Mensagem

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terça-feira, 3 de setembro de 2013


          QUE BELA É A MÚSICA!          

MAIS BELA SE TORNA, QUANDO SE TRANSFIGURA EM ARMA, NA LUTA PELA TRANSFORMAÇÃO DO MUNDO. 

No fim deste texto, apresentamos um vídeo referente a uma canção do último álbum dos UHF, que tem o título de " A MINHA GERAÇÃO", inclui um tema justa e apropriadamente intitulado “VERNÁCULO”.  
Li nas notas posteriores, que alguém se queixa de terem censurado esta canção.
Só se admira, quem não conheça a corja que nos governa.
Resolvemos reproduzir literalmente o texto desse tema, que constitui uma espécie de grito de alma António Manuel Ribeiro, líder dos UHF, reflectindo o seu desespero e dramático modo de ver a vida, igual ao de larguíssimas camadas da população, derivadas da rebaldaria em que se transformou a política portuguesa.
Apesar da sua envolvente musical, ser musicalmente muito bonita e muito bem orquestrada, pensamos que o seu papel fundamental, se resume a enquadrar e potenciar o efeito decorativo de um texto, que contem uma mensagem suficientemente poderosa, para nos parecer ser muito útil chamar a particular atenção para ela e para a necessidade de se divulgar por todos os meios, este trabalho dos UHF.
Estamos em acordo absoluto, com o sentimento de revolta que tresanda em todo o poema.
Só não gostamos do clima de desistência, fruto do desespero, que de vez em quando por ali perpassa.
O tempo é de luta, não de dar o flanco!
Hesitar …é morrer, nesta conjuntura política!!!

UHF - VERNÁCULO


Estou cansado, pá

Cansado e parado por dentro
Sem vontade de escolher um rumo
Sem vontade de fugir
Sem vontade de ficar

Parei por dentro de mim
Olho à volta e desconheço o sítio
As pessoas,a fala, os movimentos
A tristeza perfilada por horários
Este odor miserável que nos envolve
Como se nada acontecesse
E tudo corresse nos eixos

Estou cansado destes filhos da puta que vejo passar
Idiotas convencidos
Que um dia, um voto lançou pela TV
E se acham a desempenhar uma tarefa magnífica

Com requinte de filhos da puta
Sabem justificar a corrupção
O deserto das ideias
Os projectos avulso para coisa nenhuma
A sua gentil reforma e as regalias

Esses idiotas que se sentam
Frente-a-frente no ecrã
À hora do jantar, para vomitar
O escabeche de um bolo de palavras sem sentido
Filhos da puta porque se eternizam
Se levam a sério
E nos esmigalham o crânio com as suas banalidades:
O sôtor, vai-me desculpar
O que eu quero é mandá-los cagar
Para um campo de refugiados qualquer
Vê-los de Marlboro entre os dedos a passear o esqueleto
Entre esqueletos
Naquela mistura de cheiros e cólicas que sufoca
Apenas e só – sufoca


Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente


Estou cansado de viver neste mesmo pequeno país que devoram
Escudados pelas desculpas mais miseráveis
Este charco bafiento onde eles pastam

Gordos que engordam
Ricos que amealham sem parar
Idiotas que gritam
Paneleiros que se agitam de dedo no ar
Filhos da puta a dar a dar
Enquanto dá a teta da vaca do Estado

Nada sabem de história
Nada sabem porque nada lêem
Além da primeira página da Bola
O Notícias a correr
E o Expresso, porque sim!

Nada sabem das ideias do homem
Da democracia
Atenas e Roma
Os Tribunos e as portas abertas
E a ética e o diálogo que inventaram o governo do povo pelo povo
Apenas guardam o circo e amansam as feras
Dão de comer à família até à diarreia
Aceitam a absolvição
E lavam as manipulas na àgua benta da convivência sã
Desde que todos se sustentem na sustentação do sistema
Contratualizem (oh neologismo) o gado miúdo
Enfatizem o discurso da culpa alheia
Pela esquizofrenia políticamente correcta:
Quando gritam, até parece que se levam a sério
Mas ao fundo, na sacristia de S,Bento
O guião escrito, é seguido pela sombras vigentes


Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente


Estou farto de abrir a porta de casa e nada estoirar como na televisão
Não era lá longe, era aqui mesmo
Barricadas, armas, pedradas, convulsão
Nada, não há nada

Os borrego, as ovelhas e os cabrões, seguem no carreiro
Como se nada lhes tocasse- e não toca
A não ser quando o cinto aperta

Mas em vez da guerra
Fazem contas para manter a fachada:
Ah carneirada, vossos mandantes
 conhecem-vos pela coragem e pela devoção
na gritaria do futebol a tres cores.
Pelas vitórias morais de quem voa baixinho
E assume discursos, inflamados, sem tutano


Estou cansado
Cansado da rotina
Desta mentira que é a vida
Servida respeitosamente
Com ferrete
Obediente
Obediente

Estou cansado, pá
Sem arte, sem génio, cansado:
Aqui presente está a emente e o somatório
Erróneo do desempenho de uma nação
Um abismo prometido
Camuflado por discursos panfletários:
Morte aos velhos!
Morte aos fracos!
Morte a quem exija decência na causa pública
Morte a quem lhes chama filhos da puta!
- E essa mãe já morreu de sífilis à porta do hospital

Mataram os sonhos
Prenderam o luxo das ideias livres
Empanturraram a juventude de teclados para a felicidade
E as famílias de consumo & consumo
Até ao prometido AVC
Que resolve todas as prestações:
Quem casa com um banco vive divinamente feliz
E tem assistência no divórcio, a uma taxa moderada pela Putibor

Estou cansado, pá
Da surdez e da surdina
Desta alegria por porra nenhuma
Medida pelo sorriso de vitória do idiota do lado
Quando te entala na fila e passa à frente
É a glória única de muita gente
Uma vida inteira…

ELEITOS CUIDEM DA ORATÓRIA!!!


  

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