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quinta-feira, 24 de outubro de 2013

CONFERÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE VERÃO


CONFERÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE VERÃO

RELATÓRIO E CONTAS DA CRISE PORTUGUESA, DAS ORIGENS AOS NOSSOS DIAS

INTERVENIENTES: PAULO DE MORAIS E PACHECO PEREIRA
Por um feliz acaso, chegaram ao nosso conhecimento uns vídeos, das chamadas “CONFERÊNCIAS DA UNIVERSIDADE DE VERÃO 2013, organizadas pela Associação In Loco, com a colaboração do Centro de Estudos Sociais de Coimbra e com o apoio da Câmara Municipal de Loulé, que decorreram na Biblioteca Municipal e na Assembleia Municipal de Loulé, que publicamos a seguir.
Intervieram nestas conferências entre outros José Pacheco Pereira, Paulo de Morais, cujas excelentes intervenções se complementam, na tarefa de escalpelizar as origens e os responsáveis pela tremenda crise que abateu sobre a esmagadora da população portuguesa.
Paulo de Morais aborda o tema, colocando a tónica na corrupção e nomeadamente na promiscuidade entre os negócios e vida pública, dando vários e escandalosos exemplos, provando e concluindo que o Parlamento é uma autêntica Central de Negócios na medida em que “há numerosos deputados que de manhã trabalham como funcionários de grupos de empresas e á tarde, elaboram a legislação para ser aprovada pelo colectivo partidário, em benefício dessas mesmas empresas, de que fazem parte”.
As acusações são tão fortes e detalhadas que não acreditamos ser possível fazer-se semelhantes afirmações, sem dar azo a um processo judicial, no caso de serem falsas.
Em relação à dívidas privada e das autarquias da responsabilidade dos partidos do famigerado “arco do poder”, considera que a responsabilidade da situação, deriva do facto de estas instituições recrutarem os seus quadros dentro das estruturas partidárias, hierarquizando a sua importância numa relação directa, com a sua capacidade de arrebanhar votos.
Pacheco Pereira diferindo nos argumentos geradores da crise e até contestando episodicamente alguns dos argumentos de Paulo de Morais, acaba quanto a nós, por lhe dar inteira razão, ao focalizar nesses aparelhos partidários, todas as razões geradoras da matriz corruptora, que está na origem da Crise.
Considera a forma como se exerce a política em Portugal, assente em primeiro lugar no interesse dos aparelhos partidários e no modo como se desenvolvem as carreiras políticas dos seus quadros, acabando objectiva e necessariamente como defensores dos interesses partidários e das suas clientelas, interesses esses, que pouco ou nada tem a ver com o interesse Nacional.
É nesta questão das elites partidárias e das carreiras políticas, que entroncam os argumentos de Pacheco Pereira e de Paulo de Morais, pois ambos consideram, quer a nível autárquico, quer no mundo dos negócios privados, as origens da corrupção têm a mesma raiz, isto é assentam nas suas elites partidárias, sem experiência de vida e com carreiras exclusivamente dedicadas á satisfação das exigências dos aparelhos partidários e respectivas clientelas.
Curiosamente nem um nem outro, tradicionalmente pouco simpatizantes com os comunistas, para não dizer anticomunistas, evitam falar da importância que teve o comportamento e a influência do Partido Socialista e nomeadamente de Mário Soares na contra-revolução de 25 de Novembro de 1975, cujo enorme reflexo na descaracterização do projecto socialista, chegou ao ponto de confessar que ia  “colocar o socialismo na gaveta” prosseguindo até hoje os seus seguidores, uma política de direita, de apoio e fomento da recuperação dos grupos económicos dos tempos do fascismo, cujas consequências essas sim, estão na génese da crise que vivemos.
Os deputados e os quadros do PS, PSD e CDS, serão os instrumentos actuais, mas a aliança à direita do Partido Socialista, é quanto a nós, a essência do problema.
Essa responsabilidade não poderá ser esquecida, muito embora possamos concordar que a classe política que posteriormente foi criada, enferme de todas as características e defeitos, que lhes são atribuídos por Paulo de Morais e Pacheco Pereira.
Por outro lado, não é por acaso que em tantos anos de poder autárquico democrático, jamais um elemento do Partido Comunista foi acusado, com a alguma justificação, de ser corrupto ou de não defender os interesses da população que o elegeu, com competência honestidade e dedicação.
É um facto que nem um nem outro se atrevem a criticar a acção do PCP, dos seus deputados, ou dos seus militantes.
Era o que faltava!!!
Eles bem sabem que o PCP, sempre, mas sempre, esteve na luta por uma política de esquerda, patriótica, ao serviço dos trabalhadores e do povo, opondo-se e denunciando o comportamento da direcção do PS, na sua aliança sistemática às políticas de direita e denunciando a sua hipócrita linguagem de esquerda.
Para concluir, e passarmos a apresentar os vídeos com as intervenções já referidas, chamamos a atenção para uma questão fundamental.
A pesar de tudo, o PCP faz uma distinção profunda entre a direcção do PS e a sua base de apoio e sempre fez tudo o que estava ao seu alcance, para que a situação se alterasse.
O PCP sempre reconheceu que a base de apoio do PS é constituída por milhares e milhares de trabalhadores, pequenos e médios empresários, intelectuais, professores, funcionários públicos que estão a sofrer na pele as mesmas políticas erradas.
Considera que a maioria dos militantes socialistas mantém uma atitude de expectativa, por questões que vão do preconceito, à desinformação, ou quiçá, à irracionalidade induzida pela propaganda.
Consideramos que está a chegar a altura, em que a própria evidência lhes dará a lucidez necessária para ultrapassar o que nos divide e reconhecer que é um erro o antagonismo com os comunistas, seus naturais aliados.
OS TEMPOS ESTÃO A MUDAR RÁPIDAMENTE E A VIDA É A GRANDE MESTRA.

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