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sábado, 27 de novembro de 2010

CELEBRANDO SARAMAGO

PALAVRAS DE PILAR DEL RIO

"Saramago escrevia como se fosse um camponês: preparava a terra, adubava-a, limpava-a, semeava. Tudo a seu tempo, duas páginas por dia, sem impaciências, sem omitir um sulco, uma responsabilidade.
José Saramago era um pioneiro, estava possuído por um afã de não repetir, de começar a cada dia um caminho, porque nunca sabemos qual será aquele que nos leve aonde nos esperam.
Dias antes do que haveria de ser o último, falando da crise económica com vários amigos, Saramago disse algo que
poderia ser uma boa bússola para nos orientarmos por estas turbulências tão ameaçadoras quanto tenebrosas. Disse-nos que todos, governos e cidadãos, sabemos o que temos de fazer para sair da crise, que para mudar a vida teríamos que mudar devida. E acrescentou que se não intervimos já, todos, governos e cidadãos, a crise será cada vez mais profunda, porque não será económica, será uma crise moral.
Mudar de vida para mudar a vida.
Fazer do progresso um êxito do humanismo, não do capital.
Fazer da economia uma ciência moral que não nos diga por que sobem os preços mas antes um instrumento que ensine como impedir que os preços subam de tal maneira que logo tudo seja exploração, os pobres cada vez mais pobres, os países hipotecando-se em vez de deixarem de dever aos cidadãos e a soberania não radicando no povo mas em instituições distantes, obscuras, inalcançáveis".


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