Mensagem

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sexta-feira, 13 de setembro de 2013


                           MISÉRIAS                     
    DO SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE    
    E O MAIS QUE ADIANTE SE VERÁ!!!  

Certamente tereis estranhado a minha ausência no Blogue nestes últimos dias.
Acontece que a minha querida companheira de há 60 anos, teve um AVC e tivemos de chamar uma ambulância, para a levar de urgência para o Hospital de Torres Vedras.
Se este fosse um país normal, ela estaria neste momento internada. 
Mas este, sendo o país que temos, não é o meu!!! 
Chegada ao hospital, andou de Herodes para Pilatos e de Pilatos para Herodes, ou seja da urgência hospitalar de Torres Vedras para a urgência hospitalar de Santa Maria e desta novamente para a urgência de Torres Vedras, com a desculpa inicial do médico que a atendeu, não ter meios para a tratar e como tal, ter de enviá-la para Lisboa.
Mesmo assim, sempre foi melhor do que tive ocasião de assistir há algum tempo atrás.
Eu explico: Quando há tempos recorri às urgências do Hospital de Torres Vedras, na sequência de uma crise aguda, resultante do meu enfizema pulmonar, sentaram-me num sofá, com soro na veia e uma mascara de oxigénio, pela 20H00.
No corredor e num angulo perfeitamente visível do sítio onde me encontrava, via-se deitada numa maca, uma desgraçada que esteve toda a noite sem qualquer tipo de assistência.
Pelas 09H00 da manhã, quando entrou o novo turno, parece terem detectado que a dita senhora estava com um AVC e só então em correria desenfreada, tomaram providências para lhe salvar a vida.
Não sei se conseguiram!!!
Quanto ao filme da estória da minha querida companheira, tem um segundo episódio!!!
Chegados a Lisboa e entregue aos cuidados médicos, fui informado pelo gabinete de informações da urgência de Santa Maria, que só teria notícias no dia seguinte a partir da 10H00 e que não davam informações pelo telefone.
No dia seguinte, vou propositadamente para Lisboa, afim de saber o estado da doente. Ao chegar a Santa Maria pouco antes da 10H00, sou informado que a doente tinha sido devolvida à urgência de Torres Vedras.
Volto para a urgência de Torres Vedras, onde a médica de serviço, “estrangeira pelo sotaque e dificuldade de falar português”, receitou um medicamento para diluir o sangue, e a mandou para casa, recomendando-me especificamente:
“Ela vai para casa em regime de internamento hospitalar”.
Note-se que não contaria com qualquer tipo de assistência, ou cuidado específico, emanado do hospital.
Lembrei-me do tratamento dado aos criminosos, que ficam em casa em prisão domiciliária, só faltando colocarem-lhe uma pulseira electrónica, para saberem se o doente se porta de acordo com as instruções.
Dada a gravidade da situação, senti-me obrigado a dar uma constante vigilância à doente.
Porque vivemos sozinhos, com os filhos longe e um deles obrigado a emigrar por não haver trabalho na sua especialidade, vi-me obrigado a tratar da alimentação, vigiar todos os seus passos, para evitar que algo de mais trágico pudesse acontecer, nas suas deslocações.
Hoje seguindo as recomendações de marcar consulta em neurocirurgia de Santa Maria com o Dr. Edson Oliveira, uma semana depois, peguei no telefone às 12H00 e só consegui que em desespero de causa, me indicassem um endereço informático para marcar essa consulta às 16H30. 
Isto é, estive ao telefone esperando conseguir marcar a consulta 4 horas e meia ininterruptas, ao fim das quais se limitaram a dar-me o endereço "cons.neuro@chln.min-daude.pt" para tentar essa marcação. 
Tudo isto é o resultado desta política canalha, que me angustia e indigna, sentido que se pudesse, gritaria a minha revolta, até que este povo adormecido acordasse.
Ouvir e ver estas malditas televisões, ler estes jornais subservientes ao poder do capital, é escarafunchar permanentemente, na minha capacidade de aceitar este país como meu. 
Quando avalio a vida dos portugueses de forma tão negativa e problemática, graças aos miseráveis governos que temos tido, sinto que a época é dominada por valores que nada tem a ver com o humanismo.
Em Portugal, país da alternância entre os mesmos interesses, qual macaquinho de imitação da ideologia neoliberal norte-americana, quer seja o PS, quer o PSD sózinho ou bem acompanhado pelo CDS,  o resultado não poderia ser outro. 
Considerando a classe dominante que temos, esta limita-se a aproveitar a passividade, indiferença e até da incultura cívica e política da generalidade dos portugueses. 
Apoiados na escandalosa desinformação e manipulação que se faz, desde o golpe contrarrevolucionário de 25 de Novembro de 1975,  passo a passo, os portugueses têm sido inconscientemente levados até à  situação em que nos encontramos. 
Alegremente transformamo-nos no  segundo país da Europa com maior índice de pobreza e o primeiro com maior diferença entre ricos e pobres, em todo o mundo. 
Ao mesmo tempo, internacionalmente, a histeria capitalista provocada pela queda da União Soviética, permitiu o domínio mundial dos Estados Unidos, fomentou ou impôs a Globalização, com todas as suas trágicas consequências.
A necessidade de transformação da sociedade actual, já não se resume exclusivamente a Portugal.
Aqui, neste pequeno jardim, à beira mar plantado, acresce uma serie de circunstâncias especiais, nomeadamente as sucessivas percas de soberania, resultante da sua entrada na União Europeia a que se seguiu a adesão à moeda única, tornando-nos numa das mais frágeis vítimas, da sôfrega avidez do capitalismo financeiro alarve, servido neste rincão, por uma casta de governantes, que venderam o país por "dez reis mal coados".
Para que a desgraça seja completa, os sucessivos governos dos Estados Unidos têm exercido mundialmente uma influência extraordinariamente negativa, após a queda da do Muro de Berlim, impondo a superioridade do Capital Financeiro, em detrimento do Trabalho e do Social.
As consequências desta evolução funesta para a humanidade, acabará por colocar a sua própria sobrevivência em risco, caso ela não se se consciencialize dos perigos que há muito, se desenham no horizonte.
Voltando agora ao meu caso particular, devido à profunda transformação da rotina, que a doença da minha querida companheira alterou profundamente, tive de abandonar quase por completo, as minhas actividades informáticas.
Foi um feliz acaso, na segunda vez que me sentei frente ao computador desde a sua doença, que  tive acesso a um vídeo, que abordava o desabafo de uma norte-americana,  sobre o comportamento negativo dos seus compatriotas.
Pese embora a relatividade das escalas, origem e natureza das consequências, a generalidade das queixas da norteamericana são muito semelhantes às que pessoalmente fazemos, em relação aos portugueses, no que à coisa pública, diz respeito.  
É um grito de alma, que transmite a fúria de uma cidadã, que se sente revoltada com a criminosa actividade dos seus governos e a censurável passividade dos seus concidadãos.
Sinto-me completamente identificado com a forma como se expressa, quer no conteúdo, quer na forma violenta e dramática como exprime a sua revolta.
Foi essa identidade que me obrigou a gastar este tempo, a contar estas estórias (usando “histórias” sentir-me-ia elitista), que tornou obrigatório dá-las a conhecer a quem, por sorte minha, leia este texto e veja este extraordinário vídeo. 
A reflexão a que ele nos obriga, contem munições preciosas, para fortalecer a nossa vontade de lutar por um mundo melhor, por uma sociedade mais justa e onde não caiba a exploração do homem pelo homem.


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