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quarta-feira, 2 de março de 2011

PLENO EMPREGO

E O DIREITO AO TRABALHO

Já muitas vezes tenho escrito, sobre a necessidade imperiosa de serem alteradas as relações de produção.
É cada dia mais evidente que o próprio processo civilizacional, está a evoluir no sentido, em que a clássica divisão do trabalho e o destino das mais-valias, não pode continuar a obedecer às mesmas regras.
O fenómeno da dimensão e continuidade do desemprego, nos países mais evoluídos do ponto de vista económico e social, sendo uma parte significativa da humanidade, serve para demonstrar que a restante, quando atingir esse patamar de progresso, será igualmente afectada pelos mesmos problemas, se até lá a sociedade não der o salto político e civilizacional qualitativo, que a natureza dialéctica das coisas legitima.
Actualmente num Sistema Capitalista é uma falácia dos governos, as perspectivas de criarem pleno emprego, que permita a um ser humano trabalhar, produzir, ter uma vida digna, poder constituir família, e poder assim compensar a sociedade pelos encargos que ela tem com os cidadãos, para proporcionar a saúde, a educação, a habitação, a alimentação, etc.
De tão evidente, todo o mundo já percebeu que o máximo que pode exigir é que o número de desempregados não seja “muito elevado” e cada um poder continuar a aspirar fazer parte desse grupo.
Sabendo que é assim, os governos só têm que argumentar de forma a poder continuar a enganar as populações.
De resto, é hoje absolutamente evidente, que as soluções adoptadas em termos da criação de novos postos de trabalho, em quantidade e qualidade, são tão inseguras e provisórias, que nem precisamos de argumentar. Está á vista!!!
Como sabemos o capitalismo funciona em ciclos de expansão e retracção e quando anteriormente o ciclo de crise se mostrava sem solução, recorria-se á guerra para resolver o problema.
A bomba atómica veio condicionar muito essa solução e perante uma verdadeira falta de alternativas, vão propondo soluções para enganar as expectativas dos trabalhadores, do mesmo modo que em medicina se utilizam os placebos (do latim placere, significando "agradarei") para enganar os doentes.
Se houvesse autenticidade e boa-fé na intenção de resolver o problema, tinham ir ao fundo da questão e aí funcionam os argumentos da produtividade em termos de concorrência, a Globalização, as relações de trabalho e a necessária desigualdade na distribuição das mais-valias, a imposição dos horários de trabalho, etc.,etc.,esquecendo que o direito ao trabalho em primeiro lugar, o direito á família, o direitos ao descanso e aos tempos livres, em suma o direito á felicidade, são direitos inerente á dignidade de todo o ser humano.
Na actualidade os postos de trabalho que têm qualidade, são raros e sempre destinado e preenchidos por aqueles que o destino privilegiou pelo nascimento, conhecimento, ou pelos que têm qualidades raras, quer de inteligência, de liderança ou de qualquer de outra natureza.
O Sistema é tão sofisticado que até criaram empresas específicas, com a missão de detectar e acompanhar o percurso académico dos privilegiados, desde os bancos da Universidade ou até mais cedo.
Quanto á generalidade dos jovens que hoje em dia procuram soluções para a sua vida, só as vão encontrando na emigração, ou aproveitando as soluções temporárias.
Restam os que na retaguarda vão tendo de reserva os pais ou outros familiares que melhor ou pior, lhes vão resolvendo os problemas do quotidiano ou da sobrevivência imediata.
Este preambulo, algo alargado sobre o primeiro direito que um homem tem, que é o direito ao trabalho, vem a propósito de umas noticias que acabo de ler sobre a criação de um robô cientista.
Já temos falado de alguns avanços da nano tecnologia da burótica e da robótica, que propondo-se substituir o homem em imensas situações, coloca nas mãos dos donos das empresas e por arrasto na mão dos capitalistas, muito do destino do mundo do trabalho e consequentemente da humanidade.
É bom não esquecer que se deve á automação, grande parte do progresso dos séculos XIX e XX.
E pensando na informática, quantos postos de trabalho foram criados, mas ao mesmo tempo, quantos foram destruídos?
E neste caso, mais uma vez: A relação foi vantajosa para os trabalhadores ou para os patrões???
Assente na lógica de tudo o que atrás foi dito, é a nossa profunda convicção, que o progresso da humanidade neste campo, só tem uma solução e essa passa pela democratização das relações de produção.

É ESSE O PROGRESSO CIVILIZACIONAL, QUE A HISTÓRIA HÁ-DE REGISTAR!!!

Há um argumento, que vem á nossa memória e é absolutamente ilustrativo:
É o caso das consequências que os robôs industriais tiveram para os trabalhadores da indústria automobilística.
Independentemente da questão política subjacente se passar em Portugal, interroguemo-nos quais foram as consequências económicas e financeiras, decorrentes do facto dos nossos governos terem colocado no critério da Direcção da Vokswagen, 2,5% do PIB nacional, tornando a Autoeuropa sua periclitante responsável e chantageando as condições de produtividade dos trabalhadores, responsabilizando-os pela sua continuidade em Portugal.
Vamos agora um pouco mais longe e vejamos onde já nos levam os últimos avanços, no campo da robótica.
Segundo cientistas da Universidade de Wales (Grã-Bretanha), liderados pelo Dr. Ross King, foi construido um robô-cientista capaz de desempenhar tarefas de pesquisa em laboratório, da mesma forma que um cientista humano o faz.
Seu dispositivo de análises biológicas é servido por braços robóticos, diversos tipos de alimentadores, vários computadores e toda uma parafernália electrónica que tudo determina e controla.
O algoritmo contém o roteiro para a condução da pesquisa e o programa de inteligência artificial é capaz de aprender em sucessivas etapas da experiência, guiando-se pelos resultados anteriores para estabelecer novas hipóteses, mais vantajosas, para se adoptar quando forem feitos novos testes.
O professor Ross King, que em 2004 foi o criador do robô-cientista Adão, está convencido e afirma que isto é apenas o começo.
"No futuro, nós esperamos ter equipes de cientistas humanos e cientistas robôs trabalhando juntos nos laboratórios"
Agora já estão projectando “uma” robô-cientista que se vai chamar Eva e será dirigida e programada para novas experiências, que auxiliem na descoberta de novos medicamentos.
Outros cientistas que se dedicam igualmente a estas matérias, confirmam:
"é possível para um programa de computador... conduzir um procedimento continuamente repetitivo que começa com uma questão, efectua experimentos para responder àquela questão, avalia os resultados e formula novas questões."
Segundo os mesmos cientistas, o robô sozinho substitui o trabalho de nove cientistas da computação e biólogos que deveriam trabalhar na mesma tarefa de pesquisa genética, para a qual ele foi programado.
O sistema gera automaticamente hipóteses para explicar suas observações, programa as experiências para testar essas hipóteses e faz fisicamente todo o necessário, desde a interpretação dos resultados, até o eliminar hipóteses que não sejam anteriormente corroboradas e repetindo o ciclo, sempre que seja necessário.
Se tivermos em consideração o novo campo chamado de cognição robótica, onde os cientistas já falam na possibilidade de que os robôs se tornem capazes de "pensamentos abstractos, num futuro próximo" acreditando que na interacção com o meio ambiente e com estratégias cada vez mais sofisticadas, se dará ao longo do tempo origem à "inteligência" e consequentemente, tornar-se há mais fácil ensinar os robôs a fazer qualquer coisa.
A possibilidade de se acrescentar “inteligência” ao automatismo do processo científico, é uma questão de interesse tanto teórico, quanto prático.
“Só” resta saber, é quem no fundo vai beneficiar com estes avanços científicos, não esquecendo que “entre” os aspectos práticos mais importante estão implícitos o controle dos resultados e dos lucros que tais descobertas proporcionam.
A interrogação fulcral e objectiva que tudo isto levanta, e torna muito perigoso o futuro, é a seguinte questão:
Será que está a passar pela cabeça dos responsáveis e dos cidadãos em geral, a direcção em que tais desenvolvimentos se dirigem, qual o aproveitamento final que dele é feito, qual a selecção de beneficiários que tais descobertas podem determinar, as classes sociais que podem ser marginalizadas do processo, os riscos que quem não pertence ás classes privilegiadas estão a correr, se não tiverem em consideração todos estes factores???
Gostaríamos de ter pistas para acreditar que tudo vai ser tido em conta, que as populações vão perceber a tempo os perigos que correm e não vão deixar nas mãos dos ricos e poderosos, os destinos da humanidade.
SÓ QUE ATÉ AGORA NÃO TEM SIDO ASSIM!!!

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