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terça-feira, 26 de junho de 2012


   UMA RESPOSTA EM DOIS TEMPOS

           A IMPORTÂNCIA DE SER CIGANO
                ONDE SE FALA DE RACISMO

COMENTÁRIOS PRODUZIDOS NO FACEBOOK,  NO GRUPO MARINHA GRANDE-CAPITAL DO VIDRO

Porque me parece ser um tema importante, as questões ligadas ao racismo, resolvemos reproduzir neste Blogue, a história de alguns comentários produzidos no Facebook, na página do GRUPO MARINHA GRANDE-CAPITALDO VIDRO.
A questão começou por nós termos pretendido responder a um comentário, que apareceu na minha página do Facebook e tresandava a racismo. 
Pouco depois, ao tentar fazê-lo, verificámos que já tinha sido retirado o texto.
Disposto a não perder a oportunidade, fui à página do Grupo, escrevi o comentário e ao finalizar cliquei no “enter” e desapareceu tudo o que tinha escrito.
Deduzimos que dada a crueldade revelada no texto que nós pretendíamos comentar, ele terá sido retirado e muito bem, pelo administrador do grupo.
Rezava assim o meu comentário desaparecido:

Este meu comentário vem na sequência de ter lido uma crítica feroz a uns ciganos - que não tinham um comportamento correcto, ao espalharem o lixo quando nele esgravatavam - quem sabe se para encontrar algo que comer ou que valesse a pena usar ou vender. Se o pensamento desumano que li, corresponde à razão pela qual não aparece aqui a notícia, estou de acordo. As palavras que li, sobre o comportamento dos ciganos são de um racista, não de alguém que critica apenas um comportamento socialmente incorrecto. Esgravatar no lixo é consequência de miséria. Era capaz de apostar 1 contra mil, mesmo sem conhecer o caso. Mais criticável é os vereadores responsáveis pela recolha desse lixo, deixarem os homens que o recolhem, andar sem máscaras e sem luvas, arruinando a sua saúde, só porque não sabem o perigo que correm. Outro tanto não acontece com certeza com os chefes ou pelo menos com o vereador responsável. Por outro lado, sei de gente que já anda em Portugal a esgravatar o lixo para ver se encontram algo de comer. Isso é que é socialmente condenável. Isso é que é verdadeiramente condenável e desumano !!!

Mais tarde, para meu espanto, vejo reproduzido este meu comentário no post Grupo Marinha Grande-Capital do Vidro, seguido de dois comentários apoiando e subscrevendo o que nós tínhamos escrito, seguido de outros dois:
Um de ANDREIA FERNANDES, que facilmente se percebe ser a autora do texto inicial que deu aso à censura do administrador do Grupo e ao meu comentário e outro de DANIEL ABRUNHEIRO, favorável à tese racista.

ANDREIA FERNANDES,  em continuação, expressa-se desta forma:

Peço que pense da seguinte forma: eu sou uma pessoa de raça branca mas tenho sangue africano (portanto não fale em racismo), sou trabalhadora com descontos desde os meus 17 anos, tenho 2 filhos e não recebo qualquer abono, estou inserida na sociedade desde que nasci...e eles? Estes ciganos vivem à anos com diferenças culturais porque querem. Mantém a todo o custo viver na imundice, sem higiene, tentativa de serem como nós, de obter um trabalho (seja ele qual for)... Não me peça para aturar com pessoas que não querem nada sem ser o dinheiro...que apesar de ir ao lixo podiam deixar o chão limpo...
Eu falo com muito conhecimento de causa, venho de Almada onde vivem muitos ciganos, mulçumanos, africanos, todas as nacionalidades e raças que possa imaginar, juntas em poucos quilómetros e vivi com as diferenças sociais sem quaisquer problemas...
Entenda me da forma que quiser mas estes ciganos são tudo o que faz mal a uma sociedade...e principalmente a esta pequenina cidade!
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A estes dois últimos comentários tornou-se irresistível respondermos nos seguintes termos:

Cara ANDREIA

1º Começo por lhe pedir que nos deixe pensar como quisermos, porque respeitamos todas as opiniões, inclusive a sua.
2º Temos  uma neta de raça branca com sangue africano e um presidente de Câmara cigano, a quem reconhecemos  obra feita,  independentemente de ser do PS e eu,  como comunista, ter imensas razões de queixa das políticas levadas a cabo pelas várias direcções desse partido, a começar pelo execrável Mário Soares.
3º Se me permitisse aconselhava-a ir conhecer a História do povo cigano. 
Pode começar por ir ao Google, abrir em “Ciganos” e na Wikipédia. De forma simples, rápida embora elementar, fica a conhecer a história deste povo sem pátria, originário das longínquas Índias, nómada pela força das circunstâncias e desde sempre marginalizado por todas as sociedades por onde passaram.
Se entretanto quiser aprofundar os seus conhecimentos sobre o tema, recomendamos-lhe “O povo cigano” de Olímpio Nunes, editado pela Livraria A.I. do Porto.
4º Uma grande parte desta etnia, continua a resistir a qualquer processo de integração, em defesa das suas tradições e da unidade da comunidade cigana, como forma de sobrevivência à secular rejeição de uma sociedade que lhes tem sido tradicionalmente agressiva.
5º Em Portugal levará algum tempo a sua integração, pois só depois do 25 de Abril se decidiu pela sua incorporação como cidadãos de pleno direito, passando só então, a usufruir dos mesmos direitos e obrigações que eu, a senhora, ou qualquer outro cidadão português temos normalmente.
6º Os pormenores de que se queixa, são do ponto de vista de higiene e comportamento cívico, absolutamente censuráveis, mas passivos de se alterarem com o tempo, desde que se integrem as novas gerações e se convençam que se podem tranquilizar, porque finalmente em Portugal pelo menos, têm os seus direitos assegurados.
Muitas vezes isso foi prometido e atraiçoado, não só em Portugal, como em muitos outros países.
7º Os seus hábitos, costumes, lealdades e tradições, estão na base da sua necessidade de se defenderem para sobreviver, sem uma pátria que não seja a de acolhimento.
Outros exemplos lhe poderíamos citar, de povos que voluntariamente ou forçadamente tiveram de abandonar as suas terras de origem e nómadas se tornaram em terras estranhas, sendo o caso dos judeus, o mais conhecido actualmente, por perversas razões, dadas as formas violentas, desumanas e por demais criminosas, como tentam recuperar a terra de origem, perdida há milhares de anos.
Perante estes argumentos pense o que quiser e decida em consciência.
Mas se nos seus pensamentos passar a haver lugar para alguma solidariedade para com a raça cigana, será justo, pode crer.


Dizia DANIEL ABRUNHEIRO:

Já percebi que o post que, digamos, iniciou este tema foi retirado. Eu fiz um comentário ou dois nele cujo teor é idêntico a este da Andreia Fernandes. A mim não me move qualquer preconceito racista. Na questão cigana, porém, a haver racismo é do lado de lá. E é uma excelente desculpa para fazerem de nós (que trabalhamos e descontamos para o colectivo) a manjedoura deles. Não pagam um cêntimo de descontos toda a vida. E toda a vida ele é casa, ele é saúde, ele é tudo - por conta. Agora, algo facílimo de observar: reparem na frota automóvel estacionada às portas de cada bairro social. Quantos contribuintes de facto (pretos, brancos, azuis ou amarelos) têm possibilidade de um Audi4 ou BMW ou Mercedes ou Etc.? O que a Andreia diz - é de extrema pertinência. Quereis um exemplo: estou desempregado há 14 (catorze) meses. Alguém me viu a pedir um subsídio? Alguém me viu a pedir um rendimento, por mínimo? Não. Procuro trabalho e hei-de encontrá-lo. O complexo da esmola não faz parte da minha educação. O civismo faz. E faz a ponto de não escarafunchar contentores do lixo para deixar tudo no chão. E sim, sou de esquerda, filho de operário. Não tenho é complexos do coitadinho, cigano ou não cigano.

Respondendo ao DANIEL ABRUNHEIRO:

1 -Discordo quando diz “a haver racismo é do lado de lá”, eliminado a possibilidade de quem quer que seja, ficar isento de ser um potencial racista.
Racismo há, ou pode haver, em todo o lado, quer seja branco, preto, amarelo ou vermelho.
É uma característica da natureza humana. Uns mais do que outros, por razões diferenciadas: por tradição, cultura ou educação. As causas, argumentos ou  justificações  não são universais.
2- Discordo quando diz “fazerem de nós (que trabalhamos e descontamos para o colectivo) a manjedoura deles.
Eles como você e eu, dando de barato que às vezes não comemos na mesa, mas de certeza que por muito burros que sejamos, jamais comemos na manjedoura, até porque conseguimos perceber, que na manjedoura além de não ser "confortável ou prática" não há normalmente comida própria para os seres humanos. 
3 – Discordo que esteja a discutir os benefícios legais de um qualquer cidadão português, pois regateando-os para si, como diz mais adiante (estou desempregado há 14 (catorze) meses. Alguém me viu a pedir um subsídio? Alguém me viu a pedir um rendimento, por mínimo? Não.) é uma posição que só a si diz respeito e embora não concorde, achando-a até incompreensível, respeito-a.
Esclareço-a que a minha luta e dos meus camaradas tem como objectivo no imediato, fazer este governo cumprir a nossa Constituição e lá reza que esse é um direito inalienável, de todos os cidadãos.
O direito de que está a abdicar voluntariamente, está previsto nessa lei que é a base do Direito Português, constantemente tripudiado pelas forças que estão no poder.
Quereriam eles e principalmente os seus mandantes, que toda a gente procedesse como você.
Entendemos que isso não é justo e não estamos na disposição de lhes facilitar essa luta.
Como tal lutamos com todas as nossas forças, para obrigar o governo a cumprir a Lei Fundamental que é a Constituição da República Portuguesa.
4 – Discordo frontalmente do seu comportamento, quando diz (estou desempregado há 14 (catorze) meses. Alguém me viu a pedir um subsídio? Alguém me viu a pedir um rendimento, por mínimo? Não. Procuro trabalho e hei-de encontrá-lo.
Aí está uma coisa que mais de um milhão e duzentos mil portugueses estão a fazer, sem solução.
Desejo-lhe sinceramente o maior sucesso!!!
5 – Discordo quando diz “O complexo da esmola não faz parte da minha educação”.
Deixa-me a dúvida que entenda a diferença entre caridade e solidariedade.
6 – Discordo quando diz “E faz a ponto de não escarafunchar contentores do lixo para deixar tudo no chão. E sim, sou de esquerda, filho de operário. Não tenho é complexos do coitadinho, cigano ou não cigano”.
 Por várias ordens de razão, sendo que a primeira é a presunção de que não virá a escarafunchar contentores do lixo, quanto mais não seja para imitar umas organizações “beneficentes” que andam a escarafunchar os caixotes do lixo dos supermercados, para com essa “generosidade” acalmar a fome a muitos portugueses, antes que eles em desespero de causa, sejam levados a alterar a ordem pública, retirando-lhes o conforto em que se encontram.
Acrescento que pela minha parte, dada a evolução da situação económica e a perseguição e roubo que estão a fazer aos reformados, eu e muita gente, nos vejamos na situação de ter de ir escarafunchar nos caixotes do lixo, para matar a fome.

7 – Discordo que se possa intitular “de esquerda” pelo simples facto de ser “filho de operário.”
Conheço muitos filhos de operários que são do mais reaccionário que se possa imaginar e filhos de gente rica que de facto são orgulhosamente de esquerda.
 Quanto ao facto de não ter “ complexos do coitadinho, cigano ou não cigano” fez-me desconfiar que assim não seja, mas dou de barato que esteja  enganado!!!



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