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quarta-feira, 2 de julho de 2014


     ABAIXO AS TOURADAS !!!    

Toda a vida ouvi referir a tourada como uma “arte”.
Pessoalmente, só por pura ironia a classificaria na linhagem de Artes, colocando-a lado a lado com a “arte de furtar”, embora acrescente à referida escrita, propósitos didáticos sobre nobre “arte” de meter a mão no bolso, corromper e por aí adiante.   
Vem isto a propósito de ter lido algures, que um ilustre aficionado da nossa praça, caracterizava a tourada como tendo “a sua explicação matemática no movimento geométrico de uma linha vertical, que é o homem, e de uma linha horizontal, que é o touro. Enquanto a linha vertical usufrui da vantagem de girar sobre si mesma, sobre o mesmo ponto de apoio, a horizontal é obrigada a deslocar-se com maior ou menos amplidão”. 
A esta arrevesada definição, eu acrescentaria mais algumas pistas matemáticas e geométricas, na medida em que o êxito do artista é directamente proporcional à menor “tangente” que o corno faça ao aparelho reprodutor do artista e inversamente proporcional à protecção da Virgem de Macarena, se a “tangente” se transformar em “secante”.
O axioma daí resultante, apela a uma virginal demonstração, em que a acção divina nada tem a ver com o resultado da oração, mas sim com as consequências do estrago causado por um dos cones, que a natureza acrescentou à cabeça do animal.
Tudo isto vem a propósito de dois vídeos que publicamos a seguir e foram enviados por um amigo açoreano, na sequência de outros, que anualmente nos envia.
Nele são documentados episódios selecionados de touradas não “da corda” como aquelas que acima referi, mas “à corda”, que têm lugar todos os anos desde o século XVII  e que se realizam nas ruas da Ilha Terceira, durante as celebrações da canonização de São Francisco Xavier e de Santo Inácio de Loiola.
Nestas touradas tradicionais, os touros são embolados e sujeitos à distância por uma corda, que não os impede de se divertirem imenso a marrar nos patos-bravos que lhes aparecem pela frente e se prestam a servir de palhaços pobres sem maquilhagem, para gáudio dos chicos espertos que mal ou bem resguardados, também acabam muitas vezes de levar para contar.
As diferenças entre umas e outras são muitas, mas todas elas encerram algo de anacrónico da natureza humana.
E mesmo estas últimas, onde alguns episódios se revestem de enorme comicidade, e os touros tem ocasiões sobejas para chegar a roupa ao pelo dos espectadores, por vezes com tamanha violência, que nos levam a reflectir sobre a motivação de alguns dos “audaciosos”, que sofrem por vezes de traumatismos tão graves, que não podem deixar de ter dramáticas consequências futuras.


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