OS NOVOS ESCRAVOS
O Governo Brasileiro está a processar a filial da Samsung, na Zona Franca de Manaus, no Brasil, que emprega cerca de 6 mil trabalhadores e abastece toda a América Latina dos produtos dessa marca, porque os seus trabalhadores estão a ser submetidos a um regime de trabalho semelhante, ou pior, ao dos tempos da escravatura.
O Ministério Público do Trabalho do Brasil, ao fim de 162
advertências por infracções às regras de segurança e saúde no trabalho, desde
1996, colocou uma “Ação Civil Pública” contra a empresa, no valor de 250
milhões de Reais, o equivalente a 81.910.100 Euros.
O Governo considera não só ilegal exigir um período de trabalho
de 15 horas diárias, como condena o ritmo e a forma como esse trabalho é
processado; controlado rigorosamente pelos chefes, não permitem que os
trabalhadores tenham mais que duas pausas durante todo o dia, contrariando a sua
justa reivindicação, que exige 10 minutos, em cada período de 50 minutos.
Para que se faça uma ideia mais exacta do esforço exigido
aqueles trabalhadores, basta imaginar uma pessoa agarrada à bancada, muitas das
vezes de pé, executando tarefas repetitivas, rigorosamente iguais e sob absoluto
controlo gestual, estudado e calculado para obter o máximo rendimento, no
mínimo de tempo possível.
Imagine o esforço necessário para cumprir as variadas tarefas
durante um dia de trabalho, como seja por exemplo: montar uma televisão em 65
segundos, encaixotá-la em 4,8 segundos, fechar uma caixa com o aparelho, carregador
e respectivo manual, em 6 segundos, montar um celular em 32 segundos, montar um
smartphone em 2 minutos, em gestos e manipulações automatizadas, repetidas pelo
menos 6.000 vezes por dia.
Naquele esquema de trabalho planificado, prevê-se que um
trabalhador tenha de conferir cerca de 2.000 celulares, ou embalar 2.700 aparelhos
por dia.
Com este nível de exploração, não admira que a Samsung tenha
obtido no segundo trimestre de 2012, um lucro de 7 biliões de dólares.
Na velha e justa luta, por uma profunda alteração das
relações de produção, o relato que acabamos de fazer, constitui uma análise concreta
(neste caso, esta palavra “concreta” tão demagogicamente utilizada por António
José Seguro, tem a sua justa aplicação) para que trabalhadores portugueses ponham
como diz o povo...“as barbas de molho”.
O relato que fizemos, não se passa na longínqua China ou Extremo
Oriente, senão ainda poderiam correr os riscos dos 100.000 trabalhadores do
Grupo FoxConn, que foram despedidos e substituídos por robots, só porque fizeram
greve, quando viram que a empresa estava a atrasar os transportes de propósito,
para obrigar os trabalhadores a horas a mais, sem serem pagos.
Aproxima-se de nós a
grande velocidade, este tipo de violenta exploração, vinda do lado do “sol-pôr”
e de onde menos se poderia esperar, na medida em que se trata de um país de
economia pujante e classificada entre as economias emergentes.
Ponhamos as “barbas de molho” porque razões não nos faltam,
antes pelo contrário.
Quando isto acontece no Brasil com o governo da Dilma Rouseff,
em Portugal com esta canalha de vendidos ao Capital e à Alemanha, que nos está
a governar, ainda será pior, não for a luta dos trabalhadores.
Vivam os
trabalhadores portugueses!!!
VIVA A CGTP!!!
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