Mensagem

Mensagem

sexta-feira, 17 de outubro de 2008


QUE A MEMÓRIA NUNCA ESQUEÇA

Sob o nazismo, os campos de concentração foram usados como parte de uma estratégia de dominação de grupos étnicos e dissidentes políticos,foram objecto de tratamento desumano e de extermínio.

judeus-ciganos-anarquistas-comunistas- homossexuais e minorias religiosas Testemunhas de Jeová

BALADA DOS MORTOS
DOS CAMPOS DE CONCENTRAÇÃO

Cadáveres de Nordhausen
Erla,Belsen e Buchenwald!
Ocos, flácidos cadáveres
Como espantalhos,largados
Na sementeira espectral
Dos ermos campos estéreis
De Buchenwald e Dachau.
Cadáveres necrosados
Amontoados no chão
Esquálidos enlaçados
Em beijos estupefactos
Como ascetas siderados
Em presença da visão.
Cadáveres putrefactos
Os magros braços em cruz
Em vossas faces hediondas
Há sorrisos de giocondas
E em vossos corpos, a luz
Que da treva cria a aurora.
Cadáveres fluorescentes
Desenraizados do pó
Grandes, góticos cadáveres!
Ah, doces mortos atónitos
Quebrados a torniquete
Vossas louras manicuras
Arrancaram-vos as unhas
No requinte da tortura
Da última toalete . . .
A vós vos tiraram a casa
A vós vos tiraram o nome
Fostes marcados a brasa
E vos mataram de fome!
Vossas peles afrouxadas
Sobre os esqueletos dão-me
A impressão que éreis tambores —
Os instrumentos do Monstro —
Desfibrados a pancada:
Ó mortos de percussão!
Cadáveres de Nordhausen
Erla, Belsen e Buchenwald!
Vós sois o húmus da terra
De onde a árvore do castigo
Dará madeira ao patíbulo
E de onde os frutos da paz
Tombarão no chão da guerra!

Vinícius de Moraes

CLIQUE PARA ABRIR -ESPERE UM PUCO - CLIQUE EM F5

NESTE LINK

1 comentário:

Pedro, o Lucas disse...

Cadáveres de Nordhausen
da Fiat, da Ford, da Volksvagen!
loucos, tácitos transistores,
doentesmas eloquentes,
No ermo transcendental
Dos termos que julgávamos voláteis
no espaço sideral.

Cadáveres embalsamados,
levados p'lo vento suão,
muito pálidos, emplumados,
Em queijos desperdiçados
por não saber qual será a farinha
e qual é afinal o grão.
Odiáxeres quase-inexactos,
magros são os seus sapatos
e as nossas faces redondas
não são mais que umas bombas
naqueles jorros de luz
em que a névoa, a bruxa, a âncora,
são rapazes noctilucentes
que se enfrascam sem ter dó!

Grandes e nórdicos dislates!

Mas Ah, doces esboços icónicos
levados por trotinetes,
vossas mouras Marilenes
vestem-vos de terylenes
e é quando se segue a secura
até que o último toalhete chegue. . .
A nós nos tiram a caspa,
a vós a caspa vos rói,
depois de lavados com muita asa
já nada, nem uma fava vos dói!

Ò, toutinegra aprumada,
sobe onde os esqueletos
não serão senão senhores,
de plástico e de estertores
dá o martírio pancada
Ó bombos, ò percussão!

Odiáxeres de Volksvagen,
era tudo Maria Helena
vós destes púbis à terra,
e agora onde a árvore, o postigo?

Há madeira no vestíbulo,
putos semeiam água-rás,
redundará tudo em Falperra!

poema de Júlio Isidro