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sábado, 18 de setembro de 2010

ROUBARAM-ME A JUVENTUDE

Este” power point” foi feito com alguma falta de rigor histórico.
Algumas imagens do seu início, podem confundir os espíritos menos atentos, dado que a sua acção se passa numa época longínqua. Isso é evidente não só pelas características das fotos em sépia, como pelos trajes das crianças e até pelos ambientes em que elas se situam.
Acontece que, exceptuando 3 ou 4 dessas fotografias do inicio da apresentação, todas as outras mostram a exploração do trabalho infantil nos tempos actuais.
Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho) cerca de 218 milhões de crianças entre 5 e 17 anos trabalham no mundo, das quais 126 milhões realizam trabalhos perigosos e uma, em cada seis crianças trabalham como forma de complementar o rendimento da família.
De facto ainda hoje nos países subdesenvolvidos, onde reina a pobreza e a miséria, as crianças são obrigadas a trabalhar em ofícios penosos e violentos, como muito bem o testemunha o “power point “ que apresentamos em baixo.
Em África, na Ásia (principalmente na Índia e no Paquistão), e em muitos desses países subdesenvolvidos, milhões de crianças são exploradas sexualmente ou obrigadas a trabalhar em actividades brutalizantes e desumanas e muitas vezes impedidas de frequentarem a escola ou de terem qualquer protecção.
A violência sobre as crianças está de tal maneira enraizada em certos países que, por exemplo, no Paquistão uma criança que aos 4 anos fora vendida pelo pai a um artesão de tapetes para saldar uma dívida de 12 dólares e mais tarde resgatada por uma organização de defesa das crianças, foi assassinada na adolescência, por profissionais do crime, e a família permanentemente ameaçada e sujeita a perseguições, para servir de exemplo.
Voltaremos ao assunto, pois ele é uma das expressões mais criminosamente violentas, da desumanidade do modo de produção capitalista.



NESTE LINK

AINDA A FESTA DO "AVANTE"

A ÓBVIA DIFERENÇA

Artigo de Ruben de Carvalho


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Publicado no semanário "Expresso" de hoje

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O afunilamento da comunicação social sobre a Festa do “Avante” resulta de um trivial anticomunismo, mas é possível vislumbrar algo mais.
Em raras vezes (bem raras é verdade…) alguns comentadores politicamente á direita pronunciam-se e comentam a vertente cultural da Festa do “Avante”.
Vasco da Graça Moura fê-lo há uns anos em crónica no “DN”, Miguel Esteves Cardoso igualmente, salvo erro, no “Independente”, Marcelo Rebelo de Sousa referiu na TV, José Pacheco Pereira escreveu o ano passado.
É curioso verificar que estas intervenções apresentam, nos seus diferentes estilos, o comum reconhecimento de três traços da Festa: a dimensão e o carácter autenticamente popular, o ambiente simultaneamente alegre e tranquilo de uma assistência completamente transversal (todas as idades, todas as origens sociais, todos os interesses culturais) e a qualidade e diversidade da programação cultural.
E, nessa diversidade, também a multiplicidade da oferta, do desporto ás artes plásticas, da música á promoção livreira, do teatro á culinária regional e, nelas próprias, igual multiplicidade de estilos, tendências, sonoridades.
Nada disto é novidade para os frequentadores da Festa. Mas merece reflexão o contraste com o tratamento habitual da comunicação social, em particular da imprensa.
É claro que nenhuma daquelas quatro personalidades ignora o óbvio: a componente política da Festa, de resto frontal e orgulhosamente assumida pelo PCP e pelos seus militantes.
Mas, exactamente porque isso é óbvio, sentem a singela imposição da evidência e sublinham o que é silenciado.
As intervenções do secretário-geral do PCP, em particular o discurso de domingo (era o que faltava!), e muito de vez em quando um fait divers banal constituem o redutor retrato que de um evento sem paralelo no país fornece a comunicação social.
Este afunilamento resulta evidentemente de trivial anticomunismo, mas é possível vislumbrar algo mais.
Trata-se de tentar silenciar, e assim menorizar, o PCP, as suas propostas e intervenções, a implantação nos trabalhadores, a capacidade de mobilização e diálogo com a sociedade: mas, ao confinar ao discurso político a imagem da Festa tenta-se a sua absurda identificação com quaisquer outras iniciativas de qaisquer outros partidos!
Colocar no mesmo patamar a exaltante realização, política e partidária sem dúvida, mas de uma imensa dimensão cultural e humana, com os escusos favores políticos dos sacos azuis empresariais ou tráfico de influências partidariamente rentável não é operação inocente quando tanto se discute o financiamento partidário.
A questão é que realizar uma exposição de elevado nível científico sobre a biodiversidade, expor dezenas de obras de arte, representar Brecht ou colocar uma orquestra de oito dezenas de músicos sobre um palco e tocar Lopes-Graça ou Rachmaminov para dezenas de milhar de pessoas ( que compraram a sua EP!) não é exactamente o mesmo que almoçar com um empreiteiro porque…”precisava de ver umas coisinhas consigo. Está a ver?”
Estamos.

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