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segunda-feira, 22 de dezembro de 2014



2014, É ANTES DE 2015
INICIO DO DISCURSO DE CAVACO SILVA, NO FIM DO ANO ???
UMA PEQUENA REFLEXÃO, SOBRE O FIM DE MAIS UM ANO TRÁGICO
Ao relembrar uma poesia de Jorge de Sena, sobre o tema Natal de 1971, sentimos que se ele ainda fosse vivo, ao falar deste Natal de 2014, utilizaria palavras ainda mais duras e sinistras, das que utilizou em relação ao Natal de 1971.
Se naquele tempo, a miséria e o sofrimento eram a principal “matéria-prima” da maioria das famílias portuguesas, a situação que se vive hoje em Portugal, é ainda mais calamitosa.
Os donos da Nação, para quem esta canalha que nos governa trabalha, são os mesmos em muitos casos.
Nos retratos de família, lá estão os velhos protegidos do salazarismo.
E porque estamos no fim do ano, impõe-se uma reflexão, de como chegámos aqui:
Se a nível mundial, o capitalismo através da Globalização, deu razão a Marx quando dizia “quanto maior a "liberdade" do mercado, maior é a força do capital, e maior e a escala de exploração”, na Europa o artifício utilizado teria que ser outro, até porque pelo seu desenvolvimento económico e tradição cultural, o expediente capitalista não resultaria, servindo-se dos mesmos subterfúgios.
Por isso inventaram a necessidade de uma unidade europeia (CEE), que dava corpo a uma noção de um colectivo de natureza superior, muito querido às elites que suportavam a opinião pública.
No que a Portugal diz respeito, expectativa de novas relações de produção, que nos trouxe o 25 de Abril, morreram com o 25 de Novembro e por culpa principalmente de Mário Soares, que segundo agora confessa, já estava a conspirar contra aquele movimento revolucionário 3 meses após a sua eclosão.
Ele próprio mais não foi do que um pau mandado de Franck Carlucci, ex-presidente do Grupo Carlyle, ex-vice-director da CIA, ex-secretário da Defesa dos Estados Unidos, nomeado embaixador em Portugal, com a missão expecífica de subverter o apoio do movimento popular à transformação libertária do país.
A adesão à CEE e a consequente integração na zona Euro, resolveram o pequeno “quid pro quo”, criado com a revolução dos cravos.
Porque estamos no Natal e sintetizada que foi a história da nossa desgraça, relembremos então o pensamento poético de Jorge de Sena nesta quadra natalícia, que nos traz à memória este país transformado numa empresa em permanente campanha de caridade, que ao matar a fome ao povo, pensa quimericamente, matar a revolução que nasceu em 25 de Abril!!!

NATAL DE 1971
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm?
Dos que não são cristãos?
Ou de quem traz às costas
as cinzas de milhões?
Natal de paz agora
nesta terra de sangue?
Natal de liberdade
num mundo de oprimidos?
Natal de uma justiça
roubada sempre a todos?
Natal de ser-se igual
em ser-se concebido,
em de um ventre nascer-se,
em por de amor sofrer-se,
em de morte morrer-se,
e de ser-se esquecido?
Natal de caridade,
quando a fome ainda mata?
Natal de qual esperança
num mundo todo bombas?
Natal de honesta fé,
com gente que é traição,
vil ódio, mesquinhez,
e até Natal de amor?
Natal de quê? De quem?
Daqueles que o não têm,
ou dos que olhando ao longe
sonham de humana vida
um mundo que não há?
Ou dos que se torturam
e torturados são
na crença de que os homens
devem estender-se a mão?
JORGE DE SENA

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