Mensagem

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quarta-feira, 20 de março de 2013


 JOSEPH STALIN À LUZ DO NOSSO TEMPO 

Do ponto de vista ideológico, tem sido difícil libertar-nos do estigma criado por Kruchev durante o XX Congresso do Partido Comunista Soviético, contra Joseph Stalin, o dirigente que esteve à frente dos destinos da Ex-União Soviética durante mais de 30 anos.
O peso e influência dos autores da denúncia e as circunstâncias em que ela foi feita, divorciaram-nos em tempos passados, de uma investigação mais aprofundada, até porque nos faltavam elementos fundamentais para o seu esclarecimento e as razões invocadas não nos tocavam ou até pouco nos interessavam, numa perspetiva da história, ou ideologicamente, como militante do Partido Comunista Português.
O que verdadeiramente contava, era saber que aquele regime político nascera e tentava sobreviver em circunstâncias tão adversas, era único que representava uma esperança válida para a humanidade se libertar da exploração do homem pelo homem.
O que para nós contava naqueles longínquos tempos, independentemente de erros passados que aqui ou acolá tivessem sido cometidos, tinha como resultado final, um sistema político que transformara em pouco tempo, uma nação miserável, numa superpotência, facto que sem o apoio heroico, empenhado, militante e consciente da maioria do seu povo, seria absolutamente impossível.
A necessidade de medidas originais e inovadoras, a par dos gigantescos problemas de sustentabilidade e desenvolvimento do regime, serviam-nos de justificação e desculpa para os erros humanos, políticos e económicos, bem como a parcialidade e fraca credibilidade que nos mereciam as fontes informativas que tínhamos.
Após o 25 de Abril, a prática revolucionária não nos dava tempo nem ensejo para aprofundar todas essas questões de natureza histórica e ideológica, até porque a grandiosidade, originalidade e natureza patriótica da nossa revolução, colocava na acção, exigências de caracter prático, relegando a análise teórica para um papel secundário.
Hoje, dispomos de mais tempo para nos debruçarmos sobre alguns aspectos mais violentos da história desses tempos, em que se iniciava a luta de libertação dos povos e a tentativa de pôr fim à exploração capitalista.
Lembramos as guerras travadas pelo heroico povo soviético, desde a Grande Revolução de Outubro, passando pela Grande Guerra Patriótica até à chamada Guerra Fria, na sequência da qual se deu a destruição da União Soviética.
 Não resistimos à tentação de as comparar os brutais efeitos de muitas guerras, que destruíram nações e sacrificaram massas humanas incomensuráveis, com o simples propósito de impor um sistema capitalista explorador e de escancarar das portas à Globalização e ao neocapitalismo, que vêm permitindo a exploração obscena dos trabalhadores de todo o mundo e em particular (por enquanto!), dos trabalhadores gregos, espanhóis e portugueses.
Estamos a viver tempos em que a realização prática da Globalização e a aplicação das teses neocapitalistas, tornam evidentes a sua intenção de expurgar dos benefícios da vida de uma sociedade normal, justa e solidária, oito décimos da população, por considerarem que bastam dois décimos para satisfazer todas as necessidades, que as classes dominantes possam ter.
A este propósito mais uma vez recomendamos a leitura do texto, cujo link está no cabeçalho do Blogue e que nos leva directamente para o post que tem o título “A sociedade dos dois décimos”.
A comparação moderna entre das forças em confronto, é tão desnivelada, cruel e desumana, que nos permite recordar o chamado período do Stalinismo, com um olhar mais condescendente, não o condenando como sempre o tínhamos feito, reservando muita da nossa ignorância sobre a verdade integral dos factos, não para o absolver, mas para salvaguardar de forma mais contida e ponderada, o seu enquadramento histórico.
Há um princípio que determina de forma intransigente, a nossa posição: A repugnância que nos causa a morte intencional ou violenta de qualquer ser humano, seja qual for a razão invocada para tal!
As dolorosas e trágicas consequências das alterações geoestratégicas que se deram com o desaparecimento da União Soviética, a naturalidade com que os senhores da guerra determinam a morte de milhões e milhões de seres humanos, para manter a hegemonia política, económica e militar mundial que lhes permita continuar a exploração dos povos, não tem comparação possível, quer na intenção, quer na dimensão, das desumanidades que tiveram lugar no tempo de Stalin.
Podemos entender algumas das suas decisões, enquadradas nas profundas transformações por que o mundo estava a passar e muitas das violências que lhe são atribuídas, não passaram de resposta à natureza, poder e qualidade dos inimigos externos, ou então às denúncias, deslealdades, traições de correligionários e adversários políticos internos, que uma transformação histórica tão radical da sociedade, obviamente ocasiona.
Hoje estamos a assistir ao crescimento de um despótico sistema de exploração, que perdeu toda a contenção e cresce desbragadamente, tentando absorver tudo quanto pode espoliar aos trabalhadores.
 Banqueiros, grandes capitalistas e empresários, donos e senhores de toda a comunicação social, aliados preferenciais da multinacional que é a “Igreja Católica” com sede no Vaticano, donos da fábrica de dólares, disfarçada de “Reserva Federal”, manipuladores da “intelligentsia”, da finança internacional e da ciência ao serviço dessas elites, tornaram-se adversários de tal maneira poderosos e perigosos para o progresso da humanidade, que em relação aos crimes atribuídos a Stalin, por mais que os exagerem e desfigurem, são metáforas infinitamente inferiores aos crimes contra a humanidade, cometidos pelos vários presidentes que têm passado pelo governo dos Estados Unidos.
Não podemos esquecer nos dias que correm, os argumentos utilizados para justificar as barbaridades e selvajarias, que cobrem como um manto diáfano de fantasia, as guerras contra o terrorismo.

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