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sexta-feira, 19 de outubro de 2012

VOLUNTARISMO PAGO PELO ESTADO

PARA FERNANDO ULRICH  
“COM VOLUNTARISMO” 
É POSSÍVEL CRIAR EMPREGO EM PORTUGAL

Acabo de ler no Jornal de Negócios a transcrição de uma proposta feita pelo banqueiro Fernando Ulrich, numa entrevista feita ontem na RTP1.
Em resumo propõe o presidente do BPI:
AS GRANDES EMPRESAS, AQUELAS QUE TÊM CAPACIDADE PARA “ABSORVER PESSOAS” E DE AS “UTILIZAR DE FORMA ÚTIL” “COM  VOLUNTARISMO” É POSSÍVEL CRIAR EMPREGO NO PAÍS, “NEM QUE FOSSE POR UM ANO OU DOIS”
ISTO É: O ESTADO PAGA O VALOR DO DESEMPREGO E ELES TRABALHAM DE BORLA PARA OS BANCOS E GRANDES EMPRESAS.
SÓ NÃO EXPLICA COMO CRIAR O POSTO DE TRABALHO, PASSADO O ANO OU DOIS!
A proposta que avança para solucionar o problema do desemprego é tão imoral, tão infame, tão repulsiva, tão demonstrativa do desprezo que sente pela dignidade do ser humano, que ainda por cima insolentemente se assume, sem que aparentemente lhe tenham passado procuração,  como porta-voz da EDP, da PT, da Jerónimo Martins ou da Sonae, afirmando que essas empresas estariam na disposição de colaborar nesse tipo de solução.
Já calculávamos há muito, que tempos como os que estamos a viver, seriam possíveis, mas não acreditávamos então, que seria tão rápido, confessamos.
Quando em 2008 um querido amigo, nos deu a ler um texto de 8 páginas que se intitulava “A armadilha da Globalização, a sociedade dos dois décimos” atribuído então erradamente a Werner Schwar (pois dele era apenas uma citação inicial) mas na realidade era da autoria de Hans-Peter Martin e Harald Shumann e extraído do livro “A Armadilha da Globalização” da editorial Globo, que mais tarde conseguimos comprar no Brasil em segunda mão, na medida em que a obra estava completamente esgotada em Portugal.
Ficámos totalmente fascinados pelas consistentes e avançadas considerações, que nele descobrimos.
Tudo nos dizia que seria aquela a evolução natural do capitalismo, dadas as teses neoliberais que já  então, se estavam a desenvolver.
Facilmente se previa que o futuro imediato da humanidade, era o que ali estava descrito.
Foi esse afinal o grande motivo impulsionador para construirmos este Blogue. 
Sentimos que era nossa responsabilidade dar-lhe  a publicidade e na nossa humilde expectativa, nada melhor que um Blogue, para ir acompanhando e denunciando na medida das nossas capacidades, a evolução de tão importantes e pressagiantes teses.
A nossa percepção, como facilmente se deduz, está a provar que não era exagerada.
Fruto da nossa experiência e das numerosas vezes que tivemos ocasião de nos referir aquele texto, levou-nos a considerar que seria vantajoso colocar um link do mesmo, no cabeçalho do Blogue, para facilitar o acesso e assim evitar que quem estivesse interessado se visse obrigado a  recorrer à página  onde o tínhamos publicado,  no dia  28 de Fevereiro de 2008.
Esse texto, é absolutamente profético nos aspectos mais escabrosos das declarações de Fernando Ulrich, sobretudo no que ele refere como “vantagens” do trabalho “voluntário”.
Jamais nos passaria pela cabeça que a arrogância dos capitalistas, em Portugal, tão rapidamente sentissem um clima favorável, para tentar levar à prática, propostas de natureza tão semelhante.
O ridículo vai ao ponto de Fernando Ulrich, assumir uma filosofia de acção tão evidentemente semelhante  à que se descreve em algumas partes da“Sociedade dos dois décimos”, que  para não pensarem que há exagero, transcrevemos algumas dessas declarações em itálico e partes do texto  do Blogue a vermelho, para facilitar a comparação.
Diz Fernando Ulrich:
“Essa é uma pergunta que deve ser feita às grandes empresas, aquelas que, segundo o próprio, têm capacidade para "absorver pessoas" e de as "utilizar de forma útil ““com voluntarismo”, é possível criar emprego no País.Se o Estado ajudasse, o presidente do BPI poderia elevar o número de funcionários do BPI. E defende que isso é verdade para EDP, PT, Jerónimo ou Sonae.”
No próximo século, para manter a actividade da economia mundial, dois décimos da população activa serão suficientes. Um quinto dos candidatos aos postos de trabalho bastará para produzir todas as mercadorias e para fornecer as prestações de serviço de grande valor de que a sociedade mundial pode gozar.
“Poderia valorizar-se essas actividades mediante a atribuição de uma remuneração modesta, o que ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do seu próprio valor”
Em vez de pagar subsídios de desemprego, o Estado poderia pagar aos desempregados para trabalharem em grandes empresas. Em vez de estarem "perdidas", essas pessoas estariam "integradas".
A crescente pressão da concorrência não permitirá que se peça às empresas que participem nesse esforço social. Portanto outras instâncias deverão ocupar-se dos desempregados.“o voluntariado a favor da colectividade, a participação nas actividades desportivas e nas associações de todo o tipo «poderia valorizar-se essas actividades mediante a atribuição de uma remuneração modesta, o que ajudaria milhões de cidadãos a serem conscientes do seu próprio valor»  
Se o presidente do BPI contar com mais 500 trabalhadores no banco, isso não o irá perturbar e elas “aprendem, estão integradas socialmente, têm destino, têm esperança”. Algo que é contrariado caso estejam em casa a receber subsídios de desemprego, segundo Ulrich – “se estiverem perdidas, sem fazer nada e sem saber para onde ir, os melhores podem emigrar, os outros, se calhar, nem isso”.
Entre esses inúmeros novos desempregados espalhados pelo mundo inteiro, encontrar-se-ão dezenas de milhões de pessoas que, até agora, estavam mais próximas da confortável vida quotidiana dos subúrbios da baía de S.Francisco do que da luta quotidiana pela sobrevivência a que têm de se entregar os titulares de empregos precários. No Fairmont, desenha-se uma nova ordem social, um universo de países ricos sem classe média digna desse nome.
 “Se ninguém negociar comigo nada, se ninguém me propuser nada, o caminho em que nós vamos é o de reduzir pessoas. E é isso que vamos continuar a fazer porque é isso que aumenta a rentabilidade do banco”.
No próximo século para manter a actividade da economia mundial, dois décimos da população activa serão suficientes. E mais adiante: Um quinto dos candidatos aos postos de trabalho bastará para produzir todas as mercadorias e para fornecer as prestações de serviços de grande valor que a sociedade mundial pode gozar.
Ficamos por aqui na comparação do texto “ A Sociedade dos dois décimos” a que pode aceder indo ao link do cabeçalho ou ao documento que publicámos neste Blogue, como acima referimos, no dia 28 de Fevereiro de 2008.
O ideal para se documentar mais aprofundadamente sobre a obra, era ler o livro que se encontra esgotadíssimo, como referimos, mas em segunda mão e pela internet, creio ser possível ainda encontrar algum exemplar.  
Quanto a algumas das ridículas declarações de um xulo da nossa economia, de nome Fernando Ulrich, banqueiro de profissão, cujo texto integral que foi publicado no Jornal de Negócios e pode ser lido CLICANDO AQUI.

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