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quinta-feira, 25 de outubro de 2012

QUANDO A DIGNIDADE TEM A PALAVRA

UM EPISÓDIO DIGNO DE REGISTO, QUANDO A INABILIDADE E A INCOMPETÊNCIA GOVERNAM O PAÍS.
Nós assistimos na televisão, várias vezes, a uma reportagem de um episódio caricato passado na Comissão de Finanças da Assembleia da Republica.
O ministro Vítor Gaspar em determinada altura resolveu lembrar que nesse dia o deputado do PCP, Honório Novo, fazia anos e gracejou com o facto, usando uma expressão, pouco feliz, que pretendia ser jocosa.
Certamente agastado com a forma como o debate estava a decorrer, Honório Novo com o rosto carrancudo, comentou que teria sido certamente o seu gato Gaspar, que lho teria dito. A alusão ao gato Gaspar já tinha sido utilizada como metáfora, noutras circunstâncias, em anterior reunião dessa Comissão.
O ministro entusiasmado com o seu sentido de humor, retrucou com o mais amarelo e desconchavado sorriso, que ali não havia gato nenhum. Ao que o deputado Honório Novo replicou com alguma acidez: Há gato há, está escondido e com o rabo de fora!
Terminava aqui a versão deste episódio, múltiplas vezes passadas na televisão.
Acontece que assim a seco, causa estranheza a agressividade contida e até alguma aparente falta de sentido de humor de Honório Novo, até que hoje, lendo o site do “dinheirovivo.pt/Empresas” ficámos a perceber a razão de tanta irascibilidade.
Relatava ontem o site “dinheiro vivo”
O episódio que aconteceu hoje na comissão parlamentar de economia e finanças é apenas a gota de água da falta de respeito de Vítor Gaspar. Quem assistia aos trabalhos da comissão parlamentar - as televisões transmitiram a audição do ministro das Finanças - ficou a saber que o deputado comunista fazia anos porque Gaspar lhe quis dar, publicamente, os parabéns, Honório Novo não gostou, porque, provavelmente, naquele momento, estava mais preocupado com outros assuntos, e lá saiu mais um momento de boa disposição ministerial, com direito a chalaça e tudo.
Não teve piada. Os portugueses, a quem pede um esforço horrível - começa a ser difícil definir o seu plano de austeridade -, não admitem estas piadolas, a si, a Passos Coelho, ou a qualquer outro membro deste Governo. Mesmo que bem-intencionadas, autênticas e destituídas de qualquer maldade, as suas gargalhadas, aliás, os seus sorrisos incomodam, irritam e ofendem. E percebe porquê, não percebe, sr. ministro?!
Ontem, o Governo anunciou que vai cortar o valor mínimo do subsídio de desemprego para 377 euros, que vai cortar o rendimento social de inserção e o complemento solidário para idosos. Ontem, o Governo anunciou que vai cortar nos rendimentos dos que vivem na miséria. Quando se pensava que nada mais do que este Governo fizesse causaria surpresa, eis que não é assim, infelizmente ainda é capaz de fazer pior - já não é possível definir esta política de empobrecimento. O que sabemos é aquilo que nos acabou de dizer: para manter este Estado Social, ou seja, para continuar a pagar pensões aos mais velhos, ou para pagar subsídios aos que não conseguem emprego, temos que pagar ainda mais impostos.
E lá está, a mesma estratégia terrorista: 'Ah, vamos cortar 42 euros ao patamar mínimo do subsídio de desemprego'; 'Ah, afinal, não sabemos bem, ainda estamos a negociar com os parceiros sociais e isto é só uma proposta e ainda não sabemos bem o que vai ser'. Como é que um Governo que pede tamanha enormidade a toda a gente é capaz de fazer isto?! Este anúncio de cortes, que antes de ser escrito já estava a ser desmentido, serve para quê?!, serve para baixar ainda mais as expectativas e para desmoralizar ainda mais para o que aí vem?!
Não tem piada. E por isto tudo, não se trata de um pedido, mas de uma exigência, porque assim tem sido, sr. ministro: Não volte a dar gargalhadas em público, faça-o na intimidade do lar, apareça em público inexpressivo, é preferível, mas não se volte a rir. Contenção, sr. ministro, também do seu estado de espírito.

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