Mensagem

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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A CHINA E A SUA POLÍTICA

PARA ÁFRICA

Entre a correspondência que recebi há dias, encontrava-se uma mensagem de um correspondente habitual (que passo a designar por senhor X), que descrevia a polémica que tinha com um seu amigo, sobre as questões ligadas á colonização de Angola e nomeadamente das posições actualmente assumidas pela China, na sua politica de expansão africana.
Porque parte do texto tem referências históricas e políticas importantes para nós portugueses melhor entendermos o que se passa com a China em África.
Daí ter retirado do texto só as partes que considero importantes para melhorar a nossa visão do que se refere á intervenção dos chineses em África e nomeadamente em Angola.
Na polémica que referi no início, intervêm o Dr. Edmundo Rocha, que na opinião do senhor X, é um cidadão bastante conhecido e respeitado na Comunidade Angolana, do Interior e do Exterior e ex-presidente da Casa de Angola.
É esse testemunho nos permitimos transcrever.


“Creio que o senhor X, está a entrar na posição absurda de muitos os que acham incómoda a presença da China em África, especialmente em Angola. E essa posição traduz o apoio a certos interesses europeus e outros, inconformados pelas performances da política chinesa nos países africanos
Eu estive na China Popular em 1964 para participar no Fórum Cientifico do Terceiro Mundo, delegado pelo MPLA.
Nessa época, a época do Raïs Mao, a China era um país muito pobre, com um nível de desenvolvimento muito fraco, e em toda a parte se notavam esses sinais de pobreza.
Visitei campos onde todas as parcelas eram cultivadas, com as pobres habitações impecáveis; visitei um enorme Hospital Central, só para crianças, mas onde médicos, enfermeiras e outro pessoal se activavam para fazer face aos múltiplos problemas dos doentes, sarampo, tifóide, paludismo, pneumonias, meningites eram mato.
Contudo higiene impecável, existia um departamento de medicina tradicional, para o tratamento de certo tipo de afecções; visitei fábricas de todos os tipos; visitei a Universidade de Pequim, onde aprendiam milhares de estudantes em todas as matérias.
Na entrada da Universidade estavam colocados placares com dizeres em língua chinesas. Era o inicio da Revolução Cultural e da grande crise sino soviética.
Creio que fui o primeiro angolano a visitar a China, antes do Gentil e do Viriato.
Fomos muito bem recebidos, os debates em chinês, francês e inglês eram ricos e calorosos. Os cientistas chineses apresentaram muitos trabalhos em que me pareceu estarem já à altura do progresso acidental.
Pelo menos esforçavam-se por isso. Falo-vos daquilo que vi e que senti.
Posso dizer que me pareceu estarem os chineses, nessa altura, 15 anos depois do Partido Comunista ter conquistado o Poder, num estádio de desenvolvimento como hoje estão muitos países africanos.
Claro que os chineses eram possuidores de uma muito antiga tradição e cultura baseada no Confucionismo donde nasceram um conjunto de valores específicos à cultura chinesa, e que faz a sua força e que lhes deu a capacidade mental, intelectual e física para superarem obstáculos e para se guindarem à terceira potência mundial em termos económicos, culturais e militares ao fim de meio século de muito labor.
Em África, as longas tragédias da escravatura e do colonialismo diminuíram muito a capacidade dos africanos.
1. Os chineses não estão em África por imposição ou pela força das armas. Estabeleceram, com todos os países, onde estão presentes, contratos de igual a igual;
2. Eles prestam os serviços acordados, através de empresas públicas ou privadas chinesas. Em alguns países, Congo-Brazzaville, Argélia, Sudão, as firmas chinesas utilizam a mão-de-obra local.
3. Isso não acontece noutros países e/ou para certas obras pois a produtividade menor dos autóctones atrasaria o andamento das mesmas. Isso é mau, pois vai-se pôr mais tarde o problema grave da manutenção dessas obras, e também não contempla o aspecto formativo dessa cooperação. Mas eu penso que não há cooperação mas sim negócio, puro e simples.
4. Em geral, os pagamentos são feitos por meio de trocas. A parte chinesa tem avançado com muitos biliões de dólares de empréstimos muito baixos, a longuíssimos prazos de pagamento. E a parte africana paga em produtos minerais de que a indústria chinesa é muito gulosa e não tem. Portanto, troca por troca. Coisa que as empresas ocidentais não faziam até agora. Elas corrompiam os dirigentes africanos para obterem os contratos. E como os operários e engenheiros chineses não tem as exigências dos ocidentais, essas obras saiem muito mais baratas e de tão boa qualidade.
5. Eu penso que os técnicos chineses constituem um enorme factor de desenvolvimento para os países africanos; onde eles estão, constroem coisas que os africanos não são capazes de fazer, e constituem um progresso para África.
Temos que ver os aspectos positivos dessas trocas, que quanto a mim são imensamente positivas. Claro, que são povos e culturas profundamente diferentes e é possível que de vez em quando surjam choques e pequenos conflitos. Sem consequência e sem grande importância.
Cessemos de ver papões amarelos por toda a parte".


É com imenso orgulho que publico hoje este “power point”.
Por várias razões:
Começando pela beleza das imagens, passando pela esmagadora sensação que nos é dada pela revelação do nosso maravilhoso universo e acabando na incontrolável reflexão que obrigatoriamente teremos de fazer sobre a pequenez do ser humano e das grandiosas proezas que a sua inteligência vai conseguindo.
Tudo isto está implícito nesta apresentação, que ficará como uma das obras-primas que publicámos.

De resto, está na sequência do conceito, de que é a cultura que distingue o homem e de acordo com a filosofia do título que subordina o texto anterior.

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