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sexta-feira, 22 de maio de 2009

COMO DOI !!!

AUTOEUROPA
O PROBLEMA DOS SEUS TRABALHADORES

Não posso, nem quero, deixar de assinalar uma situação revoltante e absolutamente escandalosa.
Refiro-me não só ao relevo que a televisão está a dar às declarações de Belmiro de Azevedo, como também ao conteúdo das mesmas, em relação ao conflito dos trabalhadores da Autoeuropa.
Todos os cidadãos têm o direito de se pronunciar sobre o que se passa neste país.
Mas há vozes, que em determinadas situações, deviam estar caladas.
O seu exemplo, faz sentir a sua opinião como uma autêntica provocação.
Este é claramente um conflito laboral, em que o patrão pretende obter benefícios para a sua empresa, fazendo chantagem sobre os seus trabalhadores, com ameaças de despedimentos, ou mesmo com o espectro do encerramento da empresa.
Que direito tem Belmiro de Azevedo, para se permitir o desplante de dizer, referindo-se á luta daqueles trabalhadores:
É muito esquisito, é uma exigência estranha, numa altura em que há tanta gente á procura de emprego, as pessoas não quererem trabalhar ao sábado!!!”
Mais do que cruel insensibilidade, não estará a querer calar a sua má consciência, ao fazer tal afirmação?
Ele “ arrota postas de pescada” porque enriqueceu com a especulação financeira.
Que saibamos, para alem de uma empresa de serviços, e da exploração das vendas a retalho, não lhe conhecemos qualquer actividade produtiva, com excepção creio eu os aglomerados de madeira.
Vivemos nesta altura, o drama das imensas famílias que dia após dia, veem a desgraça bater-lhes á porta, porque perderam, a sua fonte de rendimento.
Fonte de rendimento que é exclusivamente, a que lhe vem da sua força de trabalho e ele sabe perfeitamente, que não é uma questão de não querer trabalhar ao sábado!
Ele sabe perfeitamente, que é uma questão trabalhar ao sábado,
"sem ser pago por isso, como a legislação do trabalho prevê!"
Percebo o que ele quer dizer, quando afirma:
“Os trabalhadores devem trabalhar mais e ter menos exigências”.
Mais, a sua arrogante displicência vai ao limite de afirmar:
"A Autoeuropa só representa 2% da Volswagen.
Como quem diz, não chateiem, aceitem quaisquer propostas que vos permitam continuar a viver, nem que seja na miséria, porque vocês para a empresa não representam nada!!!
Está a traduzir em palavras a filosofia, que adopta e impõe aos trabalhadores das suas empresas. Bem judiciosas são as afirmações do elemento da Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa, quando afirma:
“Belmiro não é um bom exemplo de patrão”. “Não devemos seguir os conselhos de quem não tem bons conselhos para dar”.
Quando há dois anos os trabalhadores da Autoeuropa, acordaram e aceitaram, com o conselho de gerência, o regime do “downdays”, como ferramenta de flexibilização, além de prescindirem de aumentos de ordenados nesse ano, foi no sentido de evitarem os despedimentos.
Era bom de ver, que á primeira oportunidade essa cedência, que por ser justa como acto de solidariedade entre os trabalhadores, iria servir de arma da arremesso, para o patronato obter mais benefícios, logo que a situação fosse mais favorável.
E aí está!!!
Agora exigem: passagem de dois para um único turno de trabalho, com redução do vencimento, por via do fim do subsídio de turno equivalente a 15 por cento do salário; ou manutenção dos dois turnos com redução diária da produção, com consequente diminuição do salário em 34 por cento; ou manutenção dos dois turnos, com mais dias de paragem ao longo do ano, e a serem recuperados em trabalho ao sábado em fase de aumento da produção, pagos como dia normal de trabalho, uma exigência ilegal e contrária aos direitos laborais vigentes, como já atrás tinha referido.
As Crises, seja qual for a sua dimensão, têm o tratamento que os capitalistas lhes dão sempre.....mas sempre!!!.
Quem paga são sempre os trabalhadores.
Quando há lucros, são para o patrão, quando as coisas não vão bem, quem paga são os trabalhadores!!!
Até quando?

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