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sábado, 17 de janeiro de 2009

UMA REFLEXÃO NECESSÁRIA

O HAMAS COMO REALMENTE É
De um leitor do meu Blogue, que se diz Director pedagógico de um colégio, que não conheço pessoalmente, e que a par de algumas publicidades comerciais aos cursos que são o seu negócio, me tem enviado e-mails a emitir opinião sobre algumas matérias nele abordadas.
Tenho-me sentido tentado a responder, em certas alturas a alguns dos argumentos invocados mas, sem querer diminuir o direito ao comentário, antes pelo contrário, nunca como hoje o meu desacordo com algumas dessas opiniões me causaram tanto, digamos….desconforto!
Então vamos lá ver se conseguimos fazer perceber a razão que ele não tem, porque é tão importante, como a razão que nós temos.
Digo isto, porque não sabendo tudo sobre as matérias em causa, sei que ele no que diz, não a tem, e o pouco que sei, chega para lhe provar até que ponto está enganado. Para sistematizar a resposta, vou utilizar o texto que ele me envia em itálico e a minha resposta será dada ponto por ponto.
Ora vamos lá a isto.
O texto traz múltiplas citações e longos textos em inglês, como fonte e testemunho em que apoia os seus argumentos e termina com 12 páginas nesse idioma, que é o "The Covenant of the Islamic Resistance Movement 18 August 1988", ou seja o "Manifesto central do HAMAS" tudo em inglês.
Além de ficar a saber que o senhor deve dominar perfeitamente o inglês, obriga-me a confessar modestamente que só arranho o inglês, o francês, o italiano, vagamente o alemão e naturalmente o espanhol e portanto não vou responder dessa maneira, e vou utilizar a nossa língua exclusivamente, porque nela estou um bocadinho mais á vontade.
De resto a “catrefa” de textos com opiniões contrárias às suas, também em línguas estrangeiras acima referidas são tantos, que necessitaria para apoiar as minhas afirmações, que se encontrasse algum poliglota leitor, com paciência suficiente para os ler, desperdiçaria certamente muitos meses da sua vida, o que convenhamos seria um desperdício.
Só vou argumentar o que vem em português ……e já chega, até porque o que vem em inglês é uma pretensa prova, das ideias que estão expressas na nossa língua.
Certamente resultado de resquícios do velho critériode que o que é estrangeiro, é melhor que o artigo nacional.!!!
1ª Questão - Diz o seu texto:
(4 linhas de reprodução de citações em inglês) e continua em portuguêsde sua autoria:
A organização dita palestiniana, HAMAS, nunca quis a Paz com Israel, e aliás, nos seus documentos políticos, (vejam mais abaixo o The Covenant of the Islamic Resistance Movement 18 August 1988, enfim o Manifesto central do HAMAS) apela ao desaparecimento deste País.
Repito o que diz acima: A organização…. “dita”…..palestiniana, HAMAS” etc.etc.!!!
Caro senhor, se tem duvidas que o Hamas é “palestiniano”, muito mais duvidas terá sobre se os Israelitas são judeus, pois naquele local há 70 anos, somente uns milhares de judeus lá viviam e em harmoniosa convivência com as populações árabes locais. Os que foram para lá depois……serão ou não (ai valham-me os Deuses!!!...que duvida eu estou a pôr!!!)
Como deve saber a partir de 1945 o movimento sionista, com o seu esmagador poder económico foi comprando algumas quintas aos árabes e colocando lá os judeus vindos dos campos de concentração ou arrebanhados em países onde se encontravam estabelecidos há milhares de anos, unidos pelos conceitos religiosos e pelo mito da “Terra Prometida”.
Como não podiam comprar mais, resolveram rou…bá…..la!.
(Leia-se fizeram a chamada Guerra dos 6 dias ou Yom Kyppur)!!!
Mas se quiser saber mais pormenores, como por exemplo, porque os ex-prisioneiros dos campos de concentração não foram parar á Africa do Sul, não precisa de ir muito longe.
Neste mesmo blogue, o seu primeiro texto é exactamente uma carta aberta a Pacheco Pereira sobre este assunto, que escrevi em 28 de Fevereiro.
Tem lá a explicação histórica de tudo o que se passou nessa altura, pois também ele me pareceu que não sabia, ou fingia não saber muito sobre esse tema e vi-me na necessidade de lhe explicar. Recomendo-lhe o artigo, para poupar tempo com mais explicações.
Está lá tudo.
Volto a repetir o que um pouco acima diz: “nunca quis a Paz com Israel, e, aliás, nos seus documentos políticos……..”
Como “devia saber” (se é que não sabe,…..sem ofensa!!) o Hamas, organização fundamentalista religiosa, nasceu no final de 1987, estimulada por Israel, que via nela uma forma de minar a liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), dominada pelo Fatah do falecido líder nacionalista Iasser Arafat.
Financiada directa ou indirectamente por alguns países árabes e inicialmente até pelos serviços secreto israelitas.
Era uma organização, inspirada na Irmandade Muçulmana egípcia, misto de milícia, partido e instituição de caridade.
Dedicava-se fundamentalmente á beneficência e só muito mais tarde evoluiu para se tornar um grupo radical, não se aliando á Fatah de Arafat, por questões religiosas (rivalidade Sunitas/Xiitas) e pela comprovada corrupção existente entre os dirigentes dessa organização, que na altura lutava sozinha contra Israel, para tentar expulsar os israelitas dos territórios que estes ocuparam após a guerra dos 6 dias (ou do Yom Kippur) em 1973.
Aceito que recentemente o Hamas apele ao desaparecimento de Israel, certamente por uma questão táctica, pois na sua origem e até há pouco, todos os documentos referem desejar apenas remeter Israel às fronteiras anteriores aquela guerra.
Esta mesma organização, aliás, mal ganhou as eleições, expulsou a OLP de Gaza, a tiro, pelo que duvidosamente está interessada em dividir o poder seja com quem for, judeu ou palestiniano, e não é por acaso que no seu manifesto de 1988 se diga o que segue sobre a OLP.
Seguem-se 6 linhas em inglês a explicar as diferenças do comportamento religioso entre as duas facções e pouco mais.
O que é importante perceber é que o (religioso) Hamas, era contrário aos acordos entre Israel e as lideranças do partido (secular) palestino Fatah.
Venceu as eleições legislativas de 2006 em Gaza e na Cisjordânia e a pesar dessa vitória reconhecida por todos, como democrática, legítima, processada e fiscalizada por entidades independentes, não foi reconhecido por nenhum governo “dito ocidental”.
O gabinete dirigido pelo Hamas foi boicotado por Israel e as potências ocidentais.
Abbas recusou-se a ceder ao Hamas o comando das forças de segurança.
A crise política resultou em conflito armado que levou à expulsão do Fatah de Gaza.
Diálogo para um governo de união nacional, mediado por Qatar, fracassou sob pressão dos EUA.
A eleição de 2006 dividiu a liderança palestina.
O Hamas assumiu a chefia do gabinete, mas a Presidência da Autoridade Nacional Palestiniana (ANP) continuou nas mãos de Mahmoud Abbas, do Fatah.
Só restou ao Hamas recorrer á força para exercer o poder que as urnas lhe tinham outorgado. Mas só o conseguiram fazer na faixa de Gaza.
Nem sequer me preocupo em argumentar porque não conseguiu impor-se no restante território, de tal maneira é óbvio, que não quero passar um atestado de “menos capacidade” a um Director Pedagógico, caso me atrevesse a justificar essa explicação.
Esta mesma organização, como verão no mesmo manifesto, da educação tem a ideia da educação religiosa, pela memorização sistemática do Corão; tem, das mulheres a ideia de que devem cobrir-se da cabeça aos pés, da política a ideia de que a centralização do Estado se faz através da centralização do mesmo nas mãos dos religiosos; tem das pessoas a ideia que conduz os pais a enviarem os filhos de bombas amarrados ao suicídio. A estas atitudes e posições chama-se ser fascista.
Quere-se dizer, independentemente das razões subjacentes ao Corão, determinarem as mesmas regras para todos os crentes da religião muçulmana, há que abrir uma excepção para o Hamas, por recomendar comportamentos que são generalizadas a todos os seguidores dessa religião, mas que á partida, no seu entendimento, estão automaticamente dispensados de levar á prática se não forem do Hamas.
Porquê? Deduzo eu, para não serem “fascistas”.
É evidente, que o exagero de considerar a doutrina preconizada pelo Corão como contendo instruções que “levam os pais a enviarem os filhos de bombas amarrados ao suicídio”, é pura demagogia.
O genuíno amor dos pais, de qualquer religião, em qualquer país do mundo, tem em comum a maior capacidade de amar o próximo, na figura de um filho.
É não só da natureza humana, como de todo e qualquer outro animal.
É a sobrevivência das espécies, a determinarem os sentimentos e instintos.
É dialéctica Hegeliana.
Só que neste caso estamos esquecendo que essa é a única forma artesanal ao seu alcance, para sacrificando o seu amor supremo, poder atingir o inimigo, que está a pôr em risco não só a sua sobrevivência imediata, como também a longo prazo a manutenção da sua “espécie” (numa perspectiva religiosa).
É o seu Deus, dissemelhante de todos os outros Deuses, que merece tal sacrifício.
Que justifica ele ser “fascista”.
Nós, que nos dizemos cristãos, esquecemos que a Bíblia da Igreja católica apostólica romana, quase ignorada por esta há 50 anos, certamente para não ser confrontada com a inenarrável violência que ela retrata, em quase todas as suas páginas.
O medo é a sua essência e a morte é o seu argumento.
O Corão ao pé dela é um romance cor-de-rosa.
É pois com espanto que vejo alguma Esquerda, por este mundo fora, apelar a um acordo com esta seita fascista que, ainda por cima, recusa qualquer acordo de paz, como se vê acima e mesmo no seu manifesto de 1988, e cito:
Seguem-se mais 3 linhas em inglês, a garantir em resumo, que a solução é a “Jhiad”
É do meu ponto de vista e pelo que atrás sintetizo, absolutamente incorrecto, chamar o fascismo como argumento neste caso.
É sobretudo intelectualmente desonesto, tentar relacionar o fascismo, com o apoio de qualquer que seja a esquerda, numa qualquer perspectiva ideológica.
Os que apoiam a luta dos árabes contra os israelitas, na libertação da Palestina do jugo do imperialismo americano, esse sim fascista, muito “petrolíficamente” disfarçado com o oportunismo Bíblico do Sionismo mais retrógrado, reflectem isso sim, um profundo respeito pela verdade da vontade daquele povo que elegeu democraticamente o Hamas para dirigir os seus destinos.
É, absolutamente insustentável que seja quem for que apoie a Democracia possa apoiar o Hamas.`
Estava tentado a pedir-lhe desculpa, por pensar acusá-lo de o senhor está a ler ao contrário, fazendo das vítimas carrascos.
Mas deve ser impressão minha, visto que o senhor se diz “Director Pedagógico” e como tal, deve ser o “ponto de vista” que está mal..... da dita!.
Como não tenho dúvidas quanto a aceitar ser verdade o que dizem os responsáveis de Israel – cada vez que o fanatismo islâmico se sente derrotado esconde-se cobardemente atrás das mulheres e crianças deixando sempre este problema, pára-se com a guerra para que eles ganhem tempo e se rearmem uma e outra e outra vez ainda?
Caro senhor, como lá “atrás sintetiza” como “certezas” certas e acima refere “que não tem dúvidas”, corre o risco de Cavaco Silva lhe exigir direitos de autor.
Quanto ao fanatismo islâmico quando se sente derrotado, esconde-se atrás das mulheres e crianças (cobardemente, classifica você!!!) aconselho-o a ler o que sobre isso eu escrevo neste Blogue nos artigos que escrevi no dia 8 de Janeiro “Gaza Hipocrisia Sangrenta”, no dia 9Gaza”, no dia 11, “A televisão na Faixa de Gaza” .
Se no fim dessas leituras não chegar á conclusão que afinal o seu problema é um grave caso de miopia, aconselhava-o generosamente a ir ao médico.
Não lhe aconselho a especialidade, porque no fundo ainda não estou seguro de qual é verdadeiramente o seu problema.
É tempo, penso, de começar a exigir aos islâmicos que se demarquem de vez face ao fanatismo e é tempo da Esquerda se deixar de “jogos” sem regra face a estes fanáticos, Aliás, cito o que eles pensam dos Comunistas,”……………. ou melhor juntando o que o Hamas pensa sobre a Maçonaria e os Rotários,
Seguem-se aproximadamente 6 linhas em inglês, para provar que o Hamas é anti-comunista, anti-Maçons, Anti-Rotários.
É curioso que o senhor lance o labéu de anti-comunista ao Hamas, para já não falar dos pobres Maçons e desgraçados Rotários.
Aos Rotários e Maçons, reconheço finalidades filantrópicas, concepções elitistas da sociedade, alguma reserva organizativa mais restrita e com mais características de seita nos Maçons que nos Rotários.
Todos terão certamente pessoas boas, óptimas, más, péssimas, dependendo do ponto de vista exterior ou quem sabe, mesmo do interior.
É muitas vezes uma questão de ponto de vista (cá estou eu, outra vez com o problema da “vista” desta vez designando por “ponto”, sem clarificar se é um “grande ponto” ou pequeno, quem está de fora a analisar).
Quanto aos Comunistas a coisa fia mais fino.
Certamente por modéstia, ou por a lista dos capitalistas ser muito extensa, não quis demonstrar quem são os anti-comunistas.
Limitou-se a referir os árabes do Hamas e mesmo esses com as citações em 6 linhas de transcrição do sua autêntica bíblia árabe, que parece ser para si, o “Manifesto Central do Hamas” ou para ser mais rigoroso o “The Covenant of the Islamic Resistance Movement 18 August 1988”, de cuja 15 páginas, o senhor teve a gentileza de me dar a conhecer.
Fiquei vergado!!!
Como sou comunista, só me tem preocupado a problemática da exploração do homem pelo homem, na busca de uma sociedade mais justa, fraterna e solidária, procurando aquela felicidade que certamente estava nos desígnios da Natureza, quando deu a inteligência ao homem, para se servir dela e justificar a excepção, com que estava a beneficiar o género humano.
Pelos vistos, a natureza dos Árabes, no seu ponto de vista (lá estou eu!!!) estão excluídos e será justo eles demonizarem os comunistas porque não fazem parte da Natureza.
Estarão á procura do céu, para aí então se realizarem nos desígnios divinos, sendo que os Israelitas, generosamente estão a chaciná-los para que eles mais rápido que devagar, atinjam o tal desígnio acelerando generosamente a sua ida para o céu, na maior quantidade possivel.
Temos que agradecer aos Israelitas o “modus faciendis” e aos americanos as ferramentas para essa altruísta função.
Finalmente vejam ainda o que pensa o Hamas sobre os acordos de paz,………… e mais ainda para que não hajam dúvidas e para que se perceba o porquê, da inicial pelo menos, rejeição da Resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas,
Novamente em 8 linhas ainda em inglês, para dizer que em resumo, não acreditam que lhes seja feita justiça e a solução é de facto a Jihad
Eu acho que fazem mal em não acreditar.
De certeza que o Conselho de Segurança das Nações Unidas ainda não reconheceu o Hamas como legítimo governo da Palestina, para não forçar o futuro presidente dos Estados Unidos a mostrar o que vai decidir: escolhe um cão de água português ou um gato persa.
Essa questão é mais importante do que se julga.
Segundo uma noticia que acabo de ler:
Jerusalém, 8 set (EFE) - Cães e gatos podem aprender a conviver e compreender suas diferentes linguagens, segundo um estudo da Universidade de Tel Aviv, cujo autor acredita que israelenses e árabes deveriam aprender com estes animais de estimação e começar a se entender. O zoólogo Joseph Terkel, especialista em comportamento animal, disse hoje à Agência Efe que sua última pesquisa demonstra que "cachorros e gatos podem aprender a conviver em uma mesma casa, , os animais podem se dar bem e, inclusive, aprender suas diferentes linguagens corporais.
"Por exemplo, um gato quando está zangado mexe o rabo da esquerda para a direita, enquanto um cachorro utiliza este gesto quando está contente.
É o que chamamos de comportamentos opostos",
Aqui está a solução, os árabes aproveitam quando virem os israelenses a dar ao rabo para a direita, deixam de dar ao rabo para a esquerda e tudo vai correr bem.
Caro Director Pedagógico, como vê estes estudos da Universidade de Telaviv, podem ser uma solução que não contunde com as suas convicções, ponho dúvidas é que os Israelitas não estejam mesmo empenhados em exterminar os árabes do Hamas primeiro e depois da restante Palestina, assim o mundo o permita.
Os argumentos que me enviou nas 15 páginas, não são precisos para justificar o direito que dizem lhes assistir desde há 3.000 anos, mais coisa menos coisa, á Terra Prometida, porque aquela questão do Moisés também não é muito garantida.
O que é importante é fazer parte do Povo Eleito de Deus, o que para qualquer “barra botas” árabe, Indo-Europeu ou Euro-asiático, não é fácil!!!

1 comentário:

Isaura disse...

Oh meu Amigo,
Coitadito do Sr.Director Pedagógico.
Uma desanda destas não se dá a ninguém com tantas "certezas" e nenhumas dúvidas...

Parece incrível que uma pessoa que diz fazer parte da Direcção de uma Escola tenha ideias tão retrógradas, estúpidas e fascistas (para usar das suas palavras que ele, sim, lhe assentam bem.

Assistimos diariamente ao massacre e destruição de um povo cuja terra foi transformada numa verdadeira prisão.
São tantas as atrocidades e os crimes cometidos pelos israelitas que é doloroso e difícil descrevê-los.
Como é que alguém pode pensar e "ver" as coisas desta maneira? Pior ainda, tentar impingir a outros tais ideias... Como é possivel???