FARANAZ KESHAVJEE
UMA BELA SURPRESA MUÇULMANA
Por uma feliz coincidência, descobri na Net esta fascinante criatura, Faranaz Keshavjee, socióloga,
professora universitária e investigadora de temas islâmicos, numa busca que
fazia para encontrar o rasto de um personagem, cujo carácter é a imagem
perfeita de um super-canalha.
De voz pedante, gesto afectado, travesti por vocação,
embusteiro por natureza, camaleão em conformidade com as necessidades circunstanciais,
o seu nome é Mário Crespo.
Como há muito tempo não o descortinava na SIC Noticias,
canal que há bastante tempo vou alternando com a TVI 24, para ver os
noticiários e sobretudo, para não ter de me penitenciar com a insuportável presença do seu
repulsivo palavreado, alimentava a secreta expectativa de que tivesse ido parar merecidamente
ao fundo do desemprego, ao contrário do que acontece com centenas e centenas de
milhares de homens, esses sim, úteis à nação.
Nessa procura, dei de caras com uma crónica de uma
muçulmana, Faranaz Keshavjee, que despertou a minha curiosidade e acabou por me
surpreender imenso, pela positiva.
Julgo que ambos partilhamos o mesmo nojo, por aquele
presunçoso apresentador.
Na sequência dessa leitura, procurei mais alguns escritos
seus e gostei tanto do que li, que passei a tomá-la como uma útil referência de
esquerda e fonte de informação, na difícil e complexa interpretação das
vivências do mundo árabe.
Espero vir a aumentar o meu conhecimento dos hábitos,
comportamentos, referências, costumes e tradições do mundo árabe,
bem como da sua vida política, passando a ter uma visão de esquerda segura, na forma como são encarados os
movimentos árabes reformistas, modernizadores , pan-árabicos, cujas fontes imparciais são sempre difíceis, inquinadas
pelo Ocidente, ou sistematicamente tendenciosas.
Por fim não resisto a reproduzir a crónica que me deu
conhecimento da sua existência e da sua comum opinião sobre o grande biltre que
é o Mário Crespo.
“ZONAS DE CONFORTO”: EU, TROIKA, RELVAS, MÁRIO CRESPO E OS
“COSTAS”
Por: FARANAZ KESHAVJEE
Numa Quinta feira, 24
de maio de 2012
Repensar. Reflectir. Re-alocar. Re-alojar. Recomeçar tudo;
outra vez. A família, a escola dos miúdos, as despesas que todos estes aspectos
implicam, fora as despesas com toda a papelada para submeter uma candidatura a
um visto, e o tempo perdido... E o dinheiro que não se ganha quando se perde
tempo. Nada é fácil. Não há em nada disto "conforto". E a
"zona", oh, essa ainda é mais difícil de encontrar.
De novo escrevo de Angola. Procuro uma " zona de
conforto ", entre ter os filhos em Lisboa e ter o marido a trabalhar neste
pais. Não é possível conciliar tudo e encontrar uma " zona de
conforto".
À procura de um tema para o blogue, sigo as notícias. De
Portugal nada de novo. Ou melhor, tudo cada vez pior. A Troika continua a
governar o pais e para mim, por mais repugnante que possa parecer, prefiro que
seja essa entidade a fazê-lo do que os governantes que temos. Tentamos afastar
os corruptos, mentirosos, e maus exemplos, para aparecerem outros piores. Prefiro
mesmo que permaneçam fantoches, para não piorar mais o que já é irrecuperável,
e ainda por cima, dando maus exemplos de ética e comportamento.
Ontem assisti a um espectáculo escandaloso: o Jornal das
Nove de Mário Crespo. Parecia um programa de lavagem da imagem de Miguel
Relvas. Bem sei que Relvas foi carregado nas palminhas das mãos de Mário Crespo
para poder propagandear Passos Coelho nos "frente a frente" do mesmo
programa. Ontem, este mesmo Jornal pareceu mais o jornal do Mário Crespo, do
que um meio de compromisso para a informação e formação deontológica. MC
permitiu a si mesmo longos minutos para defender o que chamou "uma
tese" para defender um alto representante do governo que cometeu erros
gravíssimos e puníveis da forma mais justa se acontecesse numa verdadeira
democracia.
Criticamos os países africanos pela corrupção e conivência
com interesses político-económicos. É mesmo nesses países que os Portugueses e
não só, encontram "oportunidades". Não estou tão convencida no
entanto, que a maioria consiga novas "zonas de conforto".
Nesta minha senda de uma "zona de conforto" olho
para o meu país e para os seus governantes e pergunto-me se realmente percebem
as consequências devastadoras dos seus exemplos para gente a quem dizem para
sair da "zona de conforto" e olhar para a crise como uma
"oportunidade".
No dia em que cheguei a Luanda entrei num apartamento onde
tudo precisava de ser reposto, re-começado. O Sr.Costa, um homem de Viana do
Castelo, apareceu com um rapaz angolano. Ambos trabalham para um empreiteiro. O
Sr.Costa trabalhou muito, sempre com grande empenho e vontade de bem servir.
Tem casa e família em Portugal. Passou o dia inteiro sem pedir nada para comer
ou beber. A formação que tive não me permite receber sem oferecer algo. Havia
pão e queijo e sumo. E todos comemos. De outra forma, trabalharia na mesma as 9
horas seguidas, como me disse.
Iguais a este, devem estar por cá muitos "Costas"
que vieram à procura de "oportunidades" mas certamente não vão gozar
de novas "zonas de conforto", pelo menos, não enquanto tiverem saúde
e vida para o fazerem.
O último relatório da OCDE refere, entre outros factos
importantes, o de Portugal ser um dos países onde o fosso entre ricos e pobres
é dos mais significativos. Afinal, temos a infelicidade de estarmos neste
momento em circunstâncias muito semelhantes aos dos países em desenvolvimento,
nomeadamente os africanos, com a desoladora agravante de, em vez de
anteciparmos qualquer tipo de desenvolvimento, vemos governantes tentando
exercer o seu poder sobre órgãos de informação e sendo eles mesmos manipulados
por interesses económicos, sem escrúpulos ou qualquer tipo de pudor.
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