O IRRACIONAL DA TOURADA
Era ainda muito novo quando, por uma questão de cultura
geral, me interessou assistir a uma tourada em Sevilha, com os chamados touros
de morte.
Ver o chamado “picador” enterrar a ponta de ferro (puya) no
dorso do toiro empurrando para cima e para baixo, soltando-se uma golfada de
sangue de cada vez, vacinou-me contra essa actividade dita “artística”, para o
resto da vida.
Entretanto, tendo recebido há anos, um vídeo da chamada
tourada à corda na Ilha Terceira, tomei conhecimento de
uma nova modalidade, em
que os papeis se invertiam.
Os “heróis”, ou melhor os “artistas”, eram na prática os
touros e as vítimas passavam a ser os humanos, numa conjugação de estupidez irracional
em fusão com a mais abjecta idiotia.
Este humanos atributos, proporcionavam à multidão assistente,
a mais boçal forma de diversão, baseada num singular sentido de humor em que o
riso só é
provocado, quando o “artista” derruba, atropela, pisa, machuca ou magoa
e fere de tal maneira, que rezam as estatísticas, todos os anos causam em média
um morto e 300 feridos.
Consola-nos pensar que com estes trágicos resultados nos
tempos que correm, tão excêntrico “divertimento”, levará as autoridades
competentes, a mais cedo ou mais tarde, tomar consciência que aquele não é
digno de seres humanos civilizados.
A questão da tradição, não pode ser sempre um argumento,
senão ainda hoje a escravatura era um meio de explorar o próximo e a igualdade
de género, tornava a burca o trajo da moda.
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