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domingo, 23 de outubro de 2011

O BOLERO DE RAVEL

REVELANDO O QUE A CULTURA 
PODE FAZER E FAZ, POR UM POVO.
 

Recebi um email de um amigo que tinha como anexo, um surpreendente concerto da Filarmónica de Copenhague, na Estação Central de Caminhos de Ferro de Copenhague.
Classifiquei o concerto de surpreendente porque foi organizado na modalidade de “Flashconcert”, no qual foi executado o Bolero de Ravel.
Este tipo de manifestações artísticas para as massas, parecem espontâneas, mas são reflexo da imensa atenção que países civilizados dão às manifestações culturais e não deixam de reflectir o seu desenvolvimento civilizacional.
Em Portugal, nessa área só da parte do Partido Comunista Português se vê esse esforço de levar às massas, este tipo de manifestação cultural.
Na realidade, todos os anos na sua Festa do Avante, no palco principal, a primeira noite é totalmente dedicada á música clássica, desde o canto lírico á música sinfónica.
É verdadeiramente estimulante e uma grande lição para os “intelectuais” do até agora despromovido “Ministério da Cultura”, ver a forma como dezenas e dezenas de milhares de pessoas aderem a estes espectáculos.
É impressionante assistir ao contraste de tão depressa toda aquela gente escuta a música num religioso e sepulcral silêncio, como participa activamente cantarolando, sempre que as ocasiões se proporcionam e terminando sempre em entusiásticas e demoradas salvas de palmas.
A emoção que invade muitos dos participantes, é reflectido muitas vezes nos olhos marejados de lágrimas.
Alguns houve, para quem esta era a primeira experiência de contacto com este tipo de música e aderiram surpreendidos ao vislumbrar desse velho-novo mundo maravilhoso, que só agora lhes era proporcionado.
É um espectáculo dentro de um grande espectáculo!!!
Estas iniciativas, tipo “Flash”, são sempre apresentados de surpresa e organizados de molde a que os artistas, fazendo-se passar por normais utilizadores de um espaço, neste caso como se fossem passageiros dos comboios, começam a actuar um a um e terminando com o envolvimento de toda a companhia, para enorme prazer de quem, por coincidência, teve o privilégio de ali se encontrar.



Já em tempos tinha publicado neste Blogue, um espectáculo surpresa (flashmob), que teve igualmente lugar no átrio de uma estação de caminhos-de-ferro, dessa vez em Antuérpia, na Bélgica.
Só que dessa vez, tratava-se de um corpo de bailado, cujo nome nunca consegui saber.
Como no caso da orquestra que tocou o Bolero de Ravel, os artistas foram aparecendo um a um, como se de viajantes se tratassem.
Foram aparecendo e integrando-se a pouco e pouco com uma natural espontaneidade, até que todo o conjunto produziu um espectáculo de dança de altíssimo nível, apresentando o célebre “Dó Ré Mí”, da música do filme “Música no Coração”, cantada por Julie Andrews.
Terminou o magnífico bailado com uma infindável ovação da surpreendida multidão dos verdadeiros passageiros, que entretanto se foram juntando, para assistir encantados ao espectáculo que estava a ser proporcionado.
Certamente que muitos deles perderam o combóio entretanto, mas de certeza que deram por bem empregue esse tempo.





Também no dia 26 de Outubro de 2010, publicámos neste Blogue, um chamado "Flash Opera", que tinha sido levado a cabo no dia 24 de Abril, no centro de Filadélfia, no “Reading Terminal Market”, que é um gigantesco mercado, onde se vende de tudo: jóias, artesanato de todo o mundo, flores, carnes, peixes, e tem uma série de restaurantes desde os “gourmets” aos regionais e de preços populares.
Esta "Flash Opera", mais não foi do que um concerto surpresa, levado a cabo neste caso por mais de 30 elementos do Coro da Opera de Filadélfia, cantando a famosa área “Brindsi” da celebre opera de Verdi “La Traviata”. 

Por falar nesta área "Brindsi”, foi um dos casos que acima referi, em que a multidão emocionada e empolgada,  trauteava a musica e muitos olhos se marejaram de lágrimas, impressionados pelo sucesso incalculável da adesão popular aquela  iniciativa na Festa do Avante .
Que grande lição deu ali o povo,  aos refastelados "intelectuais", do que ainda era o Ministério da "Cultura"!!!
Mas, perdoem-me....voltemos ao assunto principal deste texto!
Os talentosos cantores, disfarçados de vulgares passantes e fregueses, começam a cantar um a um até finalmente se foram juntando todos os restantes membros do coro, terminando em apoteose, para gáudio da multidão que assistia surpresa aquela maravilha.
No vídeo, enxerga-se a páginas tantas um cartaz que anuncia um Festival de Música italiana, o que permite supor que esta manifestação teve por traz, um intuito publicitário…á americana!!!.





Posteriormente no dia 28 de Dezembro de 2010, voltei a ter ocasião de descobrir e publicar um outro vídeo, onde de forma quase semelhante se desenrolou um magnífico espectáculo de canto, desta vez num enorme restaurante em Inglaterra.
Julgamos que o sentimento que presidiu á iniciativa fosse a quadra de Natal.
A pouco e pouco foi soando na voz de um hipotético comensal e depois outro e outro e outro, até se formar um imenso coral cantando um trecho do Messias de Handel “Aleilua”, muito próprio para a quadra que estavam a viver.
Quando assim é…é uma festa!!!
De qualquer modo não podemos deixar dar como exemplo estes países, que fazem destas manifestações uma forma de cultura, solidariedade e convívio social, só possível em países com elevados índices de cidadania e que a essa mesma cultura dedicam os estímulos e iniciativas, que sabem estar na base do progresso social.


Tudo isto nos leva a sonhar…o que seria da cultura (e não só…) deste país, se a desinformação dos média não desenvolvessem esses trágico papel de ocultar sistematicamente as acções e intenções do Partido Comunista Português, tentando isolá-lo ou pior do que isso, tentando igualá-lo a todos os outros partidos!!!


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