POETA CHORA POETA
A síntese dos sentimentos que só os poetas sabem fazer, transcrita
nesta poesia do meu filho Pedro Lucas, que usa o pseudónimo de Miguel Martins, feita
em homenagem a Herberto Hélder, de quem era grande admirador.
Direcção remota
(à morte de Herberto
Helder)
Não são precisas
muitas
palavras.
Basta uma lágrima,
ou
uma noite lúcida
mas
sem sono
e
de tempestade.
A lição do mestre
é
uma delícia incomparável,
uma
lonjura das coisas,
que
apesar disso
estão
próximas.
Como num púlpito
invisível
e grave,
continuará
manifesto e
dolorido
ao
longo de
todos
os tempos,
doce
e silente
em
simultâneo.
Há fogos que
se
acendem de quando
em
quando ao longo
da
vertigem.
Há prodígios que ardem
e
explicam dúvidas enormes
e
insólitas.
E há prodígios
que,
se não surgissem,
é
porque algo do mistério
e
da fonte
não
tinham chegado para
justificar
a necessidade
absoluta
de Além.
É lento, o destino
de
cada um.
Mas é por demais visível
o
que pode transportar
consigo
daquela
capacidade, ou vulcão
de
frutos, que é o
querer
chegar
muito
mais longe
do
que o mundo
permite.
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