INFORMAÇÃO/ESCLARECIMENTO
Pelo facto
de termos aderido ao Windows 8, sentimos algumas dificuldades técnicas, que nos
roubaram o prazer de comunicar convosco durante uns dias.
Julgamos no entanto,
já termos ultrapassado as principais dificuldades que se nos depararam.
Como tal
julgamos já estarmos suficientemente habilitados a continuar o nosso trabalho,
na divulgação da nossa visão política da situação, bem com trazer ao vosso
conhecimento textos, vídeos e outras apresentações que pelo seu conteúdo, possa
merecer da vossa parte algum interesse.
Para já,
recomeçamos com uma autêntica perola de análise política.
É um texto atribuído
ao sociólogo e filósofo francês, Jaques Amaury, professor na Universidade de
Estrasburgo.
Quando há
bastante tempo tivemos acesso a este texto, escrevemos à Universidade de
Estrasburgo, no sentido de nos ser confirmada a sua autoria.
Até hoje,
ainda não nos foi enviada qualquer resposta.
Como tudo o
que refere o texto, são de uma clarividência indiscutível e de uma grande actualidade,
resolvemos com este esclarecimento prévio, dar à estampa o referido artigo, que
quanto a nós é uma análise absolutamente realista e equilibrada da situação
portuguesa.
Só é de
espantar na sua qualidade de estrangeiro, a lucidez e a qualidade da informação.
ARTIGO DE JACQUES
AMAURY,
SOCIÓLOGO E FILÓSOFO
FRANCÊS, ACERCA DE PORTUGAL
Jacques Amaury,
sociólogo e filósofo francês, professor na Universidade de Estrasburgo.
"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da sua história que terá
que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes tensões e consequentes
convulsões sociais.
Importa em
primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se sobretudo à má aplicação dos dinheiros
emprestados pela CE para o esforço de adesão e adaptação às exigências da
união.
Foi o país
onde mais a CE investiu "per capita" e o que menos proveito retirou. Não
se actualizou, não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da
educação, vendeu ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que
poderiam hoje ser um sustentáculo.
Os dinheiros
foram encaminhados para auto-estradas, estádios de futebol, constituição de
centenas de instituições público-privadas, fundações e institutos, de duvidosa
utilidade, auxílios financeiros a empresas que os reverteram em seu exclusivo
benefício, pagamento a agricultores para deixarem os campos e aos pescadores
para venderem as embarcações, apoios estrategicamente endereçados a elementos
ou a próximos deles, nos principais partidos, elevados vencimentos nas classes superiores
da administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção
galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança
na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo, em
contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos comerciantes
e população mais pobre.
A política
lusa é um campo escorregadio onde os mais hábeis e corajosos penetram, já que
os partidos cada vez mais desacreditados, funcionam essencialmente como
agências de emprego que admitem os mais corruptos e incapazes, permitindo que
com as alterações governativas permaneçam, transformando-se num enorme peso
bruto e parasitário.
Assim, a
monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas por
sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas,
tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.
Não existe
partido de centro já que as diferenças são apenas de retórica, entre o PS
(Partido Socialista) e o PSD (Partido Social Democrata), de direita, agora mais
conservador ainda, com a inclusão de um novo líder, que tem um suporte
estratégico no PR e no tecido empresarial abastado.
Mais à
direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade assinalável, mas com
telhados de vidro e linguagem pública, diametralmente oposta ao que os seus
princípios recomendam e praticarão na primeira oportunidade.
À esquerda,
o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos como o anterior, mas igualmente
com uma linguagem difícil de se encaixar nas recomendações ao Governo, que manifesta
um horror atávico à esquerda, tal como a população em geral, laboriosamente
formatada para o mesmo receio. Mais à esquerda, o PC (Partido comunista)
menosprezado pela comunicação
social, que
o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão inspirada na União
Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das realidades actuais.
Assim, não
se encontrando forças capazes de alterar o status, parece que a democracia
pré-fabricada não encontra novos instrumentos.
Contudo, na
génese deste beco sem aparente saída, está a impreparação, ou melhor, a ignorância
de uma população deixada ao abandono, nesse fulcral e determinante aspecto. Mal
preparada nos bancos das escolas, no secundário e nas faculdades, não tem
capacidade de decisão, a não ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de
Comunicação. Ora e aqui está o grande problema deste pequeno país; as TVs as
Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados à alta
finança, à industria e comercio, à banca e com infiltrações accionistas de
vários países.
Ora, é bem
de ver que com este caldo, não se pode cozinhar uma alimentação saudável, mas
apenas os pratos que o "chefe" recomenda.
Daí a
estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância entre ricos e pobres.
A RTP, a
estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais, está dominada por elementos
dos dois partidos principais, com notório assento dos sociais-democratas,
especialistas em silenciar posições esclarecedoras e calar quem levanta o
mínimo problema ou dúvida. A selecção dos gestores, dos directores e dos
principais jornalistas é feita exclusivamente por via partidária. Os jovens
jornalistas, são condicionados pelos problemas já descritos e ainda pelos contractos
a prazo determinantes para o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos
jornalistas seniores, a quem é mais difícil formatar o processo a pôr em
prática, está a chegar ao fim. A deserção destes, foi notória.
Não há um
único meio ao alcance das pessoas mais esclarecidas e por isso, "non
gratas" pelo establishment, onde possam dar luz a novas ideias e à
realidade do seu país, envolto no conveniente manto diáfano que apenas deixa
ver os vendedores de ideias já feitas e as cenas recomendáveis para a
manutenção da sensação de liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma
comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a população, a fugir da banca,
o cancro endémico de que padece, a exigir uma justiça mais célere e justa, umas
finanças atentas e cumpridoras, enfim, a ganhar consciência e lucidez sobre os
seus desígnios.
Sem comentários:
Enviar um comentário