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quinta-feira, 2 de julho de 2015


     GRÉCIA E PORTUGAL

FALSOS GÉMEOS EM TUDO IGUAIS.

Com os ouvidos cheios de argumentos sobre a crise da Grécia, facilmente se percebe os interesses estão em causa
-De um lado estão os que justamente defendem que o que se deve… é para pagar.
-Do outro exige-se um certo tipo de aparente generosidade, para não sei de que maneira, se ultrapassar esta situação.
-A terceira versão mais técnica, acha que se deve pagar, mas somente aquilo que é justo.
No primeiro caso está o Eurogrupo que rejeita qualquer extensão do resgate e está renitente em alterar as exigências.
No segundo, está a classe média, os desempregados, os pensionistas gregos e as populações solidárias com as dificuldades daquele povo.
Em terceiro estão aqueles que sabendo exactamente o que está em causa, advogam duas prespectivas de solução.
Por um lado alguém, como uma pessoa que esteve ligado à direccão do Banco Mundial, lembrando-nos que o incumprimento da Argentina e o sofrimento do seu povo, apesar da fome que passaram, 20 anos depois, ainda não recuperaram o seu potencial, considerando que apesar de lúcido e “educado” (as aspas são da nossa responsabilidade), os argentinos tinham eleito um governo incompetente e irresponsável (onde é que já ouvimos isto, sobre o actual governo da Grécia!!!)  e que o incumprimento levado a cabo “foi muitas vezes pior do que aquilo que as instituições tentavam negociar“. 
Por outro, segundo Maria Lúcia Fattorelli, auditora da Receita Federal do Brasil, coordenadora do movimento Auditoria Cidadã da Dívida e membro Comitê pela Auditoria da Dívida Grega, convidada por Zoe Konstantopoulou, presidente do Parlamento Grego, a compor o Comitê pela Auditoria da Dívida Grega, considera que o “sistema da dívida” “é um negócio altamente rentável e que só beneficia um pequeno segmento social localizado nos mercados financeiros”. 
A conclusão a que pode chegar, permite saber-se hoje  que foi a manipulação da taxa de risco que obrigou o governo grego a ter de aceitar acordos tremendamente   prejudiciais com o FMI e a União Europeia, o que permitiu a invasão das instituições financeiras internacionais e grandes corporações, bem como o desmantelamento dos direitos sociais e a privatização das empresas públicas mais lucrativas, tal como está a acontecer a Portugal.
Perante a cilada que o Capitalismo está a promover, para controlar a economia mundial, e dominar os governos no sentido de beneficiar uma elite económica e financeira internacional, o exemplo destes dois países, refletem no imediato as consequências da agenda neoliberal e a “tecnologia” utilizada para impor o tal “sistema da dívida”. 
E o que é o “sistema da dívida” ?
Pode ler-se o conceito em Maria Lucia Fattorelli: 
“O mundo capitalista financeirizado, marcado por enorme poder do sector financeiro privado e sua excessiva liberdade: pode criar grandes volumes de papéis sem lastro, operar nas sombras, fora de qualquer regulamentação, à margem de escrituração contábil, protegido pelo sigilo bancário e com amplo acesso a paraísos fiscais, onde desaparecem lucros e registros. Tal situação tem servido para garantir a opacidade de vultosas operações financeiras, permitindo fiquem encobertos crimes de lavagem de dinheiro, tráfico de drogas, armas e pessoas, contrabando, entre outras.” 
As consequências de tudo isto para o mundo do trabalho, são trágicas.
Raros são os noticiários que não nos pretendam “embebedar” com a criação de empregos, a proliferação de postos de trabalho temporários utilizando subsídios à tripa forra, como se a situação financeira fosse brilhante, para manter artificiosamente cursos de formação profissional, subsidiados e pagos “à hora” aos formandos, o que até agora, juntamente com a avassaladora emigração nos últimos 3 anos de perto de 500 mil jovens, maioritáriamente jovens muito qualificados, vão servindo à canalha que nos governa, para disfarçar o problema.
A permanente incidência das estatísticas nos noticiários, sobre no número de desempregados, mais não é do que o reflexo dos artifícios temporais, com que disfarçam a incapacidade de manter um nível de emprego, que satisfaça as necessidades dos que vivem do seu trabalho.
É  lógico perceber que as as necessidades de mão de obra, num mundo em que a evolução técnico-cientifica permite a informática e automatização eliminar tão esmagador número de postos de trabalho, as promessas de criar empregos não passam disso mesmo….promessas.
As formas sofisticadas de que o patronato e a conivência dos governos, se estão a sevir para enganar os trabalhadores, dada a sua continuidade e persistência estão a tornar claro que a  sistematização do desemprego, tem como limite a fronteira do medo e da paz social controlável e como solução única, novas relações de produção.

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