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quarta-feira, 7 de agosto de 2013


    O FIM DAS MULTINACIONAIS    
Quando ontem nos deparámos com um texto que tinha por título "O FIM DA MULTINACIONAIS", não lhe demos muito crédito inicialmente, por considerarmos a tese algo exagerada.
No entanto, a forma como traz à colação elementos fundamentais para compreensão dos mecanismo usados pelos norte-americanos para transferir a sua crise, não só para Europa, como para o resto do mundo, levou-nos a reflectir que valeria a pena dá-lo a conhecer aos leitores do nosso Blogue.
De facto o texto tem a qualidade de definir em curto espaço, a natureza e dimensão da crise, permitindo percecionar muitas das dificuldades por que a humanidade ainda terá de passar, para pagar a desbunda financeira, em que vive os Estados Unidos.
São estas as principais razões porque achámos por bem traduzi-lo e publicá-lo.
Será bom acrescentar que um dos principais factores da crise na Europa, deriva de muitas das suas empresas financeiras, terem investido muitos do fluxos financeiros de que eram fieis depositários, em elementos especulativos, criados pela banca dos Estados Unidos, atraídas pelos altos juros que as obrigações e outro títulos financeiros, lhes proporcionavam.
Calcula-se que esse valor seja de cerca de 4 triliões de euros, que vão ser “extraídos” à capacidade produtiva dos trabalhadores europeus, com todo o cotejo de exploração, falências e desemprego a que estamos a assistir.
Por outro lado os Estados Unidos, aproveitando o facto de terem na Reserva Federal a máquina de imprimir dólares, que vai fabricando consoante as necessidades, utilizaram-na para resolver de imediato a liquidez dos grandes bancos, que caso contrário estariam igualmente condenados à falência.
Como o Capitalismo e nomeadamente o governo dos Estados Unidos, defendem o conceito que “havia bancos grandes demais para falirem”, toca a fechar os olhos e deixar  a Reserva federal imprimir o dinheiro necessário, para lhes dar a liquidez que fosse precisa.  
Daí a importância que se reveste o texto que se segue, para fazer perceber a importância dos “QUATITATIVE EASINGS, 1, 2 E 3…por enquanto” ou seja os QE1,QE2 e QE3, que mais não são que injecções de dinheiro artificiais, para acorrer às necessidades financeiras mais imediatas, dos grandes bancos privados americanos, verdadeiros donos e senhores da Reserva Federal.

O FIM DAS MULTINACIONAIS
Em 1 de Agosto de 2013, o Standard and Poor 500(S & P 500) (Nota do tradutor- S&P 500, ou Standard and Poor 500, trata-se de um índice composto por quinhentos ativos qualificados devido ao seu tamanho de mercado, sua liquidez e sua representação de grupo industrial), o mais importante de todos os índices bolsistas mundiais, superou a barreira dos 1700 pontos percentuais pela primeira vez desde o início da crise mundial do capitalismo. Nem sequer no auge da bolha do “sub-prime” atingiu os 1.600 pontos do índice.
Quando começou a crise, o S & P 500 caiu 1,5 mil pontos em 2007, 700 em 2008. As Corporações Multinacionais quebraram e os governos dos países capitalistas começaram a realizar resgates. A partir daí, o S & P 500 começou uma subida sustentada, como resultado dos resgates implementadas através de um movimento coordenado entre os governos do G-7, a Reserva Federal dos EUA e os principais Bancos Centrais do mundo.
Os resgates são monstruosas injeções de capital fictício, que incluiu três grandes acções: QEI, que começou em Novembro de 2008 até Março de 2010, o QEII que começou em Novembro de 2010 até Junho de 2011, e QE3 Setembro de 2012 até hoje (Nota do tradutor-QE1,QE2,QE3,quer dizer “Quantitative Easing” que se traduz por “alívio quantitativo” – um eufemismo financeiro, para o acto de imprimir de uma quantidade de dinheiro, com a finalidade da inflacção que produz, possa diminuir os défices). A subida nas Bolsas que se seguiu, não tem nada a ver com a economia real, onde todos os índices, são de recessão e depressão e os débeis índices de crescimento que aparecem, duram pouco tempo.
O S & P 500 nasceu em 1923 quando a empresa Standard and Poor introduzido um índice que abrangia 233 empresas e em 1957 incluía as 500 maiores empresas do mundo. Este índice expressa melhor a situação das empresas multinacionais que o índice Dow Jones ou o Nasdaq 100. Acontece que o grau de distorção e decomposição do capitalismo causada pelos resgates é de tal dimensão, que criam índices sem precedentes, na sua história. Os maiores índices de colapso do comércio, o maior número de países com crescimento negativo simultaneamente, a queda das taxas de juros para níveis de séculos passados, os maiores índices de pobreza, miséria e destruição das economias de numerosos sectores da população, em toda a história do Capitalismo. Todos os índices são muito superiores a qualquer outra crise, com a qual se queira comparar, incluindo a de 1929.
A taxa de lucro, medida como é definida pela taxa de juros da Reserva Federal dos EUA está 0 ou -0, desde há 6 anos. Nunca na história do capitalismo aconteceu com milhares de empresas e estados a irem à falência, mas continuarem a operar como Zômbis, ou "mortos vivos". Nunca aconteceu, tudo o que hoje vemos e na magnitude do que hoje acontece. O Tesouro dos EUA, um bom de "refúgio" do capital, que nunca deram taxas de retorno muito altas, estão subindo a uma escala nunca vista, transformado num ativo de especulação e negócio, ao nível de qualquer corporação de grande lucro.
Todas as distorções dos índices e o caráter fetichista da crise, expressam por sua vez a sobrevivência irracional de um sistema, que não faz mais que agonizar. Por trás da subida do índice S & P 500 acima dos 1700 pontos, está a criação de uma ou mais bolhas, prontas para estourar. E como se tudo isso não bastasse, quem conseguiu o efeito de "pausa" na crise e que o seu impacto não seja perceptível, não evita que fique pior a cada dia que passa, estando a chegar ao fim de seu mandato. E, é suposto não ser possível renová-lo.
O 31 de janeiro de 2014, termina o segundo mandato Benjamin Bernanke, presidente da Reserva Federal (FED), que assumiu o comando do navio que se afundava desde 2006, depois de quase quatro décadas de condução Alan Grenspan. Manobrou a embarcação avariada com grande habilidade e passará à história como o criador dos Resgates, que instrumentalizou o QE 3, que até agora conseguiu superar a lei da gravidade. As Corporações Multinacionais e os defensores do Capitalismo o saudarão com distinções e consideram-no como o melhor presidente do Federal Reserve da história.
Mas o ex-professor de Princeton, já não quer continuar mais. Que mais poderiam pedir-lhe os capitalistas? Conseguiu que uma depressão não aparecesse como tal. Ele conseguiu que a maior crise da História passasse despercebida para biliões de pessoas. Conseguiu o modo de produção capitalista continuasse a funcionar apesar de seu colapso. Alguém poderá culpá-lo?
Ben Bernanke vai dizer adeus a Obama, que terá de escolher o seu sucessor entre vice-presidente do FED,Janet Yellen, o presidente do FED de St. Louis, James Bullard, e o ex-secretário de Estado do Tesouro Larry Summers. Mas o sucessor será confrontado com essa dura realidade: Ben Bernanke evitou tudo o que podia da Lei da Gravidade, mas um dia isso chega ao fim. Não se pode violar sempre.
Os Resgates são um tipo de crédito. Mas eles não são um crédito normal, são bombas de crédito, monstruosas emissões de crédito. E o efeito que o crédito provoca no capitalismo, já o conhecemos, o crédito desenvolve até ao extremo, todas as contradições do capitalismo. Quer isto dizer, Bernanke conseguiu que a depressão não apareça como tal, que passe despercebido para milhões e tudo siga funcionando.
Mas ele não podia evitar que nestes sete anos, tivesse havido o maior conjunto de revoluções e levantamentos populares, que se deu ao longo de toda a história do capitalismo. Que toda essa economia se afunda de forma coordenada e que milhões de pessoas começam a odiar a palavra capitalismo, superando barreiras linguísticas, raciais e geográficas, como raramente se viu na história. Poderíamos dizer, em termos de Física: Até agora os líderes do capitalismo conseguiram que a maçã de Newton não tenha tocado no chão. Porem estão a deparar-se com uma deformação do campo gravitacional do espaço-tempo, a uma escala que nem mesmo o próprio Einstein poderia imaginar. 
E quando a maçã atingir o solo, apertem os cintos, porque o melhor ainda está por vir. O fim das Multinacionais dará o passo final para a explosão das bolhas, que por sua vez farão detonar as maiores mudanças políticas e sociais da história. Estas apenas estão a germinar e o que está para vir, é a pesada herança daqueles que acreditavam que a história tinha acabado, para agora se encontrarem frente a ela, mais viva e gloriosa do que nunca.
 

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