O ENCANTO DAS PAISAGENS E DO POVO DO LAGO LUGU
Recebemos “power points” das mais variadas origens.
Uma delas enviou-nos um, com paisagens maravilhosas e figurantes em trajos muito coloridos.
Despertou-nos a curiosidade saber do que se tratava, mas infelizmente todas as legendas estavam em chinês.
Quando para satisfazer essa curiosidade, nos socorremos do tradutor da Net, ficámos um pouco desorientados porque a tradução era absolutamente incompreensível e por vezes ilógica.
Dava-nos coisas como por exemplo: “Filha oriental do país Mosuo na Margem do Lago Lugu” ou ”Não há pai e filho, marido e esposa, esposas, tias ou relacionamento Wengxú”.
Para ver se encontrávamos sentido para esta e outra legendas do género, resolvemos fazer um pesquisa na Net e de informação em informação, fomo-nos apaixonando pelo tema e descobrindo algo que, nos tempos que correm, nesta sociedade de informação, era absolutamente impensável!
Ainda há neste mundo, em países avançados tecnologicamente, como indiscutivelmente é a China, sociedades matriarcais!
Aprofundando a pesquisa, pelo seu verdadeiro interesse cultural, chegámos ao texto que publicamos a seguir, e deu material para legendar o “power point”, que colocamos no fim do texto.
Para visualizar com mais pormenor o que relatamos, indicamos no fim três endereços, que nos levam aos vídeos publicados no “You Tube “ , sobre o assunto.
Despertou-nos a curiosidade saber do que se tratava, mas infelizmente todas as legendas estavam em chinês.
Quando para satisfazer essa curiosidade, nos socorremos do tradutor da Net, ficámos um pouco desorientados porque a tradução era absolutamente incompreensível e por vezes ilógica.
Dava-nos coisas como por exemplo: “Filha oriental do país Mosuo na Margem do Lago Lugu” ou ”Não há pai e filho, marido e esposa, esposas, tias ou relacionamento Wengxú”.
Para ver se encontrávamos sentido para esta e outra legendas do género, resolvemos fazer um pesquisa na Net e de informação em informação, fomo-nos apaixonando pelo tema e descobrindo algo que, nos tempos que correm, nesta sociedade de informação, era absolutamente impensável!
Ainda há neste mundo, em países avançados tecnologicamente, como indiscutivelmente é a China, sociedades matriarcais!
Aprofundando a pesquisa, pelo seu verdadeiro interesse cultural, chegámos ao texto que publicamos a seguir, e deu material para legendar o “power point”, que colocamos no fim do texto.
Para visualizar com mais pormenor o que relatamos, indicamos no fim três endereços, que nos levam aos vídeos publicados no “You Tube “ , sobre o assunto.
LAGO LUGU
E A ETNIA DOS MOSUOS
Lago Lugu, tem uma área de 50 quilómetros quadrados e fica a 2.690 metros de altitude. Estende-se pelas províncias de Yunnan e Sichuan, no sudoeste da China e fica a 270 quilómetros da cidade de Lijiang.
Para se chegar lá, é preciso atravessar cinco montanhas, a mais alta das quais, atinge os 4 mil metros de altitude.
No lago há uma península e 8 bonitas ilhas que vistas de longe, parecem bancos verdes flutuantes nas águas. É famoso por sua lindíssima paisagem natural.
O lago tem águas límpidas, tão claras e transparentes que na margem se consegue ver os peixes nadando no fundo das águas. A profundidade média é de 45 metros e a maior atinge os 90 metros.
O nome Lugu vem da língua da etnia Mosuo e significa "lago no vale das montanhas".
Nas margens do lago, devido á dificuldade dos acessos, durante muitos anos, viveram completamente isolados 7 das 55 etnias que existem no país: Yi, Han, Naxi, Tibetanos, Pumi, Bai e Zhuang e uma etnia muito especial os Mosuos (também soletrado Moso ou Musuo), que são uma das raras espécies de sociedade matriarcal, ou “matrilineal”, que ainda se mantêm fieis aos seus hábitos ancestrais.
Em todo o mundo, este tipo de organização social só continua a existir em Minangkabau na Sumatra ocidental, na Colômbia britânica com Gitksan, em algumas etnias na India, na reserva india Hopi, no nordeste do Arizona, os Tuaregues do deserto do Sahara e cremos que também os Nagovisi da ilha de Bouganville em frente a Papua Nova Guiné, ao norte da Austrália, integram uma comunidade com um enorme domínio das mulheres.
São mais de dez as aldeias dos Mosuos. A aldeia de Lige, situada no extremo da península, é provavelmente a aldeia mais primitiva dessa etnia.
As habitações são de madeira, com pátios interiores quadrangulares. Tradicionalmente havia no centro da casa um fogão aceso durante todo o ano, que correspondia á lenda que só com o fogo, a família prospera. Portanto, o fogo não pode apagar. Se isso acontecer, a família decai.
Deduzimos que tal crença se deve ficar a dever ao facto de em tempos imemoriais, ser mais difícil fazer fogo, do que manter uma fogueira.
Considerar como sinal de decadência da família, não deve ter outro significado senão servir de estímulo (ou regra) para manter um lume constante, tão necessário ao conforto da família, como em certas circunstâncias á sua própria sobrevivência.
Além disso também costumam colocar comida ao lado do fogão, em oferenda aos antepassados.
Os Mosuos fazem parte do grupo da etnia Naxi, descendentes de nómadas tibetanos
Cultivam cereais e batatas. Como a carne, é uma parte significativa da sua dieta, criam yaks, búfalos da água, carneiros, cabras, e aves domésticas, sendo auto-suficientes no que se refere às necessidades dietéticas, o que os torna muito independentes.
Devido ao facto de não terem refrigeração, a maioria de carne tem de ser salgada ou fumada, a fim de a preservar.
É famosa a sua carne de porco assim conservada, que pode ser mantida por 10 anos ou mais.
Bebem uma bebida alcoólica parecida com uma cerveja muito forte, destilada a partir da fermentação dos açúcares derivados dos grãos de cereais e a que chamam “Sulima”.
É normalmente oferecida aos hóspedes e bebida em todas as cerimónias e festivais importantes.
Têm sua própria língua falada, mas não tem escrita. Para preservar a sua tradição cultural, ensinam nas escolas o chinês e a língua Mosuo.
Não há actualmente nenhum formulário escrito da língua nativa de Mosuo, que é uma língua puramente oral, em que toda a história, tradição e cerimónias, são passados de geração em geração, pela palavra.
Julgamos que este factor lhes deve proporcionar um superior desenvolvimento intelectual, tendo em conta o paralelismo que se pode fazer, nesta área, com o que se passou com as primitivas tribos judaicas.
Curiosamente na sua língua, não há palavra para significar "pai", “violação”, etc.
Os Mosuos têm também sua própria religião nativa, que usa 32 símbolos. Estes símbolos não representam uma língua escrita.
O sacerdote, ou Daba, papel que muitas vezes recai sobre o homem mais velho da família, faz oferendas aos ancestrais antes de cada refeição, em cima da lareira, chamado “guozhuang”, que está situada em frente do altar.
A lareira é o lugar onde todos os rituais são executadas, desde a celebração dos nascimentos, á quarentena dos doentes.
Os Mosuos são famosos pelos seus cantos, danças e pelas coloridas roupas. Dizem que eles sabem cantar desde que aprenderam a falar e sabem dançar desde que começaram a andar.
Fisicamente divergem do resto da população chinesa.
A sua ascendência hindu e tibetana, caracteriza-se por terem a pele mais morena e serem altos, com o rosto alongado e os olhos maiores do que a média da China.
É curioso, sendo a China um país onde os homens são a maioria, na política, na vida doméstica e na sociedade em geral, a figura masculina é quem dita as regras.
É raríssimo ver uma mulher fumar, beber ou sentar-se sozinha num bar ou restaurante e mesmo com a abertura económica, a China continua sendo um país dominado pelos homens.
É neste país, caracterizadamente machista, que subsiste uma região com um sistema matriarcal, ou “matrilineal”, de acordo com o qual as mulheres são dirigentes das famílias e todos os membros familiares são descendentes da mesma mulher.
Esta forma de organização está tão solidamente enraizada que anos 70, os funcionários da revolução cultural tentaram impor o matrimónio e a monogamia como imperativo legal, mas logo que esse movimento de massas terminou e a guarda vermelha retirou, os matrimónios desfizeram-se e voltaram ao amor livre.
Actualmente o governo central respeita essas tradições.
Esta peculiar organização social, com origem há milhares de anos teve origem e maior incidência na China rural por várias razões:
1º - As características nómadas dos comerciantes de origem tibetana,
2º - As guerras que mobilizando um excessivo número de adultos, ao morrerem em combate, provocava grande carência de homens.
3º - Durante determinada época histórica, os senhores feudais, fomentavam este regime, que lhes facilitava a manutenção do seu poder.
4º - Os monges budistas, pelo seu voto de castidade não podiam formar família, nem reconhecer a sua descendência, diminuía igualmente a possibilidade das mulheres encontrarem parceiro.
Quando a assimetria é muito grande entre o número de homens e mulheres, uma das soluções naturais para a sobrevivência da espécie, é o matriarcado.
Daí resulta não ser surpreendente, encontrar um povo com as características dos Mosuo, em que todas estas circunstâncias se acumularam, ao isolamento em que viviam e às dificuldades de comunicação daí resultante, ver as mulheres imporem-se e terem a sua sexualidade encorajada desde muito cedo.
E são nesta altura, mais de cinquenta mil habitantes, que nas margens do Lago Lugu, preservam este tradicional modo de viver, que tem como consequência estranhíssima para nós europeus, não haver maridos, nem pais.
É ao irmão da mãe que cabe a responsabilidade de educar os filhos desta e lhes transmite princípios de moral e ética, exercendo o papel de "pai social".
Não existe repressão sexual. Pelo contrário, elas podem se relacionar com quem bem entenderem.
É o chamado “casamento andando” (ou “hun do zou” em chinês),
Depois de escolhido o parceiro, ele deve visitar a pretendida ao anoitecer e ir embora antes de amanhecer. Senão o fizer, vira motivo de chacota na povoação.
Os amantes se reúnem á noite, mas vivem separados durante o dia e cada um, na casa das suas próprias mães.
Com esta tradição matrimonial, o homem e a mulher não contraem casamento, como é normal nas sociedades modernas e ter filhos de homens diferentes, não carrega qualquer estigma negativo.
No entanto, ter uma relação com mais do que um homem, é absolutamente condenável pela família.
As mulheres, são as provedoras da família e a propriedade é transmitida através da linha feminina.
Os símbolos do poder nesta sociedade, são a propriedade privada e o nome de família que passam de mãe para filha.
As mulheres fazem o trabalho pesado: enquanto cuidam das plantações de arroz, os homens ficam em casa, com as tarefas do lar. Eles raramente vão para lavoura e sempre sob o comando delas.
São as mulheres que tomam decisões nos negócios e só poder político, parece (dizemos ….parece!!!) estar nas mãos dos homens.
A avó, é a pessoa de maior respeito e direito da família.
Cada família constrói um quarto para a avó, o “zuwu" que serve como centro de actividade e é o sítio onde toda a família se reúne, á volta da lareira, (ou yimi na língua Mosuo) para discutir os assuntos familiares e combinar os trabalhos do dia seguinte. A maioria dos familiares, vive dentro do quarto comunal, sem espaços confidenciais.
Há regras muito rígidas, para a forma como se cumpre este ritual. As mulheres encabeçadas pela avó se sentam á direita do fogo, enquanto os homens dirigidos pelo tio mais velho se sentam á esquerda.
As mulheres são mais alegres, comunicativas e extrovertidas que a maioria das chinesas, quase sempre sisudas, e os homens têm um perfil tímido, quase submisso. Eles não parecem ser tão felizes, quanto as mulheres.
A condição feminina parece tornar-se invejável.
A formação eventual de um casal, nas condições acima referidas e designadas por “casamento andando” com um homem que não seja Mosuo, está proibida.
No passado, as mulheres que tivessem um tal comportamento, poderia enfrentar uma punição muito severa, caso a sua família descobrisse.
Quando as crianças, rapazes e raparigas, atingem os 13 anos de idade, os familiares preparam uma cerimónia para celebrar a sua maioridade, sinal de que estão suficientemente maduros na sua sexualidade, para poderem ter amantes.
Antes dessa idade, as crianças são proibidas de participar em determinadas actividades, particularmente aquelas que envolvem cerimónias religiosas.
Uma criança que morra antes de ser submetida aquela cerimónia, não tem o direito às liturgias do funeral tradicional.
A partir daí, as meninas passam a usar um ornamento na cabeça herdado dos antepassados e veste uma saia com fralda plissada numa chamada “cerimónia das saias” e aos rapazes são dados umas botas de couro e começam a vestir calças, bem como uma fita vermelha de seda na cintura, naquilo a que tradicionalmente se chama a “cerimónia das calças”.
Depois da cerimónia, a mãe desocupa um quarto no lado oposto á sala para as rezas, ornamentando-o com uma bela decoração e colocando uma cama para ela poder receber o moço. O quarto tem ainda um pequeno forno.
Essa divisão separada, chamada “Hualou” jamais pode ser visitada por pessoas de fora.
Quando faz muito frio no inverno, a mocinha fica sentada ao lado do forno para esquentar-se, enquanto prepara água quente.
Quando o moço chegar, a menina oferece chá quente para ele"
Os rapazes continuam vivendo no “zuwu” com a sua família materna durante o dia e á noite com as suas amantes, mas têm de regressar antes de amanhecer, como manda a tradição, senão, como já acima referimos, serão vítimas de chacota na povoação.
Esta forma de matrimónio se baseia nos sentimentos dos parceiros, e se o amor não existe, separam-se pacificamente e procuram outro cônjuge mais adequado.
Se a mulher quiser acabar um relacionamento, basta não abrir a porta.
Acontece que os Mosuos são muito prudentes a eleger o seu parceiro e não começarão um novo romance sem terminar o anterior, para manter a boa reputação da família e não manchar o prestígio dos seus irmãos.
As relações sexuais em mulheres com mais de cinquenta anos, são muito mal vistas
Actualmente os Mosuos, vão tendo cada vez mais contacto com o mundo exterior, e estão ansiosos de conhecer a vida para além das montanhas. Alguns jovens abandonando a sua casa para experimentar outras formas de vida, acabam por regressar, passados alguns anos.
Confessava um dos que regressaram: "Quando vivemos algum tempo fora de casa apreciamos mais a nossa cultura, pois entre os amantes não existem disputas de propriedade e outras coisas. A vida aqui é mais simples e feliz”
Numa adaptação aos tempos modernos, é durante as sessões comunais de cinema que se dão os contactos prévios. Elas arranham suavemente a palmas da mão dos seus eleitos, para convidá-los a uma visita nocturna á sua habitação.
No entanto, actualmente é mais comuns as mulheres estabilizarem a visita, com apenas um homem.
Embora o turismo esteja a descobrir os encantos desta zona e a influenciar uma transformação no modo de vida e tradição destas populações, os Mosuos mantêm privados certos espaços e domínios da sua vida, nomeadamente as casas de oração, os quartos das mulheres e às vezes também a casa da matriarca".
Tivemos acesso a uma notícia, onde uma jornalista oferecia uma grande verba para a deixarem visitar um “Hualou”, e foi-lhe recusado.
Veremos por quanto mais tempo, poderão resistir, as singulares tradições deste povo.
NESTE LINK
E DEPOIS EM F5
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E PARA TERMINAR PODE VER OS VIDEOS
QUE LHES PROMETEMOS ACIMA
1º VIDEO
2º VIDEO
3º VIDEO
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