Mensagem

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domingo, 15 de fevereiro de 2009


PODER ECONÓMICO E
DIREITOS DOS TRABALHADORES
DESIGUALDADES SOCIAIS E LIBERDADES DEMOCRÁTICAS

Fui ontem a um Debate e Reflexão organizado pelo PCP, sobre os temas acima referidos que teve lugar num Hotel em Lisboa.
Entre os convidados, alguns professores Universitários, introduziram os temas.
Todos técnicos de reconhecida competência, nas respectivas especialidades.
O programa, quer pela sua duração, quer pela qualificação dos intervenientes prometia e pus-me a caminho até á Capital, com a intenção exclusiva de finalmente encontrar, no meio desta crise avassaladora que vivemos, resposta para as minhas inquietações quanto ao futuro deste país e por arrasto da Europa e do resto do Mundo.
Os 120 quilómetros consumidos para tal, infelizmente, não me trouxeram nada de novo e saí ligeiramente frustrado.
A situação actual foi analisada correctamente e as medidas preconizadas são efectivamente coerentes e justas.
No entanto aquela que era para mim a questão principal, ficou sem resposta!
O primeiro convidado Dr. Pedro de Carvalho, dissertou sobre a crise do capitalismo, fez uma análise rigorosa dos seus parâmetros, valorizou a crítica á política financeirista, na base da qual está a dimensão gigantesca da actual crise.
Seguiu-se o Professor Doutor Jorge Leite, que numa intervenção muito convincente, argumentou sobre o novo Código de Trabalho, que considerou uma “Trapalhada” e mais tarde aceitou o epíteto de “Monstro”, dado por uma das assistentes, cujo texto já vai entrar em vigor na próxima semana, garantindo como especialista na matéria e profundo conhecedor dos textos e suas consequências, ser este Código, absolutamente inaplicável, dada a sua complexidade e numerosas incongruências jurídicas que encerra.
Seguiu-se a Professora Doutora Manuela Silva, do Conselho Nacional da Justiça e Paz, que começou por afirmar a sua qualidade de não alinhada ideologicamente com o PCP, utilizando sempre um cristianíssimo sorriso e prevenindo que iria colocar questões certamente desagradáveis aos “ouvidos” da assistência, por ter deduzido obviamente que a maioria dos presentes seria militante do Partido Comunista, apesar da descaracterização da sala onde decorria a conferência.
Confesso que a introdução foi de tal modo demarcada, que me chegou a passar pela cabeça que a “Senhora Professora” tinha ido ao engano.
De resto teria sido absolutamente dispensável, acentuar a sua qualidade de elemento não alinhado com a assistência, pois os argumentos defendidos, tinham o selo de origem de classe, que a caracterizavam como uma “bondosa” seguidora doutrina social da Igreja.
Na sua primeira intervenção foi dizendo em síntese, que era necessário era acabar com os escandalosas remunerações dos quadros superiores das empresas, criar um quadro de remunerações, com pormenores técnicos que terminavam intencionalmente com o fim dessas mesmas remunerações escandalosas aos quadros superiores e pela instituição de um leque salarial, estabelecido entre parâmetros que fossem considerados equilibrados.
Classificando a pobreza, como um crime contra os direitos humanos, sentiu-se justificada para alardear a sua tese, de que a solução para a acabar com essa pobreza, se situava sobretudo na moralização das remunerações auferidas pelos altos cargos das empresas, alem da criação de alguns impostos sobre outros altos rendimentos.
Surpreendente para mim, foi a subtileza mais moderada dos seus argumentos, na segunda volta, como que a reflectir positivamente o desconforto que lhe devia estar a causar as várias intervenções anteriores.
A Dr.ª Odete Santos abordou casos juridicamente escandalosos, que o “desgoverno” Sócrates tem feito germinar.
Como em nenhuma das intervenções vi resposta a algumas dúvidas que tenho, vi-me obrigado a pedir a palavra, quando chegou a ocasião programada para a intervenção dos assistentes, no debate.
Comecei por relatar algumas das afirmações feitas por elementos da Alta-Finança Internacional, numa da s reunião levada a cabo pela Fundação Gorbachev, (cuja sede em S. Francisco da Califórnia, era o quartel-general dos serviços secretos americanos, que centralizavam toda a acção e informação no combate á Ex -União Soviética e que após a queda do Muro de Berlim, foi “generosamente” oferecida a Mikhail Gorbachev), onde circunstancialmente se reunia os mais importantes e significativos agentes do Capitalismo.
Numa dessas reuniões em 1995, foi afirmado por um dos convidados, o magnata Washington SyCip, que no próximo século, para manter a actividade da economia mundial, dois décimos da população activa, serão suficientes.
Não haveria necessidade de mais mão-de-obra.
“Um quinto dos candidatos aos postos de trabalho bastará para produzir todas as mercadorias e fornecer a prestação de serviço que a sociedade mundial pode gozar”.
Quando lhe perguntaram, “então e os 4/5 restantes?
Respondeu: Ah esses vão ter problemas!!!!”.
Perante este dilema Gage, gestor da Sun Systems, afirma despudoradamente “a questão será..... “ter algo para comer ou ser devorado”.
Brzezinski acrescenta, que uma “sábia mistura de divertimento estupidificante e de alimentação suficiente permitirá manter de bom humor a população frustrada do planeta”
”A crescente pressão da concorrência, não permitirá que se peça às empresas que participem nesse esforço social”.
Aqui está a razão porque mensagem para os mercados financeiros sobre esta gravíssima crise que se está a desenvolver é clara:
Os enormes prejuízos eminentes, que, em condições normais, recairiam sobre as grandes instituições financeiras, serão socializados.
Outros interlocutores aconselham depois, que “para dar sentido á existência e garantir a integração: o voluntariado a favor da colectividade, a participação nas actividades desportivas, mediante uma remuneração modesta, ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do seu próprio valor”.
O professor Roy opina mesmo “nos países industrializados serão colocadas as pessoas a varrer as ruas, por um salário praticamente nulo, a troco de um miserável alojamento”.
Em suma os participantes acreditavam estar a caminho de uma “Nova Civilização”, em que se terá de criar condições para que os excluídos, permaneçam tranquilos.
Para quem está a ler agora este texto e queira conhecer em pormenor a acta dessa reunião, vá ao 1º texto que publiquei neste Blogue em 29 de Fevereiro de 2009 e leia “A Armadilha da Globalização/ A Sociedade dos dois décimos- de Werner Schwab.”.
Outra questão que levantei a pedir uma resposta aos conferencistas, foi o facto de como se poderá resolver a questão de perante o desenvolvimento tecnológico, nomeadamente a substituição dos trabalhadores pela Burótica, meios informáticos, robotização etc., com a consequente perca de postos de trabalho, sem alterar profundamente as relações de produção e a respectiva propriedade dos meios de produção.
Infelizmente não obtive resposta, certamente por esta estar fora de questão, nos tempos mais próximos.
Só que estou convencido que mais cedo do que tarde, terão de ser encaradas respostas revolucionárias a estas questões fundamentais para a humanidade.
Não será com a diminuição dos horários de trabalho, a padronização das remunerações dos quadros superiores, seja qual for o critério julgado mais justo, ou a insana impressão de dólares que os americanos estão a levar a cabo, que será resolvida esta questão central do Capitalismo.
Julgo…… aliás tenho a certeza, que o Capitalismo está a dar os últimos passos, pois há um factor com que o Capital está a contar e que creio vai fazer sair o tiro pela culatra.
Na base de todas as soluções está a intenção de socializar da “Crise”.
Os trabalhadores não vão suportar semelhantes consequências, por mais disfarçadas que sejam, as formas utilizadas para as aplicar.
A humanidade já está numa etapa de desenvolvimento cultural e político que lhe dará a lucidez necessária para repudiar a exploração que tem sido sujeita desde tempos imemoriais e não vai certamente continuar a aceitar.
Não estamos a assistir às suas etapas finais do Sistema, porque o fôlego e argumentos do Capitalismo, ainda são muito poderosos.
Mas há dificuldades inultrapassáveis, para o Sistema, quer pela natureza artificial das suas raízes, quer pela injustiça das suas regras, cujas consequências em última instância, proporcionam a incapacidade absoluta de manter a Natureza na sua harmonia e possibilidade de sustentar a vida humana na terra.
Nota final:
O pensamento da Dr.ª Manuela Silva baseia-se na doutrina social da Igreja, cuja origem se fundamenta na Encíclica “Rerum Novarum” que o Papa Leão XIII publicou em 1891, rejeitando o socialismo e preconizando fundamentalmente a caridade como solução alternativa para os problemas do Estado e da Igreja, soluções que contrariavam e condenavam as soluções propostas e adoptadas por Marx e Engels no “Manifesto Comunista” que já em 1854,quando foi publicado pela primeira vez, defendiam a teoria da luta de classes.
Para conhecer em pormenor o pensamento da Drª Manuela Silva e não ficarem com a ideia de que estou a ser sectário, aconselho a ouvir o programa “Diga lá Excelência” da Rádio Renascença , onde a referida senhora foi entrevistada e explanou pormenorizadamente as soluções que preconiza para acabar com a pobreza em Portugal, clicando NESTE LINK

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