AI PORTUGAL…PORTUGAL!!!
O problema da comunicação social, com que nos debatemos em
Portugal é dos mais preocupantes.
Pensamos, por uma questão de rigor, que há muito canalha que
está satisfeitíssimo com a situação, pois pelo facto de com isso serem beneficiados,
estão-se nas tintas para o estado miserável em que o país se encontra.
Não esquecemos, que grande parte dessa responsabilidade deriva
do facto de terem sido arregimentados para deformar a opinião pública, muitos dos
“jornalistas” e “comentadores” que pululam na nossa comunicação social.
Fazemos esta afirmação, acrescentando, que o pecado é não só
o que dizem, como também o que não dizem, manipulando cientificamente a
alienação dos cidadãos, no sentido de os afastar de uma intervenção cívica
consequente e consciente, criando uma nova espécie de cidadania, baseada num
novo tipo de iliteracia política, a do analfabeto político.
A este propósito Bertolt Brecht, definiu de forma exemplar, as
característica do “Analfabeto Político”:
“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve,
não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de
vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio
dependem das decisões políticas.
O analfabeto político
é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não
sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor
abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista,
pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.”
Vem isto a propósito de uma notícia que ouvimos esta manhã,
no noticiário da Antena 1, às sete horas, sobre a colocação em regime de
requalificação, em inatividade, 697 trabalhadores do Instituto da Segurança
Social (ISS) do Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, considerados
excedentes, a receberem 60% do salário no primeiro ano e 40% nos restantes anos,
até atingir o ordenado mínimo.
O locutor acrescentava então, que a mesma pessoa que
escolhia os trabalhadores do Instituto da Segurança Social (ISS) para ficarem
inactivos, era exactamente a mesma pessoa que estava a escolher 300
desempregados em contrato de reinserção, por estarem no desemprego, para
preencher as necessidades criadas com aquele afastamento.
Só foram necessárias duas horas, para que mesma estação de
rádio, ocultasse o importantíssimo e esclarecedor comentário, que constituía a última
parte da notícia.
Não somos bruxos, mas eramos capazes de apostar que foi alguém
que tem o direito de entrar a horas mais confortáveis (estão a entender?), sem
necessidade do lápis azul, deu ordem para censurar essa parte da notícia.
Esta, é mais uma demonstração da imoralidade que reina na política
nacional, desde os tempos em que Mário Soares, 3 meses após o glorioso dia 25
de Abril, começou a conspirar e a pouco e pouco, paulatinamente, os velhos coronéis
censores, foram substituídos por uma cáfila de corruptos e oportunistas, que transformaram
a empolgante mensagem de esperança que aquela evento tinha trazido aos
portugueses, numa política em que a comunicação social se transformou no
poderoso meio de desinformação, reduzindo, senão mesmo eliminando, o sentido crítico
e produzindo o marasmo político, em que vive o país.
Só assim se compreende que o poder económico se tivesse apoderado
da nação e criasse por um lado, os mais pungentes dramas de miséria e por outro
o nascimento de mais de 10.000 milionários (com mais de 1 milhão de euros), em
cada um dos dois últimos anos (para não falarmos dos mais de 14 mil milhões de euros que o ano passado foram exportados para os paraisos fiscais).
Se para nós é extraordinariamente doloroso, pensar quanto
afecta a dignidade das pessoas, verem-se na necessidade de recorrer à caridade para
poderem ter algo com que se alimentar, é aterrador pensar que futuro está
reservado para a nossa juventude.
Que tipo de jovens estamos a gerar?
Que pensar, quando sabemos que imensos jovens só matam a
fome quando chegam à escola???
Que pensar quando o que mais se ouve falar, (mais do que na
prisão do ex-ministro Sócrates! ) é na recolha de dinheiro e alimentos, para
matar a fome ao próximo em que a coqueluche do momento, é a campanha “Toca a
todos” na rádio e televisão.
O reino da profissional da pobreza, Isabel Jonet, (que não
está preocupada com os idosos que aparecem mortos em casa, mas sim com as
carências por que passam enquanto são vivos) vive um dos seus êxitos mais
fulgurantes, ao publicitar que foram 40.000 voluntários que conseguiu arregimentar,
para matar a fome aos portugueses, embora com piores resultados que
anteriormente (a crise chegou aquela caridade???)!!!
Como esta gente execranda, transforma a genuína e generosa solidariedade
natural em cada ser humano, numa caridosa e hipócrita ignomínia social!!
Não é com caridade que se eleva a dignidade de um povo, mas
é pela solidariedade que se vê o grau da sua civilidade.
A diferença entre Caridade e Solidariedade, fez-me lembrar
um texto do jornalista Daniel de
Oliveira, publicado pelo “Expresso” com o título “Antes pelo Contrário”, onde a diferença entre
o “bem fazer”, está expressa exactamente da forma como nós sentimos e como tal, não nos importaríamos
de assinar por baixo.
Diz ele a páginas tantas:
“A caridade pressupõe uma relação de poder. O poder entre
quem dá, se quer dar e a quem quer dar, e de quem recebe, se alguém lhe quiser
oferecer alguma coisa. O assistencialismo - a institucionalização da caridade -
corresponde a um favor, não a um direito. E quem depende de favores é menos
exigente. Porque depende, para sobreviver, da boa vontade dos outros. A
solidariedade, pelo contrário, corresponde a uma interajuda.”
O que não aceitamos, tal como afirmou um dirigente da
Academia do Sporting, é haver muitos atletas jovens, que chegam para o treino às
18h00 e só nessa altura que lhes é proporcionada a primeira refeição do dia.
Perante a angústia que tal situação nos provoca, não podemos
deixar de recordar Augusto Gil, na parte final da sua famosa balada da neve:
“Que quem já é pecador, sofra tormentos, enfim!, Mas as
crianças, Senhor, porque lhes dais tanta dor?!... Porque padecem assim?!...”
De tudo isto, a ideia mais impressiva que nos fica, é que este
país está a transformar-se num espaço, cuja principal actividade é o trabalho
voluntário, para matar a fome dos nossos concidadãos.
Mais do que repulsivos miseráveis são aqueles, que nos
arrastaram para esta situação!!!
Canalhas!!!
Ministério da Solidariedade, Emprego e Segurança Social….
uma ova!!!
Ministério da Caridade, do Desemprego e da Insegurança Nacional….isso
sim… é o que é!!!
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