UM PROBLEMA!!!
O jornal “Correio da Manhã” vive preocupado fundamentalmente
com a descrição dos crimes e desgraças que ocorrem, lança um olhar cúmplice nos
“faits divers” mais escabrosos ou pornográficos.
No desporto, diariamente desenvolve uma concorrência desleal
aos (3-jornais-3) diários, especializados em desporto (+ um online), além de suplementos
desportivos, todas as semanas.
Quanto à situação política e económica nacional, a maioria dos
seus jornalistas, sofre de ambliopia (visão deficiente, sem justificação estrutural
da anomalia) que só lhes permite ver bem o que se passa à direita.
Os que enxergam à esquerda, são raros e utilizados exclusivamente,
para dar um ar de pluralidade.
No texto que vamos reproduzir de autoria de Paulo de Morais,
temos o exemplo típico do que acabamos de afirmar.
Ele é uma das raras vozes, que nesse jornal, vai colocando o
dedo em algumas das feridas gravíssimas da nossa situação política e económica,
mas a redacção do jornal neste caso, para “equilibrar as coisas” resolveu reproduzir
o comentário a esse texto, de um leitor anónimo (???), que alegadamente foi o
mais votado (???) por dizer:
"Este fabiano diz o mesmo que se dizia nas tabernas
antigamente: "são todos uma cambada". E acusa, acusa, acusa. A
profissão dele é acusador. Quanto lhe paga a Transparência Internacional para
acusar? Um balurdio !!!".

A
pique
·
28 Agosto 2012
Por:Paulo
Morais,
Professor Universitário
A aquisição de submarinos por parte do
Estado português
aos alemães não é só um caso de corrupção. Representa a
podridão na política e simboliza o estertor do sistema de justiça. O processo de
compra inicia-se no governo de António Guterres, cujo ministro da Defesa era o
advogado Rui Pena.
Conclui-se já no consulado de Durão
Barroso, sendo então Paulo Portas o ministro com a tutela das Forças Armadas.
Os processos de concurso e de aquisição foram opacos, as contrapartidas que os
alemães deveriam dar ao Estado português não se concretizaram. Os portugueses
foram lesados em muitos milhões. Neste crime, terão sido beneficiados
particulares, advogados e os partidos políticos do arco do poder. A corrupção
foi provada de forma inquestionável. Na Alemanha, há já condenados a cumprir
penas de prisão por terem corrompido portugueses. Por um processo análogo, foi
condenado e preso um ex--ministro grego. Mas em Portugal não há acusados, os
processos adiam-se e prescrevem, documentos desaparecem misteriosamente. Os
principais protagonistas parecem não querer que a Justiça actue. Barroso e
Guterres, detentores de proeminentes cargos internacionais, não se incomodam
por estarem ligados a tão obscuro processo. Paulo Portas, apesar de ferido na
sua honorabilidade, é o representante máximo da diplomacia portuguesa,
afectando a credibilidade do país no concerto internacional. Os
secretário-geral do PSD de então, José Luís Arnaut, é hoje sócio do ministro
que iniciou o processo e ambos se associaram ao actual presidente da Comissão
Parlamentar de Defesa, Matos Correia. Convenientemente, garante-se a inacção do
Parlamento.
Entretanto, a Justiça revela-se
incompetente. Oscila entre arquivamentos incompreensíveis, a incapacidade de
reunir documentos e a apatia total. Não poderia ser mais colaborante com os
criminosos. Os procuradores deveriam, no mínimo, acompanhar a justiça alemã,
mas nem isso conseguem. Do alemão para o português há problemas de tradução. E
de tradição.
Este caso dos submarinos, sendo uma
gravíssima questão de justiça, mais do que isso é um assunto de regime. Se
deixar intocáveis os corruptos, se permitir este nível de impunidade na
política, o regime afundar-se-á com os submarinos. A pique
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