EUCALIPTOS
Não sou especialista na matéria.
Mas das memórias da minha infância, retiro a lembrança de um
tio muito querido, que amanhava uma propriedade
e na sua margem um vizinho quis
plantar um eucaliptal.
Como não mediava a distância regulamentada da sua fazenda,
onde ele semeava trigo, milho e outras novidades, queixou-se à entidade
competente e conseguiu que os eucaliptos fossem obrigatoriamente colocados tão
longe da sua propriedade, que o vizinho desistiu dessa plantação.
Os receios desse meu tio alicerçavam-se mais de no facto de
temer pela nascente de água que possuía na sua propriedade, do que pelo
respeito à legislação em vigor que regulava esse plantio.
Ele tinha a certeza que no dia em que o vizinho plantasse o
eucaliptal, a nascente donde retirava a água necessária para regar as suas
sementeiras desapareceria, dadas as grandes quantidades de água que os
eucaliptos absorvem.
Esta história, aliada
ao facto de ser considerada uma planta invasora e às dificuldades que mais
tarde soube terem sido criadas às celuloses, que queriam alugar alguns terrenos na zona do Oeste, onde
pretendiam plantar eucaliptos para fins industriais, enraizou-me a convicção
de que o eucalipto pelas suas características orgânicas, é extremamente
prejudicial para os terrenos onde é plantado, tendo como consequência, a futura desertificação desses terrenos.
Não será por acaso que há uma “vox populi” que se refere ao Presidente Cavaco Silva , como um eucalipto, que seca tudo à sua volta.
A apetência por esta árvore, deve-se ao facto de crescerem
rapidamente e serem utilizadas principalmente para produzir pasta de celulose
utilizada no fabrico de papel, razão pela qual o antigo ministro da agricultura,
Capoulas dos Santos, acusa agora o governo de estar a ceder aos interesses da
indústria da celulose.
Independentemente das consequências nefastas para a
biodiversidade das florestas, o eucalipto encontra-se entre as espécies que
mais favorecem e propagam os fogos florestais, sendo que esta arvore segundo oespecialista em fogos florestais, Xavier Viegas, proporcionarem fogos deprojecção, em resultado da autocombustão dos óleos voláteis libertados pelo
eucalipto, especialmente nos dias de calor mais intenso e nos locais com maior
concentração de eucaliptos, o que os tornam imparáveis.
Sujeita a legislação apertada, as plantações de
eucalipto para fins industriais, tinham até há pouco como suporte uma gestão silvícola
sustentada que garantia a defesa dos valores ambientais e culturais.
A partir de agora, por decisão desta canalha oportunista que desgraçadamente nos está a (des)governar passou a ser possível qualquer pessoa
plantar eucaliptos, sem pedir qualquer autorização, em qualquer área florestada
que seja destruída por um incêndio, deixando de haver, como acontecia até aqui,
o tal suporte de gestão silvícola sustentada, baseada na defesa dos valores ambientais e
com sérias consequências até no domínio cultural.
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