QUE BELA É A MÚSICA!
MAIS BELA SE TORNA, QUANDO SE TRANSFIGURA EM ARMA, NA LUTA
PELA TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO.
No fim deste texto, apresentamos um vídeo referente a uma
canção do último álbum dos UHF, que tem o título de " A MINHA
GERAÇÃO", inclui um tema justa e apropriadamente intitulado
“VERNÁCULO”.
Li nas notas posteriores, que alguém se queixa de terem censurado esta canção.
Só se admira, quem não conheça a corja que nos governa.
Resolvemos reproduzir literalmente o texto desse tema, que constitui uma espécie de grito de alma António Manuel Ribeiro, líder dos UHF, reflectindo o seu desespero e dramático modo de ver a vida, igual ao de larguíssimas camadas da população, derivadas da rebaldaria em que se transformou a política portuguesa.
Li nas notas posteriores, que alguém se queixa de terem censurado esta canção.
Só se admira, quem não conheça a corja que nos governa.
Resolvemos reproduzir literalmente o texto desse tema, que constitui uma espécie de grito de alma António Manuel Ribeiro, líder dos UHF, reflectindo o seu desespero e dramático modo de ver a vida, igual ao de larguíssimas camadas da população, derivadas da rebaldaria em que se transformou a política portuguesa.
Apesar da sua envolvente musical, ser musicalmente muito
bonita e muito bem orquestrada, pensamos que o seu papel fundamental, se resume
a enquadrar e potenciar o efeito decorativo de um texto, que contem uma
mensagem suficientemente poderosa, para nos parecer ser muito útil chamar a particular
atenção para ela e para a necessidade de se divulgar por todos os meios, este
trabalho dos UHF.
Estamos em acordo absoluto, com o sentimento de revolta que tresanda em todo o poema.
Só não gostamos do clima de desistência, fruto do desespero, que de vez em quando por ali perpassa.
O tempo é de luta, não de dar o flanco!
Hesitar …é morrer, nesta conjuntura política!!!
Estamos em acordo absoluto, com o sentimento de revolta que tresanda em todo o poema.
Só não gostamos do clima de desistência, fruto do desespero, que de vez em quando por ali perpassa.
O tempo é de luta, não de dar o flanco!
Hesitar …é morrer, nesta conjuntura política!!!
UHF - VERNÁCULO
Estou cansado, pá
Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar
Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas,a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos
Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia, um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica
Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias
Esses
idiotas que se sentam
Frente-a-frente
no ecrã
À
hora do jantar, para vomitar
O
escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos
da puta porque se eternizam
Se
levam a sério
E nos
esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O
sôtor, vai-me desculpar
O que
eu quero é mandá-los cagar
Para
um campo de refugiados qualquer
Vê-los
de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre
esqueletos
Naquela
mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas
e só – sufoca
Estou cansado
Cansado
da rotina
Desta
mentira que é a vida
Servida
respeitosamente
Com
ferrete
Obediente
Obediente
Estou
cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados
pelas desculpas mais miseráveis
Este
charco bafiento onde eles pastam
Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado
Nada
sabem de história
Nada
sabem porque nada lêem
Além
da primeira página da Bola
O
Notícias a correr
E o
Expresso, porque sim!
Nada
sabem das ideias do homem
Da
democracia
Atenas
e Roma
Os
Tribunos e as portas abertas
E a
ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas
guardam o circo e amansam as feras
Dão
de comer à família até à diarreia
Aceitam
a absolvição
E
lavam as manipulas na àgua benta da convivência sã
Desde
que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem
(oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem
o discurso da culpa alheia
Pela
esquizofrenia políticamente correcta:
Quando
gritam, até parece que se levam a sério
Mas
ao fundo, na sacristia de S,Bento
O
guião escrito, é seguido pela sombras vigentes
Estou cansado
Cansado
da rotina
Desta
mentira que é a vida
Servida
respeitosamente
Com
ferrete
Obediente
Obediente
Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na
televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada
Os
borrego, as ovelhas e os cabrões, seguem no carreiro
Como
se nada lhes tocasse- e não toca
A não
ser quando o cinto aperta
Mas
em vez da guerra
Fazem
contas para manter a fachada:
Ah
carneirada, vossos mandantes
conhecem-vos pela coragem e pela devoção
na
gritaria do futebol a tres cores.
Pelas
vitórias morais de quem voa baixinho
E
assume discursos, inflamados, sem tutano
Estou
cansado
Cansado
da rotina
Desta
mentira que é a vida
Servida
respeitosamente
Com
ferrete
Obediente
Obediente
Sem
arte, sem génio, cansado:
Aqui
presente está a emente e o somatório
Erróneo
do desempenho de uma nação
Um
abismo prometido
Camuflado
por discursos panfletários:
Morte
aos velhos!
Morte
aos fracos!
Morte
a quem exija decência na causa pública
Morte
a quem lhes chama filhos da puta!
- E
essa mãe já morreu de sífilis à porta do hospital
Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio, a uma taxa moderada pela Putibor
Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira…
ELEITOS CUIDEM DA ORATÓRIA!!!
Sem comentários:
Enviar um comentário