Mensagem

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segunda-feira, 3 de março de 2014


           NO LIMITE DA DOR        


E aqui está o nono programa da série "No Limite da Dor".
Testemunho de José Pinto de Sá, o único ex-preso político que, depois do 25 de Abril, voltou à cadeia sob a acusação de ter sido informador da PIDE. 
Até agora sempre apresentámos o programa fazendo nossas, as palavras de apresentação do programa, bem como do seu logotipo,porque nada havia a acrescentar.
Estava tudo dito!!!
Acontece que o testemunho do passado sábado dia 1 de Março, no nosso critério, não mereceria ser citado nesta série.
Considerando que a maior ou menor capacidade de sofrimento dos presos políticos do fascismo, não está em causa, que a força ou fragilidade da sua resistência, se pode justificar pela variedade de capacidade física, anímica, cultural, política etc., etc.
Este porém, é um caso que desmerece o critério de quem se atreve a dar espaço ao seu inqualificável relato, como se de uma qualquer vítima do fascismo, se estivesse a tratar.
Quando este delator confessa que a sua passagem para o lado do inimigo foi voluntária, a forma como ainda hoje a encara, causa-nos uma indescritível repugnância.
Não compreendemos como é possível colocá-lo, por remota ou hipotética analogia, junto com os outros casos relatados neste programa e cujos protagonistas continuando a luta no lado da trincheira em que sempre estiveram, se devem sentir injustiçados, humilhados e diminuídos, com esta companhia.
O sofrimento inumano a que muitos deles foram sujeitos, merece o respeito de todos nós e nem como factor estatístico, nos permite colocar o caso deste individuo, remotamente que seja, ao lado desse conjunto de heróis, que colocaram a dignidade e o respeito pelos fundamentos da sua luta e dos seus camaradas, quantas vezes acima da possibilidade de serem descritos, como ainda no último episódio foi o caso da Conceição Matos, ou como o seria, se ainda fosse vivo e por hipótese académica o fizesse,  Álvaro Cunhal.
É por respeito a esse sofrimento, que nem sequer nos atrevemos a manter a mesma ilustração no título do programa, independentemente do critério que Ana Andringa, descreve longamente no texto que reproduzimos AQUI e nos merece todo o respeito, até por sabermos que ela também sentiu os efeitos da tortura, pois também foi uma resistente, enquanto prisioneira política.
Curiosamente, nós próprios, muitas vezes nos interrogámos sobre como nos comportaríamos, em circunstâncias semelhantes.
Não temos resposta!!!
O que temos a certeza, é que jamais seríamos capazes de olhar para o espelho, se tivéssemos “falado”, mas mudar de fronteira, por valorizar mais a “nossa” vida, estamos seguros que não!!!.

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