MIGUEL URBANO RODRIGUES
UM DOS MAIS BRILHANTES PENSADORES
DO NOSSO TEMPO!!!
Acabo de ler mais um texto extraordinário de Miguel Urbano Rodrigues.
É uma lição de lucidez política, como raramente me foi dado ler.
A leitura de todo o artigo é fundamental, pelo rigor da análise que faz da situação actual e clarividente interpretação do seu desenvolvimento .
Permiti-me a transcrever algumas partes, para despertar a vossa atenção e servir de aperitivo, para a sua leitura integral, que pode aceder clicando no link final deste artigo.
Breve reflexão sobre Portugal
Perante os desafios da crise
-A burguesia nunca entrega o poder sem uma confrontação final com as forças do progresso.
-Sejamos realistas. No caso português, fora do contexto de uma crise de proporções continentais, os partidos que representam o capital continuarão a vencer todas as eleições.
A alternância no governo do PS e do PSD ilustra bem o controlo que a classe dominante exerce sobre os mecanismos eleitorais da impropriamente chamada democracia representativa que na prática funciona como ditadura da burguesia com máscara democrática.”
-Neste Outono do ano 2008 a crise do sistema financeiro mundial adquiriu as proporções de uma crise de civilização que atinge toda a humanidade
O seu desfecho é por ora imprevisível. A única certeza é a de que milhares de milhões de pessoas vão pagar a factura da falência do capitalismo neoliberal e da ideologia a ele subjacente, enquanto os responsáveis pela crise pouco ou nada serão afectados, no imediato, pelo naufrágio da monstruosa engrenagem por eles montada.
-O compromisso do revolucionário não é com os frutos da vitória e sim com os ideais pelos quais se bate e que transcendem a sua breve existência.
-Mas, simultaneamente, a transformação profunda das sociedades da UE, moldadas e oprimidas pelo capitalismo, não é possível pela via institucional, dita pacífica.
-O sistema mediático apresenta uma frente única na difusão da mentira, nas explicações falsas da crise e nos remédios propostos para a resolver, todos orientados para a preservação do capitalismo
-Os porta-vozes e epígonos caseiros do grande capital, cúmplices do caos financeiro e social que alastra pelo mundo, desprezam os trabalhadores
-Em condições muito adversas os trabalhadores portugueses têm resistido com coragem e firmeza à ofensiva desencadeada contra os seus direitos pelo governo mais reaccionário que o país suporta desde o derrubamento do fascismo.
-Em Portugal, como noutros países, as forças progressistas mais consequentes, sobretudo os comunistas, estão conscientes de que a globalização neoliberal, hegemonizada pelos EUA, encaminhou a humanidade para uma crise de dimensão planetária
-Como a crise é estrutural e não apenas cíclica como as anteriores – confirmando previsões de autores marxistas como Istvan Meszaros e Georges Labica – as medidas tomadas pelos governos do G8, transformados em bombeiros do capital, são apenas paliativos. A recuperação das bolsas e do dólar geram a ilusão de que tudo vai voltar rapidamente à normalidade, entendida esta como um reflorescimento do capitalismo sob um novo figurino.
-Mas o fim do capitalismo não está iminente. Seria uma ingenuidade acreditar no seu rápido desaparecimento.
-Na Europa, rupturas no sistema de poder que permitiram politicas anti-imperialistas como de Hugo Chavéz e reformas que golpearam o capital, não são viáveis. Elas exigem o controlo do governo, do Legislativo e a adesão firme das forças armadas. Ora essa situação não se verifica em qualquer pais do Velho Continente. Nem os mecanismos da União Europeia permitiriam que ela se produzisse.
-A burguesia nunca entrega o poder sem uma confrontação final com as forças do progresso.
-Os dois partidos, PS e PSD, diferem pelas suas bases sociais de apoio. Mas ambos desenvolveram sempre políticas de direita orientadas para a defesa dos interesses do capital.
-A esquerda em Portugal, no terreno partidário, são o Partido Comunista e os seus aliados.
-Utópica é também a ideia de que se pode esperar uma actuação positiva do Bloco de Esquerda, amálgama de pequenos burgueses enraivecidos cada vez mais integrado no sistema.
-No actual contexto a presença de uma forte representação do PCP no Parlamento é importante
-A diferença entre o actuar de «fora» ou de «dentro» parece mínima, mas é fundamental
-A transição para o socialismo é um processo molecular lentíssimo que avança no contexto de uma luta de classes exacerbada
-O socialismo em prazo previsível não figurava no projecto comunista quando eclodiu a Revolução de Fevereiro.
-É oportuno repetir a velha pergunta:O que fazer então, uma vez que a meta do socialismo está distante?
-Não se encontram reunidas condições subjectivas mínimas para que a classe operária, a pequena burguesia e menos ainda os camponeses se encaminhem na luta para soluções revolucionárias.
-Repito: o que fazer? Lutar, lutar com energia redobrada.
-O sistema do capital dispõe de uma força enorme. Mas não pode mais funcionar de acordo com a sua lógica. Os EUA, pólo e motor do sistema, estão envolvidos em duas guerras perdidas no Médio Oriente e na Ásia Central. Na América Latina desenvolvem-se processos de ruptura com a dominação imperial. Na Europa anunciam-se num horizonte próximo grandes lutas inseparáveis das consequências da crise que vão lançar milhões de trabalhadores no desemprego
-A exploração do homem, como escreveu Marx, foi durante sete mil anos o motor cego e desumano do desenvolvimento das sociedades. Mas essa situação tornou-se hoje um obstáculo mortal não somente ao avanço do progresso mas à própria sobrevivência da humanidade.
-E a alternativa, a única, à ameaça de exterminismo que se esboça com nitidez crescente é o socialismo.Vai tardar. Não tem data no calendário
-O compromisso do revolucionário não é com os frutos da vitória e sim com os ideais pelos quais se bate e que transcendem a sua breve existência.
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