UMA VERDADEIRA CAMPANHA NEGRA
Durante todo o dia de ontem, ouvi o relato de uma “cena negra” personalizada por uma professora de História, da Escola Sá Couto, de Espinho, pelo menos 10 vezes nos noticiários da televisão nacional e muitas mais na Rádio.
É de facto uma indignidade o que se passou naquela turma do 7º A.
A sensação que tenho, admito estar enganado, é que tal profusão de notícias e comentários laterais, que ouvi e continuo a ouvir, quer na Televisão quer na Rádio, me começa a “cheirar a esturro”.
É de facto uma indignidade o que se passou naquela turma do 7º A.
A sensação que tenho, admito estar enganado, é que tal profusão de notícias e comentários laterais, que ouvi e continuo a ouvir, quer na Televisão quer na Rádio, me começa a “cheirar a esturro”.
Não estará por de tráz de tanta divulgação, a intenção de criar "clima" para manter a campanha contra os professores?
Os comentários mais judicioso que vi ou ouvi sobre o caso, vem no editorial de hoje do Diário de Noticias.
Melhor do que eu, escreve o repórter:
O que causa perplexidade é o facto de toda esta história ter chegado a uma estação de televisão, com a gravação das partes mais escandalosas e o enfoque na parte sexual, que até é a menor neste caso.
Com que fim? Para dar o espectáculo de mais um "caso" na educação?
Para assegurar a condenação irrevogável da professora no pelourinho da opinião pública, antes de se apurarem as devidas responsabilidades, com as garantias de defesa que a lei lhe confere?
E mais adiante:
“O que não invalida a crítica dura ao comportamento e ao nível da linguagem revelados pela professora em causa numa aula perante alunos de 12/13 anos: era bom que fosse um caso isolado”.
Já no fim do mesmo jornal, na crónica assinada por Ferreira Fernandes pode ler-se:
Os comentários mais judicioso que vi ou ouvi sobre o caso, vem no editorial de hoje do Diário de Noticias.
Melhor do que eu, escreve o repórter:
O que causa perplexidade é o facto de toda esta história ter chegado a uma estação de televisão, com a gravação das partes mais escandalosas e o enfoque na parte sexual, que até é a menor neste caso.
Com que fim? Para dar o espectáculo de mais um "caso" na educação?
Para assegurar a condenação irrevogável da professora no pelourinho da opinião pública, antes de se apurarem as devidas responsabilidades, com as garantias de defesa que a lei lhe confere?
E mais adiante:
“O que não invalida a crítica dura ao comportamento e ao nível da linguagem revelados pela professora em causa numa aula perante alunos de 12/13 anos: era bom que fosse um caso isolado”.
Já no fim do mesmo jornal, na crónica assinada por Ferreira Fernandes pode ler-se:
"A professora parece- -me maluca. Isso, em si, não quer dizer grande coisa: alguns dos melhores professores que tive eram tidos como malucos.
No meu tempo, nós, os miúdos de 12 anos, comentávamos, entre nós, os professores malucos (as professoras malucas, também, mas, essas, era mais as pernas). Não se levavam as maluquices dos nossos professores aos pais e, muito menos, à rua e jornais.”
..." Foi bom ter vivido os meus 12 anos antes da popularização do gravador, fiquei sem memória de experiência de espião a soldo. Vão dizer-me que a gravação da professora de Espinho vai permitir que ela deixe de dar aulas e que isso é bom. Tudo bem. Mas eu digo-vos que é melhor ainda que, aos 12 anos, eu não tenha tido quem me fizesse espião a soldo”
Estes desabafos, também assino por baixo, bem como a reflexão que faz sobre os seus 12 anos.
Também essa memória é património das maravilhosas recordações que tenho, do meu velho Liceu Passos Manuel.
Sinto sempre imenso orgulho, em recordar que este Liceu era na época, o maior bastião da oposição que se fazia em estabelecimentos de ensino liceal ao governo de Salazar, a pesar do Reitor ser o pai de José Hermano Saraiva e o pai de Marcelo Rebelo de Sousa, futuro ministro de Salazar, ser o comandante de Bandeira da referida Mocidade Portuguesa (ainda um dia irei contar como devo ter sido o primeiro aluno deste país, a ser dispensado de ir á instrução obrigatória da Mocidade Portuguesa!)
Isto para não referir mais uma série de figurões ilustres do Estado Novo que por lá passaram e que depois do 25 de Abril se tornaram “grandes democratas”.
No meu tempo, nós, os miúdos de 12 anos, comentávamos, entre nós, os professores malucos (as professoras malucas, também, mas, essas, era mais as pernas). Não se levavam as maluquices dos nossos professores aos pais e, muito menos, à rua e jornais.”
..." Foi bom ter vivido os meus 12 anos antes da popularização do gravador, fiquei sem memória de experiência de espião a soldo. Vão dizer-me que a gravação da professora de Espinho vai permitir que ela deixe de dar aulas e que isso é bom. Tudo bem. Mas eu digo-vos que é melhor ainda que, aos 12 anos, eu não tenha tido quem me fizesse espião a soldo”
Estes desabafos, também assino por baixo, bem como a reflexão que faz sobre os seus 12 anos.
Também essa memória é património das maravilhosas recordações que tenho, do meu velho Liceu Passos Manuel.
Sinto sempre imenso orgulho, em recordar que este Liceu era na época, o maior bastião da oposição que se fazia em estabelecimentos de ensino liceal ao governo de Salazar, a pesar do Reitor ser o pai de José Hermano Saraiva e o pai de Marcelo Rebelo de Sousa, futuro ministro de Salazar, ser o comandante de Bandeira da referida Mocidade Portuguesa (ainda um dia irei contar como devo ter sido o primeiro aluno deste país, a ser dispensado de ir á instrução obrigatória da Mocidade Portuguesa!)
Isto para não referir mais uma série de figurões ilustres do Estado Novo que por lá passaram e que depois do 25 de Abril se tornaram “grandes democratas”.
1 comentário:
Caro Juvenal, estou de acordo com este texto. A insistência das imagens e da reportagem por parte da RTP-1 e outros canais tem como objectivo denegrir ainda mais a profissão de professor. É uma campanha que visa a seguinte opinião: "O governo tem razão. Os professores dão um mau exemplo nas escolas".
Para cúmulo, nos últimos exames que decorreram nas escolas secundárias, o governo não aceitou pagar as horas extraordinárias aos professores que assistiam os exames, dizendo que estas horas faziam parte do contracto de trabalho. É uma exploração da parte do governo e "para juntar o útil ao agradável" lançam agora a campanha da professora rebelde que faz mal aos alunos, "coitadinhos".
Querem manietar uma classe de trabalho digna e profissional. Fazem guerra aos trabalhadores, em vez de fazer guerra aos patrões e à direita. São os chamados "socialistas portugueses", uma calamidade que obscura a nossa democracia desde 1975. Um abraço
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