Mensagem

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quinta-feira, 24 de junho de 2010


Este “power point” que publicamos é de uma qualidade técnica, um pouco deficiente.
Só o tema e o desenvolvimento que faz da obra e biografia de José Saramago nos leva a apresentá-lo.
Se tiver paciência de não clicar e deixar os slides correrem automaticamente, consegue chegar ao fim.



NESTE LINK




JOSÉ SARAMAGO

A NOSSA HOMENAGEM

Conhecemos José Saramago, logo após o 25 de Abril.
Como responsável por uma organização de dinamização cultural, procurámos mobilizar alguns dos nossos melhores escritores, para uma tarefa revolucionária.
A finalidade era obter da parte desses artistas, textos programáticos, inseridos numa estética de intervenção que por um lado espelhasse a realidade da vivência revolucionária do quotidiano e por outro servisse para mobilizar, enquadrar e esclarecer ideologicamente trabalhadores, operários agrícolas e as massas populares e integrá-los no processo revolucionário em curso.
Nesse sentido convocamos para uma reunião, escritores de várias origens políticas de esquerda.
Na ocasião, apesar dos esforços feitos, foi absolutamente impossível contactar José Saramago, circunstância em consequência da qual, levou a que este não fizesse parte desse grupo de trabalho, que se auto mobilizou para essa tarefa.
Dele fizeram parte entre outros, Bernardo Santareno, Luís Francisco Rebelo, José Jorge Letria, Virgílio Martinho, Gomes Ferreira, que produziram textos, peças de teatro e outros materiais de conteúdo político, adaptados para as necessidades que então se faziam sentir, de uma pedagogia política revolucionária.
Os elementos que a compunham, a ela se dedicaram apaixonadamente, rapidamente produziram contos, peças de teatro, poesia e muitos outros textos que foram editados, publicados, encenados.
É evidente que as alterações que o 25 de Novembro trouxeram ao processo revolucionário, acabaram por influir na morte dessa iniciativa e fizeram perder a oportunidade de posteriormente se poder enquadrar José Saramago.
A enorme admiração que já nessa altura tínhamos por ele, como homem, como camarada e como artista das letras, da palavra e do pensamento, gerou em nós, desde sempre uma frustração enorme por não termos tido possibilidades de o ter incluído nesse grupo de trabalho.
Sentimento que nos acompanhou até aos dias de hoje.
Para além da mágoa que sempre sentimos de não termos obtido essa colaboração, certos de que seguramente não a negaria, até pelas relações de amizade e empenhamento político que a todos nos ligava, seria interessante saber o que a sua genial criatividade e vocação humanista nos teria dado, dentro dos parâmetros específicos daquela iniciativa, que vivemos e sonhámos logo após o 25 de Abril.
Resta-nos essa frustração, a eterna saudade e o muito que aprendemos com aquele grande camarada.






NA ILHA POR VEZES HABITADA

Por José Saramago

Na ilha por vezes habitada do que somos, há noites,
manhãs e madrugadas em que não precisamos de
morrer.
Então sabemos tudo do que foi e será.
O mundo aparece explicado definitivamente e entra
em nós uma grande serenidade, e dizem-se as
palavras que a significam.
Levantamos um punhado de terra e apertamo-la nas
mãos.
Com doçura.
Aí se contém toda a verdade suportável: o contorno, a
vontade e os limites.
Podemos então dizer que somos livres, com a paz e o
sorriso de quem se reconhece e viajou à roda do
mundo infatigável, porque mordeu a alma até aos
ossos dela.
Libertemos devagar a terra onde acontecem milagres
como a água, a pedra e a raiz.
Cada um de nós é por enquanto a vida.
Isso nos baste.







Publicamos este vídeo como preito final, á memória do homem que admirámos profundamente.
Ele coloca em poucas imagens, os factos essenciais de uma vida de combate.
Resta-nos o conforto de se lhe ser reconhecido em vida o seu genial talento, que sempre utilizou em defesa dos seus, que eram nossos ideais.
O seu talento, testemunho e poderosa mensagem, enriqueceu a humanidade em geral e Portugal em particular, tornando imortal a sua memória e o seu exemplo.
E como disse Jerónimo de Sousa:

"Dizem que não há palavras, porque Saramago levou-as todas.



Mas o seu ideal não morreu.



Não é tempo de chorar a morte.



É tempo de o seu ideal ser prosseguido pelo povo que homenageia."











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