NICOLAU SANTOS E O EXPRESSO
O magnífico e esclarecedor texto de Nicolau Santos,
publicado no “Expresso “ desta semana, é o perfeito resumo da pseudo-tragédia
orçamental, que a Europa do senhor Shauble está a utilizar, para disfarçar o
pontapé no traseiro, que está cheio de vontade de nos dar.
Então não querem lá ver que estes merdosos de Portugal,
estão a querer levantar cabelo?
Então esses cordeirinhos lãzudos, que até aqui baixavam a
grimpa com todo o respeitinho cá pelo mestre Wolfgang Shauble, estão agora
armados em d’Ártagnans e Robins do Bosques, a chatear-me a molécula e a fazer
peitão!!!
Eu já lhes conto! Quando eles mal se
precatarem...catrapimba…dou-lhes cabo do orçamento e da fábrica de notas.
E se com eles for a Grécia, a Espanha e a Itália e a própria
França…que se lixe.
Então esta última é cá um buraco. Se eles julgam que vou em
repetir a Vichy’ssoise estão muito enganados. Por um lado até era um favor que
me faziam, para não ter de enviar outra vez as tropas.
Eles não repararam, que até já tirei o bigodinho e a semi-franja!!!
Com o tempo vou fazê-los vir comer à minha mão…ai vou, vou!
Para cá veem de carreta, que eu para lá, vou de “tanque” de rodas.
Bem sabemos que Portugal está longe e que somos uns gajos
habituados a sermos comidos pelos governantes. Mas o 25 de Abril abriu os olhos
a muita gente e olhem que não é tão pouca como isso.
De resto sempre ouvimos dizer que as revoluções aumentam
exponencialmente a qualidade e quantidade dos aderentes. Provou-se em Abril,
provou-se que assim era em todo o mundo, sempre que se exagerou na exploração
do povo.
A Alemanha podia ter escolhido outro país, mais
despreparado, sabiam que em termos de governo o nosso era o mais parolo, capaz
de aceitar as experimentações económico/financeiras mais abstrusas que imaginar
se pudesse.
Não sabia era a força que a esquerda deste país tinha e
nomeadamente a capacidade e resistência do Partido Comunista, na luta contra a
adversidade.
A resposta está a tê-la, com este exemplo de dignidade
patriótica dado por Portugal.
Esta resistência de espinha direita, de determinação, irá
certamente abrir os olhos a todos, que por essa Europa fora, se revê na luta
por uma existência sem exploração, solidária e fraterna, que reflita os avanço
civilizacionais e sociais, equitativos com a evolução técnica e científica da
sociedade actual.
Não há direito, mesmo atendendo ao sistema bancário
fraudulento que tínhamos, estejamos nós a pagar a esta crise, com tamanha desproporcionalidade
e tanto sofrimento.
Que culpa têm o povo português que a banca portuguesa andasse
a especular nos Estados Unidos?
Não foram os espertalhufos do banco “Lehman Brothers”, da mastodôntica
companhia de seguros “AIG” e do parasita fundo financeiro “Reserve Primary Fund”,
que faliram fraudulentamente?
Não foram eles que arrastaram todo aquele mundo, que se revê
na chulice daquela máquina infernal de fazer dólares indiscriminadamente, que se
auto intitula Reserva Federal Americana e não passa de uma instituição privadíssima,
autónoma, independente do governo, ao serviço de uma banca muito restrita, sob
as ordens de uma dúzia de banqueiros de elite e chamou a si (da maneira manhosa
como historicamente é relatado e designada como a maior fraude da história) o
privilégio de transformar em notas de papel verde, aquilo que na realidade é o
resultado da exploração do esforço dos trabalhadores de todo o mundo?
Curiosamente, continuo até hoje, sem ouvir a comunicação
social explicar a origem da crise que estamos a viver.
Lembramo-nos perfeitamente que em tempos, o “cherníssimo”
Durão Barroso confessou, numa das suas primeiras e rápidas visitas a Portugal, que
por feliz coincidência vimos na televisão, num arroubo fanfarronice,
demonstrativa da sua “gigantesca” craveira de político internacional,
conhecedor de todos os meandros do poder mundial, segredou-nos que a Europa devia
aos Estados Unidos, “4-triliões.4” de euros.
Nunca mais falou nisso, nem ouvimos em qualquer meio de
comunicação social abordar estas importantíssimos e esclarecedoras informações.
Tal perigosa inconfidência deve ter-lhe causado um
valentíssimo puxão de orelhas.
A sorte foi voltarem ao sitio, para não se ficar a perceber
que era mesmo burro.
O que o Durão Baboso (com tanta importância), não disse, era
que a dívida era consequência directa da banca europeia ter-se envolvido em
profundas operações financeiras especulativas, com derivados e “Credit Default” os célebres swaps, nos Estados
Unidos.
Em Portugal, estas operações financeiras, eram especialidade
da ex-ministra Luis e não Luiza para ser mais viril, mais dinâmico, mais
tecnocrático, e ainda hoje não conseguimos saber o seu verdadeiro valor e a
dimensão dos encargos que lhes são inerentes.
O que vamos conseguindo saber é que não só não saímos da
crise, como se começa a adivinhar que vem aí uma maior, fruto dos biliões e
biliões de dólares que a Reserva Federal semeia no mundo, sem cobertura
fiduciária, para dar liquidez aos bancos americanos e consequentemente liquidar
a economia mundial.
Esquecem-se de dizer é como essa dívida nasceu coma transformação
dos bancos comerciais norteamericanos em financeiros após ter-se revogado a Lei
Glass-Steagall na era Clinton.
Não era preciso ser bruxo para perceber que iria haver
problema, não se podia imaginar era a dimensão da roubalheira.
E agora quem paga é o Zé.
Olhem meus amigos, vou-me calar, embora houvesse muito mais
para dizer, mas a conversa já vai longa e fica para depois.
Era minha intenção fazer uma ligeira introdução, como
prefácio, ao tema que o Nicolau Santos aborda, para lhe dar entrada, mas estes
americanos fazem-me perder as estribeiras, desbocar e pronto. Tá dito, tádito!.
Vamos então ao magnífico e para mim surpreendente texto de
Nicolau Santos
Centeno deita abaixo a economia mundial
(Nicolau Santos, in Expresso Diário, 12/02/2016)
O mundo económico mundial está em ebulição, mas certas
afirmações divulgadas por cá dão a entender que o furacão nasceu aqui, em
Portugal. Até Wolfgang Schauble, o ministro alemão das Finanças, com tantas
coisas para se preocupar, veio falar de nós, do nosso Orçamento e da
necessidade de continuarmos a fazer as reformas que ele acha que temos de
fazer. Parece um pouco exagerado concluir que o Orçamento do Estado 2016,
elaborado por Mário Centeno, possa estar a ter este efeito devastador no planeta.
Mas quem sabe? A economia é uma ciência tão pouco exata…
Eu hoje devia copiar o José Ferreira Fernandes, que escreveu
um texto notável sobre “As más ondas gravitacionais de Portugal”. Acontece que
como ele já escreveu, eu tenho de ir por outro lado. E o outro lado é perguntar
o seguinte: se a Comissão Europeia aprovou o OE 2016 de Portugal, se impôs
medidas adicionais que foram introduzidas no documento, se o défice de 2,6%
passou para 2,2% e se o défice estrutural (esse indicador vudu, sobre cujo cálculo
não há acordo) já se reduz 0,4 pontos em vez de 0,2, como é que depois dessa
aprovação vem dizer que Portugal tem de preparar e anunciar desde já novas
medidas adicionais? É que das duas uma: ou a Comissão não acredita numa linha
do que está escrito no Orçamento e então devia recambiá-lo e obrigar o Governo
português a elaborar outro OE; ou se o aprova depois de tantas correções não
tem o direito de vir dizer que é necessário preparar desde já e anunciar
medidas adicionais.
Das duas uma: ou a Comissão não acredita numa linha do que
está escrito no orçamento e então devia recambiá-lo e obrigar o Governo
português a elaborar outro OE; ou se o aprova depois de tantas correções não
tem o direito de vir dizer que é necessário preparar desde já e anunciar medidas
adicionais
A Comissão e o Eurogrupo não fazem isto por questões
técnicas. Fazem-no por questões políticas. Não querem nenhuma ovelha
tresmalhada fora do rebanho. Não querem sobretudo maus (para eles) exemplos.
Não querem que um Orçamento com orientações claramente diferentes das que eles
defendem, apostado no crescimento através também (mas não só) de aliviar o peso
fiscal que incide sobre os rendimentos das famílias e devolver salários que
foram cortados durante a crise, possa ser aplicado e comprovar na prática que
pode obter sucesso com muito menos dor social do que a alquimia que defendem. O
que eles querem é que continue a flexibilização cada vez maior das leis
laborais e dos despedimentos, a redução dos custos de trabalho para as
empresas, a diminuição drástica de todos os apoios sociais, as privatizações de
empresas públicas ou subconcessão a privados e o alívio da carga fiscal para as
empresas mas não para as famílias. Tudo o que não alinhe por este diapasão tem
de ser esmagado e, se possível, humilhado (como foi no caso da Grécia).
Não chega o recente relatório do Tribunal Europeu de Contas
ter passado um atestado de incompetência técnica e de facciosismo ideológico
aos processos de ajustamento que foram aplicados nos países do sul da Europa.
Não chega a devastação social, económica e financeira que se verificou em
muitos países do Velho Continente. Não chega que a União continue com taxas de
crescimento agónicas, apesar de tantas reformas, tantos cortes salariais, tanto
emagrecimento dos Estados sociais. Se a receita não resulta é porque é preciso
fazer ainda mais reformas, mais cortes, mais emagrecimento do Estado social.
E quando provavelmente ia brotar um esplêndido mundo novo,
eis que chega Mário Centeno com o seu Orçamento e as bolsas entram em
derrocada, as taxas de juro disparam, o pânico instala-se! O ministro português
das Finanças está seguramente a deixar os seus pares espantados – e ele próprio
deve estar um bocadinho surpreendido com a balbúrdia que conseguiu provocar.
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