TOURADAS
E EMPRESAS TAUROMÁQUICAS
Nas nossas preocupações políticas, a defesa das populações
em geral e das mais desprotegidas em particular, são a base dos nossos
raciocínios e da nossa acção.
Por isso, as nossas preocupações intelectuais e o gosto pelo
desporto e pelas artes em geral, assumem um papel secundário, a partir do memorável
dia 25 de Abril 1974, na medida em que o combate político passou a preencher em
urgência, a nossa consciência cívica.
Horrorizado assisti ao acto heróico de um ”intrépido”
cavaleiro, espetando os touros com um ferro (puia), com cerca de 20 centímetros,
coberto de uma corda enrolada para depois
de o espetar no lombo do desgraçado bicho, fazê-lo sofrer, enterrando-o até ao
travessão, a que se seguiam empurrões e puxões.
O sangue a gorgolejar, era uma cena de um primitivismo
insuportavelmente doloroso à vista e causou-me um magoado incómodo e uma
angustiante repulsa.
A ideia era, segundo me foi explicado, por um entusiasmado
aficionado sentado a meu lado, que aquela tortura barbara, tinha como intenção
causar o maior sofrimento possível e consequentemente enfurecer o touro, para
melhorar a investida.
O único prazer que aquele triste espectáculo me deu, foi o touro a determinada altura, derrubou o “valente” cavaleiro, obrigando-o a ir receber tratamento no hospital, em consequência do trambolhão.
Vem isto a propósito de uma notícia que chegou agora ao meu conhecimento sobre a generosidade do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas ( IFAP), a lista dos subsídios atribuídos às empresas e membros das famílias da tauromaquia, em cada semestre de 2011, no valor de 9.823.004,34 €.
O único prazer que aquele triste espectáculo me deu, foi o touro a determinada altura, derrubou o “valente” cavaleiro, obrigando-o a ir receber tratamento no hospital, em consequência do trambolhão.
Vem isto a propósito de uma notícia que chegou agora ao meu conhecimento sobre a generosidade do Instituto de Financiamento da Agricultura e Pescas ( IFAP), a lista dos subsídios atribuídos às empresas e membros das famílias da tauromaquia, em cada semestre de 2011, no valor de 9.823.004,34 €.
Ortigão Costa - 1.236.214,63 € - Lupi - 980.437,77 € -
Passanha - 735.847,05 € - Palha - 772.579,22 € - Ribeiro Telles - 472.777,55 €
- Câmara - 915.637,78 € - Veiga Teixeira - 635.390,94 € - Freixo - 568.929,14 €
- Cunhal Patrício - 172.798,71 € - Brito Paes - - 441.838,32 € - Pinheiro
Caldeira - 125.467,45 € - Dias Coutinho - 389.712,42 € - Cortes de Moura -
313.676,87 € - Rego Botelho - 420.673,80 € - Cardoso Charrua - 80.759,12 € -
Romão Moura - 248.378,56 € - Brito Vinhas - 53.686,78 € - Romão Tenório -
283.173,89 € - Sousa Cabral - 318.257,79 € - Varela Crujo - 188.957,35 € -
Assunção Coimbra - 330.789,44 € - Murteira - 137.019,76 €
Tendo em vista as dificuldades por que passa o nosso
panorama artístico, onde só 1% do Orçamento de Estado é destinado à cultura,
estes subsídios para a “arte” (?) tauromáquica “tortura não é cultura”, cheiram
a ultraje.
Quando por outro lado a Direcção-Geral das Artes foi
atingida por um corte de 100% no apoio a todos os seus projectos artísticos,
enquanto no ano passado, lhe tinham sido atribuídos 2,1 milhões de euros para
107 candidaturas e a Secretaria de Estado da Cultura, decidiu também que todas
as empresas incluídas no sector empresarial do Estado, terão obrigatoriamente
uma redução de 20% no seu orçamento para 2012.
Estamos a racionalizar a nossa indignação e canaliza-la
exclusivamente no corte radical que foi feito nos subsídios que tantos e tantos
artistas, das mais variadas artes, viram sua capacidade de sobrevivência
ameaçada.
Quando entramos num âmbito mais alargado, envolvendo as
conhecidas carências que em todos os domínios sofre a população em geral e em particular
os reformados, pensionistas e sobretudo os desempregados, chega a ser cruel e
doloroso pensar na atribuição àqueles parasitas aquelas subvenções, quando a
fome e carências de toda a espécie estão a elevar os suicídios a valores nunca
atingidos, nem mesmo após a destruição da Reforma Agrária.
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