O QUE “ELES” TÊM O DESCARAMENTO
DE DIZER NO “EXPRESSO”!!!
“PORTUGUESES NÃO QUEREM SER AGRICULTORES"
Os portugueses não querem ser agricultores e muitos dos que são, estão sempre à espera de uma oportunidade para mudar de vida. Não gostam de trabalhar a terra.
Os dados divulgados no passado mês de maio pelo Instituto Nacional de Estatística mostram quem em 2009 a população agrícola familiar - formada pelo produtor agrícola e pelos membros do seu agregado doméstico, quer trabalhem ou não na exploração - totalizava cerca de 793 mil indivíduos, aproximadamente 7% da população residente, mas menos 36% da população agrícola familiar recenseada há dez anos atrás.
O abandono da terra é um facto. Por muito difícil que seja lidar com esta realidade, a verdade é que os números não deixam margem para dúvidas: as últimas estimativas oficiais apontam para a existência de dois milhões de hectares de parcelas de território abandonadas ou semiabandonadas em todo o país.
"ESPANHA CRIOU 21.900 EMPREGOS NA AGRICULTURA"
Mas se aqui é assim, ali ao lado, em Espanha, passa-se precisamente o contrário. As pessoas estão a voltar à terra. O desemprego em Espanha continua a aumentar, mas na agricultura está a diminuir.
No último trimestre de 2010 o desemprego na agricultura caiu 10%, face ao trimestre anterior, segundo os dados revelados pelo Instituto de Estatística espanhol.
O sector agrícola contraria assim todos os outros, em Espanha, tendo criado 21.900 empregos durante todo o ano de 2009. A ocupação de solos para a agricultura cresceu 2,8% face a 2009.
Só nos últimos três meses de 2010 foram gerados mais de 5.050 empregos o que se traduz num crescimento de 6,7% face ao trimestre anterior.
Em Portugal o cenário é este: No primeiro trimestre do ano passado trabalhavam 560 mil pessoas no sector, no trimestre seguinte já só eram 541 mil e no final de Setembro ainda menos - 539 mil.
-Não sou especialista, mas sei que se andou mais de uma dezena de anos a pagar a mais de DUZENTOS MIL LAVRADORES, para deixar as terras de pousio.
-Não sou especialista, mas recordo-me de haver dezenas de latifundiários no Alentejo que recebiam milhares de euros POR MÊS, para não cultivar.
-Não sou especialista, mas bem me lembro de promoverem o abandono dos sectores tradicionais da produção agrícola familiar, acenando-lhe com a cenoura de no sector terciário, para acompanharem o pelotão da frente.
-Não sou especialista, mas sei que perto de onde moro, um grande agricultor manda vir trabalhadores do Vietnam, a quem paga segundo me dizem, a 90 cêntimos a hora.
-Não sou especialista, mas sei que os BELMIROS DE AZEVEDOS, JERÓNIMOS MARTINS E QUEJANDOS, esmagam os preços aos produtores e vendem-nos nos seus estabelecimentos a preços exorbitantes.
-Não sou especialista, mas sei que o governo português tem sido absolutamente insensível ao domínio que as multinacionais estão a exercer, nos sectores da distribuição agro-alimentar e até nos sectores da transformação.
-Não sou especialista, mas já vi na televisão um agricultor demonstrar por A+B, que está a ter prejuízo na exploração da sua suinicultura.
-Não sou especialista, mas já ouvi na televisão, muitos criadores de gado bovino e leiteiro, considerarem ruinosa a sua exploração agrícola.
-Não sou especialista, mas sei que muitos dos serviços técnico-científicos que eram produzidos pelo Ministério da Agricultura foram privatizados, com real prejuízo dos agricultores e do apoio que tinham na área da sanidade animal e até da investigação agrária.
-Não sou especialista, mas um vizinho meu não consegue vender a batata a 30 cêntimos o quilo e vai deixar de amanhar as vinhas, por não conseguir escoar o vinho a um preço compensador.
-Não sou especialista mas o estímulo dado á produção e consumo de óleos vegetais, mantendo o IVA no valor intermédio, apesar de se ter de importar todas as matérias-primas utilizadas no seu fabrico, além do absurdo económico, contradiz a informação médica dos benefícios que a ingestão de azeite tem para a saúde. Contrariamente, os óleos vegetais contêm uma gordura designada de ômega 6, de que há estudos provando que o seu uso excessivo ou sistemático, pode destruir os neurónios e provocar a doença de Alzheimer.
-Não sou especialista, mas li que dado o aumento dos olivais na zona do Alqueva, Portugal já é mais do que auto-suficiente no consumo de azeite, havendo lavradores que estão com dificuldades no escoamento da azeitona e consequentemente 50% da azeitona não seja apanhada e que em Espanha os olivicultores recebem do estado um subsídio de 500 euros por hectare.
-Não sou especialista, mas por falar no Alqueva, parece-me que são mais os projectos turísticos e terras vendidas aos espanhóis, que a sua utilização em regadio, causa primeira para justificar a construção da barragem.
-Não sou especialista, mas quando era um pequeno fruticultor, tive de desistir, na medida em que o preço a que os intermediários me davam pela fruta, não pagava sequer a apanha.
-Não sou especialista, mas porque não certificamos produtos únicos no mundo como a batata do Barroso, o presunto de Chaves, as alheiras de Mirandela, a pera rocha do Oeste, a laranja do Algarve, o melão do Ribatejo, a cereja das Beiras, o azeite da Margem Esquerda, etc., etc., etc.???
-Não sou especialista, mas de certeza que se o fosse, estaria aqui a justificar mil e uma razões para os pequenos e médios agricultores abandonarem a agricultura, sobretudo porque sei a batalha desproporcionada que quem trabalha a terra em Portugal tem de travar para aguentar os custos de produção mais altos da maioria dos países europeus, nomeadamente da nossa vizinha Espanha tão elogiada pelo “Expresso “ por ter criado 21.900 empregos na agricultura.
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