PARA FERNANDO ULRICH
“COM VOLUNTARISMO”
“COM VOLUNTARISMO”
É POSSÍVEL CRIAR EMPREGO EM PORTUGAL
Acabo de ler
no Jornal de Negócios a transcrição de uma proposta feita pelo banqueiro
Fernando Ulrich, numa entrevista feita ontem na RTP1.
Em resumo
propõe o presidente do BPI:
AS GRANDES EMPRESAS, AQUELAS QUE TÊM CAPACIDADE PARA “ABSORVER
PESSOAS” E DE AS “UTILIZAR DE FORMA ÚTIL” “COM VOLUNTARISMO” É POSSÍVEL CRIAR EMPREGO NO
PAÍS, “NEM QUE FOSSE POR UM ANO OU DOIS”
ISTO É: O
ESTADO PAGA O VALOR DO DESEMPREGO E ELES TRABALHAM DE BORLA PARA OS BANCOS E
GRANDES EMPRESAS.
SÓ NÃO
EXPLICA COMO CRIAR O POSTO DE TRABALHO, PASSADO O ANO OU DOIS!
A proposta
que avança para solucionar o problema do desemprego é tão imoral, tão infame, tão repulsiva, tão
demonstrativa do desprezo que sente pela dignidade do ser humano, que ainda por cima insolentemente
se assume, sem que aparentemente lhe tenham passado procuração, como porta-voz da EDP, da PT, da Jerónimo Martins ou da Sonae,
afirmando que essas empresas estariam na disposição de colaborar nesse tipo de solução.
Já
calculávamos há muito, que tempos como os que estamos a viver, seriam possíveis,
mas não acreditávamos então, que seria tão rápido, confessamos.
Quando em
2008 um querido amigo, nos deu a ler um texto de 8 páginas que se intitulava “A
armadilha da Globalização, a sociedade dos dois décimos” atribuído então erradamente
a Werner Schwar (pois dele era apenas uma citação inicial) mas na realidade era
da autoria de Hans-Peter Martin e Harald Shumann e extraído do livro “A Armadilha
da Globalização” da editorial Globo, que mais tarde conseguimos comprar no
Brasil em segunda mão, na medida em que a obra estava completamente esgotada em Portugal.
Ficámos totalmente
fascinados pelas consistentes e avançadas considerações, que nele descobrimos.
Tudo nos
dizia que seria aquela a evolução natural do capitalismo, dadas as teses
neoliberais que já então, se estavam a desenvolver.
Facilmente
se previa que o futuro imediato da humanidade, era o que ali estava descrito.
Foi esse afinal o grande motivo impulsionador para construirmos este Blogue.
Sentimos que era nossa responsabilidade dar-lhe a publicidade e na nossa humilde expectativa, nada melhor que um Blogue, para ir acompanhando e denunciando na medida das nossas capacidades, a
evolução de tão importantes e pressagiantes teses.
A nossa percepção,
como facilmente se deduz, está a provar que não era exagerada.
Fruto da nossa experiência e das numerosas vezes que tivemos ocasião de nos referir
aquele texto, levou-nos a considerar que seria vantajoso colocar um link do mesmo, no cabeçalho
do Blogue, para facilitar o acesso e assim evitar que quem estivesse interessado se visse obrigado a recorrer à página onde o tínhamos publicado, no dia 28 de Fevereiro de 2008.
Esse texto,
é absolutamente profético nos aspectos mais escabrosos das
declarações de Fernando Ulrich, sobretudo no que ele refere como “vantagens” do
trabalho “voluntário”.
Jamais nos
passaria pela cabeça que a arrogância dos capitalistas, em Portugal, tão rapidamente
sentissem um clima favorável, para tentar levar à prática, propostas de natureza
tão semelhante.
O ridículo
vai ao ponto de Fernando Ulrich, assumir uma filosofia de acção tão evidentemente
semelhante à que se descreve em algumas
partes da“Sociedade dos dois décimos”, que para não pensarem que há exagero, transcrevemos
algumas dessas declarações em itálico e partes do texto do Blogue a vermelho, para facilitar a
comparação.
Diz Fernando
Ulrich:
“Essa é uma pergunta que deve ser feita às grandes
empresas, aquelas que, segundo o próprio, têm capacidade para "absorver
pessoas" e de as "utilizar de forma útil ““com voluntarismo”, é
possível criar emprego no País. “Se o Estado ajudasse, o presidente
do BPI poderia elevar o número de funcionários do BPI. E defende que isso é
verdade para EDP, PT, Jerónimo ou Sonae.”
No próximo século, para manter a actividade da economia mundial, dois
décimos da população activa serão suficientes. Um quinto dos candidatos aos
postos de trabalho bastará para produzir todas as mercadorias e para fornecer as
prestações de serviço de grande valor de que a sociedade mundial pode gozar.
“Poderia valorizar-se essas actividades mediante a atribuição de uma
remuneração modesta, o que ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do
seu próprio valor”
Em vez de pagar subsídios de desemprego, o Estado
poderia pagar aos desempregados para trabalharem em grandes empresas. Em vez de
estarem "perdidas", essas pessoas estariam "integradas".
A crescente pressão da concorrência não permitirá que se peça às empresas
que participem nesse esforço social. Portanto outras instâncias deverão
ocupar-se dos desempregados.“o voluntariado a favor da colectividade, a
participação nas actividades desportivas e nas associações de todo o tipo «poderia
valorizar-se essas actividades mediante a atribuição de uma remuneração
modesta, o que ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do seu próprio
valor»
Se o presidente do BPI contar com mais 500
trabalhadores no banco, isso não o irá perturbar e elas “aprendem, estão
integradas socialmente, têm destino, têm esperança”. Algo que é contrariado
caso estejam em casa a receber subsídios de desemprego, segundo Ulrich – “se
estiverem perdidas, sem fazer nada e sem saber para onde ir, os melhores podem
emigrar, os outros, se calhar, nem isso”.
Entre esses inúmeros novos desempregados espalhados pelo mundo inteiro,
encontrar-se-ão dezenas de milhões de pessoas que, até agora, estavam mais
próximas da confortável vida quotidiana dos subúrbios da baía de S.Francisco do
que da luta quotidiana pela sobrevivência a que têm de se entregar os titulares
de empregos precários. No Fairmont, desenha-se uma nova ordem social, um
universo de países ricos sem classe média digna desse nome.
“Se ninguém
negociar comigo nada, se ninguém me propuser nada, o caminho em que nós vamos é
o de reduzir pessoas. E é isso que vamos continuar a fazer porque é isso que
aumenta a rentabilidade do banco”.
No próximo século para manter a
actividade da economia mundial, dois décimos da população activa serão
suficientes. E mais adiante: Um quinto dos candidatos aos postos de trabalho bastará
para produzir todas as mercadorias e para fornecer as prestações de serviços de
grande valor que a sociedade mundial pode gozar.
Ficamos por aqui na comparação do texto “ A Sociedade dos
dois décimos” a que pode aceder indo ao link do cabeçalho ou ao documento que
publicámos neste Blogue, como acima referimos, no dia 28 de Fevereiro de 2008.
O ideal para se documentar mais aprofundadamente sobre a
obra, era ler o livro que se encontra esgotadíssimo, como referimos, mas em
segunda mão e pela internet, creio ser possível ainda encontrar algum exemplar.
Quanto a algumas das ridículas declarações de um xulo da
nossa economia, de nome Fernando Ulrich, banqueiro de profissão, cujo texto
integral que foi publicado no Jornal de Negócios e pode ser lido CLICANDO AQUI.
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