ERA UMA VEZ.....
Acabo de ler um oportuno artigo de Manuela Moura Guedes, que reflecte
exactamente o que penso sobre esta “moscambilha” do Dr. Miguel Relvas.
Uma coisa que me impressionou imenso, foi a deferência com que Carlos Magno
se “dignou” a ir receber à porta da Entidade Reguladora para a Comunicação
Social (ERC), o principal actor do famigerado caso Relvas e depois com grandes sorrisos
e sem faltar a clássica pancadinha nas costas de solidariedade que se dá aos amigos, que naquele
caso é como quem diz, vamos lá fazer este frete, para que a comunicação
social tenha com que se entreter.
Na verdade não entendo porque uma questão tão simples, tem pela voz deste
Magno senhor, a necessidade de 10 dias ou mais para esclarecer “se é verdade ou
não, que a jornalista em questão foi a foi alvo das ameaças do
ministro-adjunto e dos Assuntos Parlamentares”, tanto mais que pela voz
do deputado Raul de Almeida do CDS, foi justificado com o argumento de que os
trabalhos da ERC seriam muito rápidos, o chumbo aos requerimentos do PS e
dos Verdes, para a audição na Comissão Parlamentar para a Ética, a Cidadania e
a Comunicação, as pessoas envolvidas no caso, incluindo o próprio ministro
Miguel Relvas.
Diz o “Magnânimo”
senhor: "Vamos trabalhar com muita calma, dar todo o tempo que é
necessário para este processo, porque ele é muito importante",
certamente na expectativa de adormecer o assunto com o correr o tempo, e lhe aconteça
o que é habitual, nunca mais se sabe a verdade.
Aposto simples contra dobrado, que este caso não terá as
mínimas consequências!!!!
O Magno senhor vai dizendo que irá ouvir a jornalista, a directora
do Público Bárbara Reis, a editora de Política Leonete Botelho, o conselho de redacção
do jornal e “não excluindo a
eventualidade de ouvir mais pessoas, se
essa necessidade decorrer das audições previstas” , sendo que no fim, irá certamente pedir delicada e respeitosamente
a Miguel Relvas que se digne a condescender em responder “ por escrito”, às questões finais da ERC.
Esperemos que o Parlamento não deixe que tal aconteça, até
porque há lá muita gente competente, que está interessada em esclarecer o
assunto.
QUARTO PODER
ERC quê?...
.
.
.
Por:Manuela
Moura Guedes, Jornalista
Ninguém pode
ser tão ingénuo ao ponto de acreditar que a ERC vá concluir que o dr. Relvas
ameaçou uma jornalista do ‘Público’ com a devassa da sua vida privada. Iria contra
a natureza, história, tradição, e bons costumes de um qualquer organismo
regulador em Portugal. E compreende-se.
A
entidade que regula a Comunicação Social é composta por gente escolhida por
acordo entre o PSD e o PS (na proporção do voto eleitoral), o que faz com que a
lealdade para com o empregador se sobreponha a quaisquer outros valores. Sempre
foi assim, o que mostra o tipo de regulação que se faz. Não seria grave se esta
encenação não acabasse por ser aceite como legítima até por aqueles que sabem
que não passa tudo de uma palhaçada. Eu explico melhor. Está instituído
oficialmente que a ERC é o organismo que trata dos assuntos da Comunicação
Social. Mesmo que seja tudo enviesado, que os seus membros sejam comissários
políticos, está na lei que, o que decidirem, importa. É assim, não se discute.
Como está instituído que importará para o futuro do dr. Relvas a decisão da ERC
que ele próprio constituiu, como um dos empregadores...
Mas, tal
como no caso do fim da colaboração de Pedro Rosa Mendes na Antena 1, o
‘Regulador’ não vai dar nada como provado e a liberdade de imprensa em Portugal
estará a salvo porque a ERC assim o disse. O dr. Relvas continuará apto para
gerir as suas coutadas, o dr. Passos Coelho garantirá "a transparência do
Governo" e os portugueses vão engolir tudo o que lhes dizem como até aqui.
A liberdade de imprensa nunca foi coisa que importasse muito em Portugal. São
raríssimos os jornalistas que arriscam a pele por ela e os políticos, mesmo
quando estão na oposição, não fazem grande militância.
No poder,
então, essa coisa passa a ser um verdadeiro empecilho. Relvas não foi um ‘erro
de casting’ do primeiro-ministro, ou aproveitaria agora para o demitir. Passos
Coelho conhece-o bem e precisa dele como já precisou para ser eleito. Relvas é
uma espécie de dark side de Passos Coelho, o seu lado sombrio, subterrâneo, mas
consciente. Funcionam como um todo, daí que não seja de estranhar o poder de
mandar calar um Governo inteiro. Agora, ameaças, nunca! Há liberdade de
imprensa. Eu sou uma prova.
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