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O ESPECTRO DA GRÉCIA
Um espectro paira sobre os dirigentes políticos europeus: o
resultado da 2.ª volta das eleições na Grécia, em Junho. Os receios têm que ver
com os efeitos que possa ter para o futuro do euro e da zona euro, e com a
hipótese de a Grécia declarar um incumprimento das suas dívidas, o que poderia
implicar elevadas perdas financeiras para os bancos privados, o BCE, o FMI, os
bancos centrais e Estados dos restantes países da zona euro. É essa a razão da
chantagem vergonhosa que se está a exercer sobre os gregos por Angela Merkel e
o seu ministro das Finanças, pela Comissão Europeia e BCE, até pelo Sr. Trichet
a alvitrar despudoradamente que a Grécia (e outros países) seja governada do
exterior. Pressões ilegítimas visando impedir que o povo grego vote livremente
de acordo com a sua consciência. Pressionando-o a votar nos dois partidos
responsáveis pela situação do país e que abriram as portas à troika e à
austeridade destruidora.
Chantagem que faz tábua rasa dos interesses da Grécia e do
seu povo. O laboratório de experimentação económica em que a Grécia foi
transformada pela troika ruiu estrondosamente, deixando um rasto de miséria. O
problema central da Grécia, tal como o de Portugal aliás, é o de saber como
poderá recuperar a competitividade que viabilize o crescimento económico e o
aumento do emprego, a eliminação do défice externo e a sustentabilidade da
dívida. E isso, como até o insuspeito Nouriel Roubini ainda há dias reconheceu
no Negócios, exige uma depreciação real da moeda. Ou seja, o abandono do euro.
Não é uma opção, é uma necessidade. Ajudem os gregos (e os portugueses) a fazer
isso com os menores custos em vez de continuarem a sangrá-los até ao tutano.
A pior cegueira é a de quem se recusa a ver.
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