1º MINISTRO CAMERON
ANUNCIA INVESTIGAÇÃO SOBRE
O SISTEMA FINANCEIRO BRITÂNICO
Na sequência desta notícia:
“As agências reguladoras do sector financeiro dos Estados Unidos e do Reino Unido aplicaram uma multa de mais de 450 milhões de dólares ao banco Barclays por manipular a taxa Libor, ponto de referência para o juro diário dos empréstimos interbancários em nível mundial. As agências informaram que há outros bancos envolvidos. Nesta mesma semana, em seu informe anual, o Banco Internacional de Compensações (BIS), que representa os bancos centrais do mundo, alertou que as entidades financeiras não mudaram seu modus operandi.”
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Na sequência desta notícia:
“As agências reguladoras do sector financeiro dos Estados Unidos e do Reino Unido aplicaram uma multa de mais de 450 milhões de dólares ao banco Barclays por manipular a taxa Libor, ponto de referência para o juro diário dos empréstimos interbancários em nível mundial. As agências informaram que há outros bancos envolvidos. Nesta mesma semana, em seu informe anual, o Banco Internacional de Compensações (BIS), que representa os bancos centrais do mundo, alertou que as entidades financeiras não mudaram seu modus operandi.”
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Não acreditamos que venha a resolver alguma coisa, mas do
ponto de vista pedagógico para o eleitorado inglês, é uma boa medida e uma boa
referência para o futuro.
Assim nós fizéssemos em Portugal.
O maior problema era não ter cadeias que chegassem, para
meter lá dentro tos os canalhas que têm arruinado a nossa vida, a começar pelo
Mário Soares, não esquecendo de pedir a extradição de José Sócrates.
Por Marcelo Justo
Tradução: Katarina Peixoto
Londres - O primeiro ministro britânico David Cameron
anunciou uma investigação parlamentar do sistema financeiro britânico à luz do
escândalo da manipulação da taxa que fixa o juro dos empréstimos
interbancários, a Taxa Libor, crucial para o preço de transações envolvendo
bilhões de dólares em todo o mundo. A poucas horas da renúncia apresentada pelo
diretor do Barclays, Marcus Agius, “pelo dano ocasionado à reputação do banco”,
o primeiro ministro indicou que a investigação parlamentar terá pleno acesso a
toda a documentação oficial governamental. A oposição trabalhista foi mais
longe e pediu uma “Comissão Leveson”, independente de políticos e financistas,
a exemplo da que está investigando a relação dos meios de comunicação com o
mundo político britânico com base no escândalo das escutas telefônicas do grupo
Murdoch.
O Barclays, multado em mais de 400 milhões de dólares na
semana passada, está no centro do cenário, mas não é o único protagonista. O
escândalo envolve pelo menos 17 entidades e está sendo investigado por
entidades reguladoras em três continentes, desde os Estados Unidos e a União
Europeia até Japão e Singapura. As acusações mútuas são abundantes. O Barclays
sugeriu domingo à noite que o Banco Central da Inglaterra teria insinuado a
possibilidade de alterar sua declaração para a determinação da taxa interbancária
em 2008, algo que o banco negou com veemência nesta segunda.
A Taxa Libor é fixada diariamente às 11 horas para os
empréstimos em todas as moedas do sistema financeiro de Londres com a
informação aportada pelos principais bancos britânicos sobre a taxa de juro que
estão pagando para pedir dinheiro emprestado. A taxa funciona como referência
para transações que envolvem desde o mercado de empréstimo ao consumidor
(estimado em cerca de 10 trilhões de dólares, abaixo apenas do PIB dos EUA) até
o complexo mundo dos derivados (estimado em 350 bilhões) que, em sua maioria,
consiste em apostar nos preços que diferentes produtos terão no futuro.
A investigação que está sendo realizada pelos entes
reguladores se centra no período 2005-2009 e teve sua época culminante nessa
mãe de todas as batalhas bancárias que foi a queda do Lehman Brothers em
setembro de 2008. A manipulação se estendeu à taxa Euribor, que governa os
empréstimos bancários europeus, e além dos bancos britânicos envolve entidades
como o alemão Deutsche e o estadunidense Citibank.
O escândalo foi a gota d’água que fez o vaso da opinião
pública britânica transbordar. À derrocada financeira de 2008, responsável pela
atual crise econômica mundial, foram se somando escândalos que mostravam que
nada havia mudado em um sistema financeiro que seguia atuando com plena
impunidade apesar de o mundo ter ficado à beira do precipício. Às fraudes
“individuais” da pirâmide financeira de Bernie Madoff e do banqueiro texano
Allen Stanford, se seguiram a de Jerome Kerviel na Societé Generale francesa (5
bilhões de euros), a do suíço UBS (mais de dois bilhões de dólares), e a do JP
Morgan este ano (5 bilhões de dólares).
Na semana passada, o Financial Service Authority, instância
reguladora britânica, revelou que as quatro principais entidades britânicas
tinham vendido cerca de 28 mil instrumentos financeiros sob premissas falsas
nos últimos dez anos a centenas de pequenos e médios comerciantes que
terminaram sufocados por esses empréstimos.
Além da investigação parlamentar anunciada por David
Cameron, o ministro de Finanças, George Osborne, acrescentou uma investigação
independente sobre a fixação da taxa Libor e o Escritório de Fraudes Graves
assinalou que, em quatro semanas, anunciará se haverá denúncias penais no atual
marco legal que apresenta buracos para fraudes de colarinho branco desta
natureza.
Essa decisão será seguida com lupa por toda a sociedade.
Como apontaram vários comentaristas na imprensa britânica neste fim de semana,
a justiça se mostrou duríssima e inflexível durante os distúrbios que assolaram
o Reino Unido em agosto do ano passado, castigando com seis meses de prisão uma
pessoa que roubou água mineral no valor de 5 dólares. A lei terá tantos buracos
que não poderá julgar alguém que faz desaparecer milhões como por passe de
mágica?
Na quarta-feira comparecerá no Comitê parlamentar o diretor
executivo do Barclays, o estadunidense Bob Diamond que, no ano passado, disse
que devia terminar a perseguição dos banqueiros por causa da crise de 2008, que
os bancos se definiam por sua cultura e que esta podia ser visualizada pelo “o
que alguém faz quando sabe que não estão olhando para ele”. Aplicando sua
própria definição, está claro que os bancos tem atualmente um marcado déficit
neste campo.
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