A LINGUAGEM DA SINCERIDADE
NA ASSEMBLEIA DA REPUBLICA, AS VERDADES
TÊM QUE SER DITAS, COM LUVAS DE PELICA
Vou publicar este vídeo, com a convicção que é um vídeo histórico.
Histórico, porque reflectindo a dimensão da gravíssima crise que atravessamos, é a segunda vez que um deputado do PCP utiliza na Assembleia da Republica, uma linguagem consentânea com a irresistível indignação, que provoca a qualquer ser humano, os execráveis factos que ali foram denunciados.
É “gravíssimo” o problema de não ser respeitada a "etiqueta" parlamentar.
Segundo o presidente da comissão de economia, o deputado do PSD Luís Campos Ferreira, o diálogo tem de obrigatoriamente ser feito “na sua terminologia, quer na forma, estilo, conteúdo e volume”.
Não o foi, como em tempos se viu, no caso da intervenção do deputado Agostinho Lopes sendo por isso censurado pelo presidente da Comissão Parlamentar de Economia, que para o caso vestiu a pele de seu legítimo guardião.
Relembremos aquele caso, em que os comunistas foram grotescamente acusados de estarem sempre a fazer afirmações xenófobas pelo ministro da economia, devido ao facto de este considerar os argumentos negativos do deputado Agostinho Lopes como uma ofensa pessoal, pelo facto de ser um ex-emigrante.
As acusações infundadas do ministro, levou na ocasião que o deputado comunista soltasse uma irreprimível e abençoada “porra”, para rematar as ministeriais bacoradas.
Hoje o caso foi um pouco diferente.
O deputado Jerónimo de Sousa ao não utilizar uma linguagem elegante, que não ferisse os tímpanos ultra-sensíveis do primeiro-ministro ou da direita mais ou menos reaccionária, quando acusou o primeiro-ministro e o seu governo, de ser responsável pela fome porque passam muitas crianças e pela morte de muitos idosos causadas pela falta de dinheiro para pagar os medicamentos que necessitam, transporte e de tratamentos adequados, em virtude das medidas gravosas determinadas pelo governo, foi também acusado e veladamente ameaçado pelo chefe do governo, de estar a utilizar uma linguagem excessiva e pela primeira vez escutada naquele lugar.
Ora toma que é para saberes!!!
Levantar uma questão como o fez Jerónimo de Sousa, na segunda e principalmente na terceira intervenção, como se pode ver no vídeo que apresentamos, permite-nos imaginar o que o primeiro-ministro, estaria a pensar:
«Olhe Jerónimo de Sousa…vou ralhar consigo, está a portar-se muito mal.
Já fica a saber, para a próxima levará “tau tau”.
Não querem lá ver este demagogo comunistão a atrever-se responsabilizar a mim que estou a governar tão bem (os grande patrões e os ricalhaços bem o reconhecem!!!) pelo excesso de mortes que se verifica entre os idosos, pela falta de transporte, pela baixa de rendimentos que não lhes permite comprar os remédios necessários e pelas crianças que vão para a escola com fome.
Era o que faltava, eu até comprei um carro novo que custou 180.000 euros, porque estamos em crise, senão tinha comprado um Maserati que era o carro dos meus sonhos!!!»
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