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sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

MARAVILHA!!!
A POESIA PODE SER UMA VIOLÊNCIA !!!




EDUARDO GALEANO , 
BOMBARDEIA-NOS NA 
FORÇA DE CADA PALAVRA, 
COMO SE NÓS FOSSEMOS
UM “PUSHING BALL”
.
..
.
NO LIVRO DOS ABRAÇOS, DIZ EDUARDO GALEANO: 

"A utopia está lá no horizonte.
Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.
Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.
Por mais que eu caminhe, jamais a alcançarei.
Para que serve a utopia?
Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar."
 
E MAIS ADIANTE:

OS NINGUÉM
As pulgas sonham com comprar um cão, e os ninguém com deixar a pobreza, que em algum dia mágico a sorte chova de repente, que chova a boa sorte a cântaros; mas a boa sorte não chove ontem, nem hoje, nem amanhã, nem nunca, nem uma chuvinha caído céu da boa sorte, por mais que os ninguém a chamem e mesmo que a mão esquerda coce, ou se levantem com o pé direito, ou comecem o ano mudando de vassoura.

Os ninguém: os filhos de ninguém, os dono de nada.
Os ninguém: os nenhuns, os desprezados, correndo soltos, morrendo a vida, fodidos e refodidos.
Que não são embora sejam.
Que não falam idiomas, mas dialectos.
Que não professam religiões, mas superstições.
Que não fazem arte, mas artesanato.
Que não praticam cultura, mas folclore
Que não são seres humanos, mas recursos humanos.
Que não têm cara, mas braços.
Que não têm nome, mas número.
Que não aparecem na história universal, mas nas páginas policiais da imprensa local.
Os ninguém, que custam menos que a bala que os mata.


LOS NADIE
Losnadie: los hijos de nadie, los dueños de nada.
Los nadie: los ningunos, los ninguneados, corriendola liebre,
muriendo la vida, jodidos, rejodidos.
Que no son, aunque sean.
Que no hablan idiomas, sino dialectos.
Que no profesan religiones, sino supersticiones.
Que no hacen arte, sino artesanía.
Que no practican cultura, sino folklore.
Que no son seres humanos, sino recursos humanos.
Que no tienen cara, sino brazos.
Que no tienen nombre, sino número.
Que no figuran en la historia universal, sino en la crónica roja de la prensa local.
Los nadie, quecuestan menosque la bala que los mata.”

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