Mensagem

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quinta-feira, 6 de agosto de 2009


ACTO DE CONTRIÇÃO

CARTA ABERTA A ALGUEM QUE ABANDONOU O PCP, PARA ENTRAR NAS LISTAS DO PS, "DISFARÇADO" DE “INDEPENDENTE”.

NO PASSADO DIA 30 DE JULHO, SOB ESTE TÍTULO E SUB-TÍTULO COLOQUEI UM TEXTO QUE EXIGE ESTA EXPLICAÇÃO

No dia 30 de Julho passado, coloquei neste Blogue, a cópia de uma carta aberta que escrevi a um amigo e camarada, a propósito de ter sido informado, que ele fazia parte das listas do Partido Socialista às próximas eleições autárquicas.
Enviei-lhe directamente uma cópia, no sentido de garantir que ele teria conhecimento dela, embora á partida soubesse que era um visitante normal do Blogue.
Assentava esse texto, no facto de ter sido informado por uma fonte que tinha por fidedigna, que esse meu amigo que ainda considerava militante do PCP, tinha aceitado fazer parte das listas do PS.
A resposta desse meu amigo, não se fez esperar e aproveitou para me informar que tinha deixado de ser militante do PCP há cerca de 4 anos, esclarecendo-me gentilmente as razões porque o tinha feito, repudiando contudo indignadamente, a hipótese de fazer parte de qualquer listas do PS ou de qualquer outro partido, como me tinham informado.
Explicou-me que a confusão deve ter sido eventualmente originada pelo facto de ter feito uma intervenção em defesa do Serviço Nacional de Saúde, a pedido da actual ministra da saúde, que é sua amiga há muitos anos e colega do seu sindicato.
Esse texto, que fez o favor de me enviar, foi feito na qualidade de militante sindical.
Depois de o ler, não posso deixar de dizer que considero o seu conteúdo extremamente correcto e totalmente de acordo com o entendimento que penso ter o Partido Comunista Português sobre o essencial do Serviço Nacional de Saúde, embora eu não seja um especialista na matéria.
Teve ainda a gentileza de me explicar longamente, as razões porque já não era militante do PCP há alguns anos, e garantiu-me que a partir de então, só se tinha dedicado á actividade política no seu sindicato de sempre.
A esta mensagem, que me deixou mais tranquilo, respondi com um novo e-mail, lastimando o acontecimento e lembrava que um colectivo tão grande como é o Partido, onde se discute todos os assuntos com toda a profundidade necessária, sempre haverá pontos de vista diferentes.
Não posso deixar de reconhecer que objectivamente neste caso, conforme me foi relatado, foram atingidos limites impensáveis, entre camaradas.
Acredito, que independentemente da boa vontade de uns tantos, ainda há alguns que sofrem de uma arrogância intelectual, que vai causando feridas dolorosas, sem que a evolução da situação política permita colocá-los á prova, nas suas opções de classe e sobretudo nas suas determinantes qualidades humanas.
Mas o facto de por vezes o nosso entendimento ser diferenciado e segundo a nossa consciência estamos a defender o ponto de vista mais correcto, não significa que impúnhamos a nossa versão, sejam quais forem as circunstâncias.
A qualidade e dimensão da nossa luta assim o exigem.
Democraticamente temos a obrigação de aceitar outros pontos de vista, que por sua vez sendo maioritários, devem ser adoptado por cada um, como se seu fosse.
Gostaria que neste caso assim tivesse acontecido, mas pelos vistos atingiram-se limites, dificilmente aceitáveis.
Mas repito, não é assim que entendo, as discussões no seio do Partido e foi deste modo que lhe transmiti o meu ponto de vista.
Disse ainda no texto que lhe enviei:

“Não me arrependo, nem nunca me arrependi, do esforço que muitas vezes fui obrigado a fazer, quer pelas razões que eventualmente julgava ter e não me era dada, quer pela incompreensão reiterada dos meus pontos de vista, ou até por defeituoso entendimento das minhas fragilidades.


A grandeza, perenidade e a dialéctica do projecto assim o exige.

Não podemos desligar os nossos problemas, das gigantescas dificuldades com que nos debatemos, da dimensão do nosso inimigo, qualidade e sobretudo das suas incomparáveis capacidades, em paralelo com as nossas debilidades.
É necessário colocar acima de tudo, a devoção ao projecto de vida que está na finalidade última do Partido, com a certeza que não há razão por mais forte que seja, que possa sobreviver á falta de razão dos outros.
Como é muito novo, o meu amigo, ainda terá tempo de constatar que é mesmo assim e lá o encontrarão de certeza na primeira linha do combate.
A não ser assim, estava tudo errado e a tal dialéctica era afinal uma batata!
A grande vantagem da minha idade, é saber que as armas e os meios de que o sistema capitalista se serve são tão eficazes, no actual nível de evolução da sociedade, que os mais denudados militantes comunistas e até os idealistas sinceros, se não tiverem forças para resistir… são trucidados!
Pelo que percebi, não foi o que aconteceu com ele, felizmente.
O tempo e a evolução política, se encarregarão de corrigir estes aspectos da questão.
Quando os verdadeiramente bons se perdem, o prejuízo é potenciado.
É o que sinceramente penso, ter acontecido com ele.
Termino, mantendo a parte final da mensagem.
Penso sinceramente que aquela carta aberta serve a muito boa gente que abandonou o PCP, até por razões muito menos nobres, para não dizer cobardes e oportunistas, mas o texto do Blogue, vou mantê-lo, até porque infelizmente a carapuça ainda vai servindo….infelizmente.
Só lastimo que quem vai desistindo da luta, por qualquer “boa razão”, não entenda que esta luta é de todos aqueles que percebem, que o progresso da humanidade só se faz connosco.
O resto é teoria!!!.

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