ESTAMOS SEMPRE A APRENDER
CASAS SEM GENTE
E GENTE SEM CASA
E GENTE SEM CASA
Hoje ao ler um texto de Paulo de Morais, tive oportunidade
de aprender algo que não me passaria pela cabeça.
Mais de 2 milhões de casas vazias, que existem em Portugal
não pagam «Imposto Municipal sobre Imóveis» (IMI) e do «Imposto Municipal sobre
as Transmissões Onerosas de Imóveis» (IMT).
Os seus proprietários são especuladores que têm este património
titulado em fundos de investimento imobiliário fechados e como tal, estão isentos desses impostos, razão
objectiva que leva não existir um mercado de arrendamento competitivo.
Mas o texto debruça-se igualmente sobre outras questões
ligadas ao problema da habitação, que são extremamente pertinentes e como tal vamos
reproduzir na íntegra esse artigo, dada a sua importância e actualidade.
Fio de Prumo
Despejados
Por:Paulo Morais
Professor
Universitário
.
.
.
.
Despejados,
sem casa! É a perspetiva que hoje está a deixar milhões de portugueses em
pânico.
Porque
não conseguem pagar a hipoteca ao banco, ou porque não irão aguentar o aumento
das rendas. No entanto, enquanto as famílias veem perigar o seu direito a ter
uma habitação condigna, há dois milhões de casas vazias. Um absurdo!
O
crédito imobiliário mal parado atingiu dimensões colossais. São mais de cem mil
as famílias em situação de incumprimento. Muitas já entregaram a casa ao banco,
tendo deitado a perder as poupanças duma vida. Para a maioria dos
incumpridores, a ameaça de despejo é iminente. E só não há mais despejos porque
os bancos já não sabem onde colocar tanto património imobiliário desvalorizado.
Mesmo
os que conseguem honrar os compromissos bancários se encontram numa situação
desconfortável, pois percebem hoje que compraram "gato por lebre". A
maioria da habitação adquirida em propriedade horizontal depreciou, em média,
quarenta por cento. Por um lado, porque as vendas nas últimas décadas foram
muito inflacionadas por movimentos de especulação imobiliária. Por outro lado,
porque a procura caiu abruptamente e, com ela, os preços.
Nuvens
negras de despejo pairam ainda sobre aqueles que dispõem de casas com rendas
antigas que poderão ser muito agravadas, em função da nova Lei das Rendas. Se
não conseguirem pagar os novos valores, ficam sem alternativa, pois não existe
mercado de arrendamento.
Esta
é também uma situação incompreensível, pois há muitas mais casas do que
famílias. Só que a maioria dos milhões de casas vazias pertence a especuladores
que não as querem colocar no mercado. Nem precisam, pois têm este património
titulado em fundos de investimento imobiliário fechados e estão isentos de
impostos, nomeadamente IMI e IMT. Se tivessem de pagar impostos como todos os
portugueses, só lhes restaria colocar as casas no mercado e dessa forma os
preços desceriam. Mas como não há coragem para impor um princípio básico, o de
que os detentores de património têm de lhe dar uso sob pena de o perderem,
"use it or lose it" – o mercado de arrendamento continuará a definhar
e o drama dos despejos irá agravar-se.
Iremos pois continuar a
ter mais gente sem casa… e mais casas sem gente.
Sem comentários:
Enviar um comentário