MARIA CUSTÓDIA CHIBANTE
Para além do comovente relato feito pela própria, que colocamos no fim deste texto, acrescentamos outro minimamente pormenorizado da tortura a que foi sujeita Maria
Custódio Chibante, de autoria de Irene Flunser Pimentel e que foi publicado em “Vítimas
de Salazar - Estado Novo e Violência Política” da Esfera dos livros, 2007.
Nele pode ler-se:
Maria Custódia Chibante, outra mulher do Couço, esteve, na sala de
torturas, vigiada pela agente Odete, que a tentou persuadir a comer, mas como
ela não o fizesse, esbofeteou-a selvaticamente. Foi rendida pela agente
Assunção, que espancou Custódia, durante toda a noite. Levantando a saia da
presa, espancou-a com o «cassetete», a pontos de deixar toda negra, da cintura
até à curva da perna, e sem quase ver do olho esquerdo, devido ao inchaço
provocado pelas bofetadas. Além de lhe bater na nuca, em tipo de cutelo,
agarrou-a pelo cabelo, que arrancou aos montes, e forçou-a a andar de um lado
para o outro com tanta velocidade, que quando a largava, ela quase caía. Ao
convencer-se que não a faria comer, apertou-lhe o nariz com força e meteu-lhe
um copo com leite nos lábios, que, depois, lhe despejou pela cara, ao mesmo
tempo que continuava a espancá-la. De seguida, Maria Custódia foi colocada de
“estátua” no meio da sala e espancada na nuca, pela agente Madalena. Ao fim de
setenta e cinco horas sem dormir, chegou ao limite das suas forças físicas, com
a sensação de que o coração lhe saltava pela cabeça. Foram então buscar um
colchão imundo, no qual se deitou. No dia seguinte, tentaram tirar-lhe o
colchão mas como ela não conseguisse suster-se em pé, os interrogatórios
continuaram, com ela sentada. Finalmente, ao verem que não se recompunha,
levaram-na para Caxias, em braços, pois não conseguia andar.
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