Mensagem

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2014


INACREDITÁVEL
No Blogue “O Sítio dos Desenhos” acabo de ler um texto delicioso, que na forma de “Carta Aberta”, foi dirigida ao presidente da República Cavaco Silva.
Sinto-me quase conformado por neste texto ter sido tratado como merecia, o imbecil mentecapto que temos como Presidente da Republica, ao colocar como estímulo para vender aos príncipes árabes com quem esteve reunido, os excelentes cavalos e as mulheres bonitas, em que Portugal é pródigo.
Esta obscena proposta, que de certeza nos envergonha a todos, dará a triste ideia de nós portugueses somos tão retrógrados, que fomos capazes de eleger um presidente da Republica capaz de proferir tão grotesca bacorada, que certamente ficará nos anais da imbecilidade, como um padrão inultrapassável.  

Eis xelentíssimo senhor:
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Portugal tem um longo historial de dignitários portadores orgulhosos das mais diversas taras do foro psíquico: loucos varridos como D. Pedro I ou D. Maria I, simples idiotas como D. Afonso V ou D. José, ou mesmo rotundos imbecis como D. João VI ou Américo Tomás.
D. Pedro I, por exemplo, além de gostar muito de um certo escudeiro (segundo o grande Fernão Lopes,  “mais do que se deve aqui dizer ") mandou "cortar-lhe aqueles membros que os homens em maior apreço têm" porque o infeliz “dormiu com uma mulher casada”. Além disso D. Pedro tinha uma curiosa ideia da celeridade na justiça: para não atrasar a aplicação das sentenças, punia com pena de morte a prática da advocacia (o que decerto terá desvanecido até às lágrimas a alma lúgubre do advogado Júdice que, numa espécie de “vingança poética”, privatizou o nome do monarca e da sua amada espanhola criando, na sua quinta de Coimbra, a muito exclusiva marca registada “Pedro e Inês”).
Contudo hoje vivemos numa república, isto é, temos o privilégio de eleger quem nos representa e o direito, e até a responsabilidade, de o destituir quando o seu comportamento, por grosseria ou omissão, passa as marcas do civicamente aceitável.
Receio que se trate do seu caso, senhor presidente. Há muito que a sua alma penada dá mostras de uma estupidez malévola, de um cinismo acanalhado e de uma torpeza de espírito tão mais notórios pelos seus silêncios cúmplices de uma vasta casta de iniquidades como por uma incontinência verbal que se aproxima, à vista grossa, da insanidade ou da idiotia.
Como não vejo nenhum sobressalto cívico que vise a sua destituição por indecência e fraca figura, sinto-me obrigado, como modesto cidadão no seu direito à livre opinião, a tornar público que me sinto profundamente envergonhado e repugnado por me ver representado por um imbecil.
Recentemente, em visita a um país árabe, como caixeiro viajante da gloriosa tarefa auto-atribuída de vender o país ao estrangeiro, voxelência declamou (alarvemente como é seu hábito e esquecendo-se, concerteza por lapso, das vaquinhas e das cagarras) “cavalos, mulheres bonitas, até aviões” na longa lista de “bens transaccionáveis” ainda disponíveis em Portugal.
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Xelentíssimo senhor: 
sou filho de uma mulher portuguesa. Casei com outra e sou pai de outra. Sinto-me por isso moralmente obrigado a declarar-lhe que não estão à venda. Não porque sejam "feias". Ou “minhas”. Mas porque não são “propriedade”; nem tudo na vida obedece à lógica dos “mercados”, sabe – como deduzo no entanto que este seja um conceito demasiado subtil para o seu obtuso discernimento, permito-me enunciá-lo em linguagem que decerto entende: há bens que não são “transaccionáveis”- que-não-se-compram–nem-se-vendem porra, ponto.
.Por isso mesmo, e com o respeito devido ao “primeiro magistrado da nação”, permito-me humildemente sugerir-lhe, e a quem se sinta representado por si, que venda as suas: a sua mulher, a sua filha, as suas netas, se as tiver e,  porque não, até a puta que o pariu.
Pode ser que alguém lhe dê algum por elas.
Depois (ou antes) demita-se. Por mim não receberia nem um tusto de pensão (aqui entre nós, o lucro da venda desses “activos que não desvalorizam” e os rendimentos que conseguiu a 140% ao ano no BPN deveriam bastar-lhe para viver confortavelmente o tempo que lhe sobra).
De seguida, sugiro-lhe que faça como as andorinhas: desloque-se para um qualquer país do sul. Pode ser a Guiné Equatorial. Ou o Dubai. Desapareça. E não volte.
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Sem consideração,
Fernando Campos
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P.S. –E se por acaso por lá lhe acontecer outro episódio, vagal ou concreto, trate-se no sistema nacional de saúde local. É igualzinho ao que o seu governo, com a sua prestimosa colaboração, tem cuidado de instalar em Portugal. 
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