Mensagem

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terça-feira, 25 de março de 2014



  MARIA CUSTÓDIA CHIBANTE  


Para além do comovente relato feito pela própria, que colocamos no fim deste texto, acrescentamos outro minimamente pormenorizado da tortura a que foi sujeita Maria Custódio Chibante, de autoria de Irene Flunser Pimentel e que foi publicado em “Vítimas de Salazar - Estado Novo e Violência Política” da Esfera dos livros, 2007.
Nele pode ler-se:  
 
Maria Custódia Chibante, outra mulher do Couço, esteve, na sala de torturas, vigiada pela agente Odete, que a tentou persuadir a comer, mas como ela não o fizesse, esbofeteou-a selvaticamente. Foi rendida pela agente Assunção, que espancou Custódia, durante toda a noite. Levantando a saia da presa, espancou-a com o «cassetete», a pontos de deixar toda negra, da cintura até à curva da perna, e sem quase ver do olho esquerdo, devido ao inchaço provocado pelas bofetadas. Além de lhe bater na nuca, em tipo de cutelo, agarrou-a pelo cabelo, que arrancou aos montes, e forçou-a a andar de um lado para o outro com tanta velocidade, que quando a largava, ela quase caía. Ao convencer-se que não a faria comer, apertou-lhe o nariz com força e meteu-lhe um copo com leite nos lábios, que, depois, lhe despejou pela cara, ao mesmo tempo que continuava a espancá-la. De seguida, Maria Custódia foi colocada de “estátua” no meio da sala e espancada na nuca, pela agente Madalena. Ao fim de setenta e cinco horas sem dormir, chegou ao limite das suas forças físicas, com a sensação de que o coração lhe saltava pela cabeça. Foram então buscar um colchão imundo, no qual se deitou. No dia seguinte, tentaram tirar-lhe o colchão mas como ela não conseguisse suster-se em pé, os interrogatórios continuaram, com ela sentada. Finalmente, ao verem que não se recompunha, levaram-na para Caxias, em braços, pois não conseguia andar.

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