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domingo, 24 de abril de 2011

O RETRATO DOS ESTADOS UNIDOS
NAS SUAS RELAÇÕES COM ÁFRICA


“Desde Bill Clinton, George W. Bush e agora Obama, que aprendemos que a lei não significa nada para o poder executivo dos EUA. Eles não obedecem às próprias leis, não obedecem ao direito internacional, violam as liberdades civis e enterraram o fundamental do habeas corpus, de que não há crime sem dolo, e o direito do réu a estar legalmente representado”
“Não respeitam a lei, portanto não vão dar atenção à ONU. A ONU é uma organização-fantoche dos EUA e Washington irá usá-la como cobertura. Portanto, sim, se não conseguirem correr com Kadafi, irão colocar tropas no terreno; é por isso que temos os franceses e os britânicos envolvidos. Estamos a usar os franceses também noutro ponto de África; usamos os britânicos no Afeganistão. São marionetes.
Estes países não são independentes. Sarkozy não responde perante o povo francês; responde perante Washington. O Primeiro-ministro britânico não responde perante o povo Inglês, mas perante Washington. Estes são os governantes-marionetes de um império, nada têm a ver com seu próprio povo, somos nós quem os põe no poder”

Estas são palavras do Dr. Paul Craig Roberts, antigo secretário-adjunto do Tesouro dos EUA, publicado no “Diário.info” e que pode ler AQUI.
Da entrevista em questão, chegamos a três conclusões:

1 – Os Estados Unidos pretendem colocar no poder na Líbia, marionetes que lhes permitam o controlo do governo e consequentemente do seu petróleo.

2 – Retirar a Líbia da influência chinesa, como reflexo da preponderância que a China tem vindo a adquirir em toda a África e perturbar ou impedir concretamente os 50 enormes projectos que este país tem para o Leste da Líbia, bem como o seu acesso ao Mediterrâneo.

3 - Os EUA estão a organizar o “AFRICOM” Comando Africano dos EUA, destinado a coordenar todos os interesses militares e de segurança dos EUA em todo o continente africano. Como a Líbia se recusa a colaborar, tal como a quase totalidade dos outros países africanos, derrubar Kadafi é essencial para alterar a situação.

Na execução do plano para derrubar Kadafi, segundo o antigo secretário-adjunto do Tesouro:
“há relatos fidedignos de acordo com os quais a CIA está envolvida nos protestos - enviou para a Líbia os seus activos líbios para comandar a rebelião - a CIA está a fazer isso e estão a violar a resolução da ONU - se conseguir derrubar Kadafi, o próximo alvo será a Síria, que foi já diabolizada - a Líbia ser ou não governada por “revolucionários” depende da CIA ganhar - os relatórios segundo os quais a CIA está na origem da designada revolta e dos protestos e de que está a fomentá-los e a controlá-los.”

A própria secretária de Estado Hillary Clinton, afirmou no dia em 20 de Abril passado, que os Estados Unidos já disponibilizaram US $ 25 milhões de dólares de auxílio às forças revoltosas e que Chris Stevens, um ex-funcionário da Embaixada dos EUA em Tripoli, na Líbia, foi conversar com membros da oposição para avaliar suas necessidades e retransmiti-las aos funcionários dos EUA em Washington.
É essencial relembrar que em relação a África, até ao fatídico 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos achavam que a África não lhe merecia quaisquer preocupações especiais e “era um assunto resolvido”.
É a partir dessa data, que especificamente em relação aquele continente decidem a redireccionar as suas orientações militares, reformular completamente as suas opções geoestratégicas e a inflectir a sua política externa, perante o óbvio aumento da implantação da China, junto da generalidade dos países africanos.
De facto a China, através de uma política de relações bilaterais justas e generosas, fornecendo financiamentos, técnicos e mão-de-obra qualificada para o desenvolvimento desses países, contrariamente ao que tinha acontecido com os exploradores/colonizadores europeus, conquistaram uma enorme influência e prestígio, na maioria dos países africanos.

Em troca garantem certamente o seu abastecimento em matérias primas (a preços justos) que necessitam para manter os seus elevados indices de desenvolvimento.
Por outro lado, os Estados Unidos que até aí contavam com a fragilidade desses países e com a maioria dos governos corruptos, sempre pensaram que facilmente dominariam qualquer situação que fosse contra os seus imperiais interesses, assegurando pelo suborno ou pela força, o petróleo e outros recursos naturais de África.
Foi com grande surpresa que constatou, quando da opção desta nova estratégia militar, que a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC, na sua sigla em inglês) lhes negou a possibilidade de estabelecer bases militares em qualquer país daquele continente.
As únicas excepções que se propuseram aceitar os comandos americanos, foram a Libéria, cujas origens na história da escravatura e relações especiais com os Estados Unidos o justificam e Marrocos, que não pertencendo à União Africana e tendo um governo despótico, não queria desagradar aos Estados Unidos, para que este não se opusesse, á repressão que exerce sobre o seu povo.
Tendo em vista a nova correlação de forças mundial, os Estados Unidos inflectiram a sua política externa naquele velho continente, procuram agora desesperadamente consolidar ali a sua influência militar, para não colocar em risco os seus interesses geoestratégicos e consequentemente a sua hegemonia mundial, bem como a sua capacidade de saquear as matérias-primas essenciais, que em África são abundantes.
Era ao Comando Europeu americano que competia coordenar a maior parte da Europa e da África Subsariana.
Na nova reestruturação geoestratégica é ao “United States Africa Command” (AFRICOM), que passará a ter a responsabilidade de todo o continente africano, com excepção do Egipto, que está previsto continuar integrado no Comando Central americano. Este incluirá também São Tomé e Príncipe, as ilhas Comores no Oceano Indico, Madagáscar, Maurícias e Seicheles.
Ao Comando Central americano, caberá também coordenar os esforços militares no Corno de África, bem como no Médio Oriente, e na Ásia Central.
Ao Comando do Pacífico, está reservado o Leste e o Sul da Ásia, bem como o Oceano Indico e as ilhas que ficam ao largo da costa sudeste africana.
Por outro lado Ao Comando do Sul, caberá a coordenação da América do Sul, América Central e as Caraíbas.
É curioso observar que ainda em Fevereiro de 2007, altura em que o ex-presidente dos Estados Unidos George W. Bush o anuncia criação do AFRICOM, o mundo era dominado pelo dólar.
Quatro anos depois, quatro anos somente, a história do mundo alterou de tal modo os dados da questão, que tudo ou quase tudo está a ser equacionado de novo.
Não haverá Obamas., Davids Camerons, ou quaisquer Sarckosys , que consigam alterar o rumo da história e da evolução da espécie humana.
Uma nova luz, já ilumina o horizonte.
É a luz da Revolução que trará a liberdade e a emancipação dos povos, que contínua no entanto a ser uma conquista a fazer paciente e persistentemente.
Na evolução natural da sociedade, essa esperança para se tornar realidade necessita de luta e de esforços incessantemente renovados, até á vitória final.



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