Mensagem

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sábado, 22 de março de 2014



          NO LIMITE DA DOR         
 JOAQUIM MONTEIRO MATIAS 

Por motivo de doença, não nos foi possível colocar mais cedo este episódio do programa da Antena 1 “No Limite da dor”, onde o advogado Joaquim Monteiro Matias relata como a Pide o torturou e foi levado ao extremo da loucura.
A memória que nos fica deste relato, embora confessadamente tenha assumido a sua falta de robustez política para justificar ter fraquejado e falado, é tão doloroso e sofrido o depoimento, que desperta em nós um sentimento de enorme compaixão.
Reconhece que foi preso, não pela sua actividade como advogado (embora tenha utilizado expressões muito violentas nos tribunais plenários) mas pela sua acção na Frente de Acção Popular.
Surpreendentemente (ou não, porque ainda hoje parece ter a sua estabilidade emocional alterada) reconhece à Ana Aranha, que poderia dizer (ou desculpar-se?) que era pela actividade de advogado, mas (como se de um arrobo de sinceridade se tratasse!!!) acha melhor confessar, que foi de facto pela sua colaboração com a Frente de Acção Popular.
Segue-se o relato da sua resistência durante os 2 ou 3 dias primeiros dias de tortura a que se seguiu, o reconhecimento confesso das suas actividades e colaborações clandestinas anteriores.
As confissões que faz, justifica-as como fruto da despersonalização a que foi sujeito, muito potenciada pela sua qualidade de intelectual e sem uma autorreconhecida vocação revolucionária.
Toda esta descrição, pretende situar melhor o drama deste homem, que sem uma origem de classe que lhe fortalecesse a vontade, se viu envolvido num turbilhão de sofrimento físico e moral, que lhe retirou rapidamente alguma débil lucidez revolucionária.
É em consequência do calvário atroz a que foi sujeito e dos graves transtornos psicológicos e emocionais que daí resultaram, que ainda hoje não conseguiu libertar-se das consideráveis sequelas desse sofrimento. 

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