Mensagem

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terça-feira, 3 de julho de 2012


            1º MINISTRO CAMERON
               ANUNCIA INVESTIGAÇÃO SOBRE 
            O SISTEMA FINANCEIRO BRITÂNICO
 Na sequência desta notícia:
“As agências reguladoras do sector financeiro dos Estados Unidos e do Reino Unido aplicaram uma multa de mais de 450 milhões de dólares ao banco Barclays por manipular a taxa Libor, ponto de referência para o juro diário dos empréstimos interbancários em nível mundial. As agências informaram que há outros bancos envolvidos. Nesta mesma semana, em seu informe anual, o Banco Internacional de Compensações (BIS), que representa os bancos centrais do mundo, alertou que as entidades financeiras não mudaram seu modus operandi.”
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Não acreditamos que venha a resolver alguma coisa, mas do ponto de vista pedagógico para o eleitorado inglês, é uma boa medida e uma boa referência para o futuro.
Assim nós fizéssemos em Portugal.
O maior problema era não ter cadeias que chegassem, para meter lá dentro tos os canalhas que têm arruinado a nossa vida, a começar pelo Mário Soares, não esquecendo de pedir a extradição de José Sócrates.


  



Por  Marcelo Justo
Tradução: Katarina Peixoto

 Londres - O primeiro ministro britânico David Cameron anunciou uma investigação parlamentar do sistema financeiro britânico à luz do escândalo da manipulação da taxa que fixa o juro dos empréstimos interbancários, a Taxa Libor, crucial para o preço de transações envolvendo bilhões de dólares em todo o mundo. A poucas horas da renúncia apresentada pelo diretor do Barclays, Marcus Agius, “pelo dano ocasionado à reputação do banco”, o primeiro ministro indicou que a investigação parlamentar terá pleno acesso a toda a documentação oficial governamental. A oposição trabalhista foi mais longe e pediu uma “Comissão Leveson”, independente de políticos e financistas, a exemplo da que está investigando a relação dos meios de comunicação com o mundo político britânico com base no escândalo das escutas telefônicas do grupo Murdoch.

O Barclays, multado em mais de 400 milhões de dólares na semana passada, está no centro do cenário, mas não é o único protagonista. O escândalo envolve pelo menos 17 entidades e está sendo investigado por entidades reguladoras em três continentes, desde os Estados Unidos e a União Europeia até Japão e Singapura. As acusações mútuas são abundantes. O Barclays sugeriu domingo à noite que o Banco Central da Inglaterra teria insinuado a possibilidade de alterar sua declaração para a determinação da taxa interbancária em 2008, algo que o banco negou com veemência nesta segunda.

A Taxa Libor é fixada diariamente às 11 horas para os empréstimos em todas as moedas do sistema financeiro de Londres com a informação aportada pelos principais bancos britânicos sobre a taxa de juro que estão pagando para pedir dinheiro emprestado. A taxa funciona como referência para transações que envolvem desde o mercado de empréstimo ao consumidor (estimado em cerca de 10 trilhões de dólares, abaixo apenas do PIB dos EUA) até o complexo mundo dos derivados (estimado em 350 bilhões) que, em sua maioria, consiste em apostar nos preços que diferentes produtos terão no futuro.

A investigação que está sendo realizada pelos entes reguladores se centra no período 2005-2009 e teve sua época culminante nessa mãe de todas as batalhas bancárias que foi a queda do Lehman Brothers em setembro de 2008. A manipulação se estendeu à taxa Euribor, que governa os empréstimos bancários europeus, e além dos bancos britânicos envolve entidades como o alemão Deutsche e o estadunidense Citibank.

O escândalo foi a gota d’água que fez o vaso da opinião pública britânica transbordar. À derrocada financeira de 2008, responsável pela atual crise econômica mundial, foram se somando escândalos que mostravam que nada havia mudado em um sistema financeiro que seguia atuando com plena impunidade apesar de o mundo ter ficado à beira do precipício. Às fraudes “individuais” da pirâmide financeira de Bernie Madoff e do banqueiro texano Allen Stanford, se seguiram a de Jerome Kerviel na Societé Generale francesa (5 bilhões de euros), a do suíço UBS (mais de dois bilhões de dólares), e a do JP Morgan este ano (5 bilhões de dólares).

Na semana passada, o Financial Service Authority, instância reguladora britânica, revelou que as quatro principais entidades britânicas tinham vendido cerca de 28 mil instrumentos financeiros sob premissas falsas nos últimos dez anos a centenas de pequenos e médios comerciantes que terminaram sufocados por esses empréstimos.

Além da investigação parlamentar anunciada por David Cameron, o ministro de Finanças, George Osborne, acrescentou uma investigação independente sobre a fixação da taxa Libor e o Escritório de Fraudes Graves assinalou que, em quatro semanas, anunciará se haverá denúncias penais no atual marco legal que apresenta buracos para fraudes de colarinho branco desta natureza.

Essa decisão será seguida com lupa por toda a sociedade. Como apontaram vários comentaristas na imprensa britânica neste fim de semana, a justiça se mostrou duríssima e inflexível durante os distúrbios que assolaram o Reino Unido em agosto do ano passado, castigando com seis meses de prisão uma pessoa que roubou água mineral no valor de 5 dólares. A lei terá tantos buracos que não poderá julgar alguém que faz desaparecer milhões como por passe de mágica?

Na quarta-feira comparecerá no Comitê parlamentar o diretor executivo do Barclays, o estadunidense Bob Diamond que, no ano passado, disse que devia terminar a perseguição dos banqueiros por causa da crise de 2008, que os bancos se definiam por sua cultura e que esta podia ser visualizada pelo “o que alguém faz quando sabe que não estão olhando para ele”. Aplicando sua própria definição, está claro que os bancos tem atualmente um marcado déficit neste campo.


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