CONFERÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE VERÃO
RELATÓRIO E CONTAS DA CRISE PORTUGUESA, DAS ORIGENS AOS
NOSSOS DIAS
INTERVENIENTES: PAULO DE MORAIS E PACHECO PEREIRA
Por um feliz acaso, chegaram ao nosso
conhecimento uns vídeos, das chamadas “CONFERÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE VERÃO
2013, organizadas pela Associação In Loco, com a colaboração do Centro de
Estudos Sociais de Coimbra e com o apoio da Câmara Municipal de Loulé, que decorreram
na Biblioteca Municipal e na Assembleia Municipal de Loulé, que publicamos a seguir.
Intervieram nestas conferências entre
outros José Pacheco Pereira, Paulo de Morais, cujas excelentes intervenções se
complementam, na tarefa de escalpelizar as origens e os responsáveis pela
tremenda crise que abateu sobre a esmagadora da população portuguesa.
Paulo de Morais aborda o tema, colocando a tónica na
corrupção e nomeadamente na promiscuidade entre os negócios e vida pública, dando
vários e escandalosos exemplos, provando e concluindo que o Parlamento é uma autêntica
Central de Negócios na medida em que “há
numerosos deputados que de manhã trabalham como funcionários de grupos de
empresas e á tarde, elaboram a legislação para ser aprovada pelo colectivo
partidário, em benefício dessas mesmas empresas, de que fazem parte”.
As acusações são tão fortes e detalhadas que não acreditamos
ser possível fazer-se semelhantes afirmações, sem dar azo a um processo
judicial, no caso de serem falsas.
Em relação à dívidas privada e das autarquias da
responsabilidade dos partidos do famigerado “arco do poder”, considera que a
responsabilidade da situação, deriva do facto de estas instituições recrutarem
os seus quadros dentro das estruturas partidárias, hierarquizando a sua
importância numa relação directa, com a sua capacidade de arrebanhar votos.
Pacheco Pereira diferindo nos argumentos geradores da crise
e até contestando episodicamente alguns dos argumentos de Paulo de Morais,
acaba quanto a nós, por lhe dar inteira razão, ao focalizar nesses aparelhos
partidários, todas as razões geradoras da matriz corruptora, que está na origem
da Crise.
Considera a forma como se exerce a política em Portugal, assente
em primeiro lugar no interesse dos aparelhos partidários e no modo como se
desenvolvem as carreiras políticas dos seus quadros, acabando objectiva e necessariamente
como defensores dos interesses partidários e das suas clientelas, interesses esses,
que pouco ou nada tem a ver com o interesse Nacional.
É nesta questão das elites partidárias e das carreiras
políticas, que entroncam os argumentos de Pacheco Pereira e de Paulo de Morais,
pois ambos consideram, quer a nível autárquico, quer no mundo dos negócios
privados, as origens da corrupção têm a mesma raiz, isto é assentam nas suas
elites partidárias, sem experiência de vida e com carreiras exclusivamente
dedicadas á satisfação das exigências dos aparelhos partidários e respectivas
clientelas.
Curiosamente nem um nem outro, tradicionalmente pouco simpatizantes
com os comunistas, para não dizer anticomunistas, evitam falar da importância
que teve o comportamento e a influência do Partido Socialista e nomeadamente de
Mário Soares na contra-revolução de 25 de Novembro de 1975, cujo enorme reflexo
na descaracterização do projecto socialista, chegou ao ponto de confessar que
ia “colocar o socialismo na gaveta”
prosseguindo até hoje os seus seguidores, uma política de direita, de apoio e
fomento da recuperação dos grupos económicos dos tempos do fascismo, cujas
consequências essas sim, estão na génese da crise que vivemos.
Os deputados e os quadros do PS, PSD e CDS, serão os
instrumentos actuais, mas a aliança à direita do Partido Socialista, é quanto a
nós, a essência do problema.
Essa responsabilidade não poderá ser esquecida, muito embora
possamos concordar que a classe política que posteriormente foi criada, enferme
de todas as características e defeitos, que lhes são atribuídos por Paulo de
Morais e Pacheco Pereira.
Por outro lado, não é por acaso que em tantos anos de poder
autárquico democrático, jamais um elemento do Partido Comunista foi acusado,
com a alguma justificação, de ser corrupto ou de não defender os interesses da
população que o elegeu, com competência honestidade e dedicação.
É um facto que nem um nem outro se atrevem a criticar a
acção do PCP, dos seus deputados, ou dos seus militantes.
Era o que faltava!!!
Eles bem sabem que o PCP, sempre, mas sempre, esteve
na luta por uma política de esquerda, patriótica, ao serviço dos trabalhadores
e do povo, opondo-se e denunciando o comportamento da direcção do PS, na sua
aliança sistemática às políticas de direita e denunciando a sua hipócrita linguagem
de esquerda.
Para concluir, e passarmos a apresentar os vídeos com as
intervenções já referidas, chamamos a atenção para uma questão fundamental.
A pesar de tudo, o PCP faz uma distinção profunda entre a
direcção do PS e a sua base de apoio e sempre fez tudo o que estava ao seu
alcance, para que a situação se alterasse.
O PCP sempre reconheceu que a base de apoio do PS é
constituída por milhares e milhares de trabalhadores, pequenos e médios
empresários, intelectuais, professores, funcionários públicos que estão a
sofrer na pele as mesmas políticas erradas.
Considera que a maioria dos militantes socialistas mantém uma
atitude de expectativa, por questões que vão do preconceito, à desinformação,
ou quiçá, à irracionalidade induzida pela propaganda.
Consideramos que está a chegar a altura, em que a própria
evidência lhes dará a lucidez necessária para ultrapassar o que nos divide e
reconhecer que é um erro o antagonismo com os comunistas, seus naturais
aliados.
OS TEMPOS ESTÃO A MUDAR RÁPIDAMENTE E A VIDA É A GRANDE
MESTRA.
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