzi!
Os mesmos que em 2007 disseram que a crise era passageira e que a banca estava regulada são os mesmos que agora dizem que estas explosões bolsistas não atingem os grandes bancos mas apenas pequenos fundos e pequenos especuladores, e que, por isso, não se corre o perigo de 2007!
Na nossa opinião será muito difícil evitar novas explosões, embora com contornos diferentes:
a) A explosão pode verificar-se em várias áreas e não só numa (imobiliário), como em 2007.
b) O volume de capitais que se desloca é incomensuravelmente maior, portanto muito mais devastador e de difícil controlo, podendo gerar em períodos curtos crises bolsistas significativas que acabarão por reflectir-se na chamada economia real.
c) A saída de capitais dos países emergentes, a especulação em relação à bolsa e a moeda chinesa, em relação à moeda japonesa, franco suíço, mostram também que os factores de instabilidade são muito mais numerosos, e que a chamada guerra das moedas atinge novas amplitudes.
d) Os Bancos Centrais, que têm desempenhado sempre o papel de último recurso, estão a ficar sem munições para responder a uma próxima crise. As armas de liquidez e das taxas de juro têm limites. Liquidez há em excesso, e a utilização de taxa de juro aos níveis em que se encontra já pouco efeito terá. Haverá a tentação da política das taxas de juro negativas por parte da FED. E não é certo que não voltem ao QE.
e) Acresce que continua a haver sobre-acumulação,capacidade produtiva instalada não utilizada, que o poder aquisitivo das massas não aumenta e a concentração de riqueza, que continua a acentuar-se, ainda agrava mais a insuficiência do consumo público global.
f) Por outro lado, as economias não só não arrancam como abrandam, e a pressão deflacionista mantém-se.
g) Com a crise e a tentativa de aumentar o consumo, não pelos salários mas pelo crédito,  faz aumentar o crédito mal parado, em muitos bancos, que è uma ameaça real.
Esta congregação de factores não promete grande futuro. Iremos certamente assistir a grandes movimentos pendulares, com crises bolsistas mais frequentes e, sem querermos ser Cassandra, não excluímos , pelo contrário, uma nova , mas mais devastadora recessão global.( ver poster aqui ontem publicado por G. Fonseca)
A responsabilidade do Banco Central Europeu
Lembrar algumas questões
A estratégia do BCE, e também dos outros Bancos Centrais, é o de irem gerindo a situação a muito curto prazo, quer injectando liquidez, quer começando-o a reduzir lentamente, como nos EUA, para tentarem evitar uma derrocada.
A situação na União Europeia, e a sua evolução desde 2007, não estão desligadas do comportamento do BCE e da potência mais dominante, a Alemanha.
A questão das dívidas públicas surge na União Europeia com um dramatismo que não atingiu outros espaços (EUA, Japão, Inglaterra), porque o BCE, mesmo na fase mais aguda da crise, nunca alterou os seus estatutos para permitir o financiamento directo aos Estados. Depois, deixou-se arrastar a situação da Grécia: a operação tardia do financiamento «sauvetage» da Grécia, em 10 de Maio de 2010, mergulhou a Zona Euro na tempestade conhecida.
As imposições de Merkel,para ganhar as eleições regionais na Renânia do Norte Vestefália e não só, as lições a dar aosgregos, e as certezas económicas fundadas na eficiência do mercado ditaram o desastre, continuado pela aplicação da teoria Ricardiana: restabelecer rapidamente as contas públicas e punir os que gastaram de mais. 
Recordar que, já em período de recessão, Trichet ainda aumentou os juros, em Julho de 2008 e em Julho de 2011!
E só com Draghi, em Agosto de 2012, é que se avançou para o QE.
Esta cegueira ideológica que hoje todos classificam como erros, bem como a capitalização e desendividamento da Banca, continuam,nas suas repercussões de forma directa e indirecta, a ser pagos pelos povos e pelos trbalhadores.
Recordar que a partir de 2010 pela pressão da Alemanha e não só , a Comissão e o BCE impuseram uma política em que tudo se subordinou à consolidação orçamental e ao eufemismo das "reformas estruturais" - redução de salários e pensões , cortes na saúde ensino público e segurança social . Uma política claramente deflaccionista que arruinou o crescimento potencial europeu e reduziu drasticamente o investimento
E não é com fugas para a frente , com federalismos ou ilusões de terceiras vias de democratização da União Europeia para salvar o euro, como defendem alguns que se dá resposta aos problemas  No fundo , mesmo que com boas intenções os que nestes movimentos defendem a manutenção do euro estão objectivamente a tentar salvar a continuação da colonização , da exploração e domínio sem freios do capital financeiro e a distrair as massas do alvo fundamental
A superação desta Europa da oligarquia e dos seus zelosos burocratas , a superação do capitalismo é uma necessidade vital para a humanidade.